domingo, novembro 27, 2011
Dormindo com o Inimigo
O anúncio acima
tem passado na Hungria a publicitar um banco austríaco. Os clientes querem
saber os juros e a resposta é a que vêem. Parece-vos de loucos? Mas olhem,
resulta. A prova é que os húngaros estão aflitos por causa dos empréstimos que
fizeram em bancos estrangeiros.
Parece que este
mesmo tipo de anúncio passou no Canadá, apenas o som do bancário era diferente.
Reparem no
absurdo: a única coisa que há para negociar com o banco é o juro; e é isto
precisamente que o anúncio diz que não é preciso saber!!!
O negócio da
Banca é o juro; e serve-se de todas as artimanhas que não dêem prisão para o
maximizar. Não há aqui quaisquer escrúpulos ou moral. Exploram os clientes com
a mesma frieza com que os operadores das linhas de valor acrescentado enganam
os velhinhos, roubando-lhes as míseras economias.
Ser vigarista é
actualmente “legal”, não há lei que condene a vigarice; apenas a moral o fazia;
mas onde entra o dinheiro não há moral. O velhinho da província, enganado pelo
operador de uma linha de valor acrescentado, além de roubado, é julgado,
condenado, fica sem telefone, a casa é penhorada e até pode ir preso. E é
Legal!!!
Mas hoje é assim:
à face da Lei, a Vigarice é uma actividade honesta e quem apontar o dedo a um
vigarista arrisca-se a um processo por difamação.
A Visa fez um inquérito
em S. Salvador e descobriu que uma larga maioria da população não sabia o que
queria dizer "juros". Isso foi visto como uma grande oportunidade de
negócio e uma grande consultora foi contratada para explorar este filão. Foi um
consultor dessa consultora que me contou.
Portanto,
percebam bem: os «mercados financeiros» estão sempre à espreita das
oportunidades de negócio, ou seja, de oportunidades de usufruírem de juros
usuários; e são completamente desprovidos de moral ou piedade – pelo contrário,
os pobres, os ignorantes, os aflitos são as suas vítimas preferidas. Mas eles
não se limitam a explorar as vítimas que encontram – eles produzem as suas
próprias vítimas.
É por isso que
estão sempre a oferecer dinheiro com os cartões de crédito – para criar uma
dívida que a vítima não possa amortizar.
Alguns bancos têm
“gerentes de conta”. As pessoas pensam que se trata de um serviço ao cliente.
Nada disso. O gerente de conta é um vendedor do Banco. Mas alguns são mais do
que isso, são Vigaristas.
Conheço o caso de
um funcionário bancário que vigarizou clientes, família e o próprio banco.
Quando foi descoberto, por queixa de um cliente, o banco pagou aos clientes mas
abafou o caso. Pois o funcionário em causa pôs um processo a quem denunciou a
fraude. Para o banco, este era certamente um bom funcionário porque deve ter
conseguido muitos negócios bons para o Banco.
Não se iludam:
entre os financeiros estão os mais hábeis e inescrupulosos vigaristas que
existem sobre a Terra. A Vigarice tornou-se uma ciência, que eles cultivam
empenhadamente. A sua actividade não é a produção de riqueza, é a predação; e
eles encaram as pessoas como nós encaramos o gado de que nos alimentamos.
O FMI veio
“salvar” Portugal; como? Emprestando dinheiro a 7,5%, mais umas comissões e
taxas!!!
O melhor negócio
do mundo é “ajudar” os que estão em dificuldades. O FMI ganha muito dinheiro
com estas “ajudas”. Se isto é um negócio para o FMI, o que lhe convém é que o
negócio cresça, não é verdade? Ao FMI o que interessa não é que Portugal
resolva os seus problemas mas, ao contrário, que possa continuar eternamente a
“ajudar-nos”. O que ele cobra é o máximo que podia cobrar sem ser óbvio que o
seu objectivo é a exploração, não é verdade?
Ou seja, pusemos
os vigaristas dentro de casa; estamos a dormir com o inimigo. E este inimigo
quer garantir que nunca nos livraremos dele, por isso está tão apressado em que
vendamos tudo o que possa gerar rendimento. Porque é que a CGD tem de vender a
participação na ZON? Para que as receitas da ZON saiam de Portugal.
É assim que estes
vigaristas agem:
1º - criam as
dificuldades;
2º - entram
dentro de nossa “casa” (nas nossas contas) para nos “ajudar”
3º - uma vez
dentro de casa, exploram-nos até ao tutano.
Isto é um
comportamento geral, standard. Estão a fazer isto com as dívidas soberanas tal
como fazem com quase qualquer empréstimo – por exemplo, quando as pessoas estão
com a corda na garganta aproveitam para renegociar os prazos de amortização
aumentando o juro! Essa foi uma das medidas deste governo para “ajudar” as
empresas em dificuldades.
E é isto que a
troika irá propor no fim de 2012: alargar o prazo da ajuda aumentando o juro!
Em 2012, tendo perdido o que resta das empresas do Estado e tendo caído em
recessão, só vamos estar mais pobres e frágeis, não é verdade?
A nossa situação
é esta: estamos a ser governados por funcionários bancários; e estes
funcionários estão a fazer connosco o que fazem os gerentes de conta com as
suas clientes em dificuldades.
Não se iludam. Os
ricos só enriquecem mais aumentando a desigualdade, porque o PIB cresce pouco
ou nada; a troika compõe-se de empregados dos ricos, funcionários do sistema
bancário.
São capazes de
imaginar a Alemanha ou a França consentirem em ser governadas por funcionários
bancários? Não, pois não?
O nosso
Presidente da República já percebeu isto tudo; é por isso que tem tomado as
posições que se sabe, apesar do incómodo que isso causa ao seu partido. Mas o
Primeiro Ministro parece não saber nada de coisa nenhuma e, como tal, segue
religiosamente as instruções dos funcionários bancários que agora mandam no
país. Isto admitindo que ele está de boa fé, como diz Mário Soares; coisa sobre
a qual eu tenho as maiores dúvidas desde o dia em que o vi cantar o Hino
Nacional.
A questão é: o
que vamos fazer para nos livrarmos do Inimigo? Temos de ser mais hábeis do que
ele, porque ele é mais poderoso do que nós.
Temos uma coisa a
nosso favor: o Cavaco Silva. Nunca imaginei um dia dizer isto dele, mas de
entre todos os líderes e especialistas que tenho ouvido, o nosso PR tem sido o mais
esclarecido. E corajoso. Estejamos atentos e estejamos do lado dele quando a
ocasião chegar. Não há outro herói no horizonte.
sexta-feira, novembro 25, 2011
O Colossal Equívoco
Estes planos de
resgate, estas medidas de austeridade, baseiam-se num erro colossal. Esse erro
é a presunção de que as altas taxas de juro exigidas às dívidas soberanas
resultam da desconfiança dos «mercados» relativamente à capacidade de certos
países em assumirem os seus compromissos financeiros; o juro é entendido como
proporcional ao risco.
Ora isto é duma
ingenuidade atroz, só possível na cabeça de académicos sem nenhum conhecimento
do mundo real.
O exemplo
evidente do que estou a dizer são os cartões de crédito. Conhecem algum banco,
unzinho que seja, que cobre juros inferiores a 15% no cartão de crédito? Não,
pois não? Cobram todos praticamente o máximo permitido por lei. Vejam o
absurdo: não estaria suposto que as “leis do mercado” fariam os bancos competir
pelo juro mais baixo?
Pois é, aqui está
uma questão que viola todos os princípios em que assenta o actual modelo
económico: porque é que nenhum banco se atreve a propor juros de, por exemplo,
15%, nos cartões de crédito? Porque é que preciso legislar o juro máximo? Como
é que as “leis do mercado” levam a que o juro seja máximo em vez de mínimo?
As actuais
teorias sobre o mercado presumem que os agentes estão em competição feroz, num
entendimento darwinista do comportamento dos diversos actores. Ora no mercado,
como na natureza, os indivíduos da mesma espécie, e até de espécies diferentes,
seguem regras que garantem a máxima sobrevivência. Essas regras determinam
comportamentos territoriais e fenómenos de cooperação. O mesmo se passa com as
empresas. Elas não andam em guerras mortais, elas estabelecem os seus
territórios e cooperam quando conveniente para os seus interesses comuns.
Acho fascinante
que os analistas da bolsa todos os dias tenham uma “explicação” para a bolsa
ter subido ou descido, como se a bolsa tivesse um comportamento «lógico». A
Bolsa sobe ou desce por manipulação dos grandes actores financeiros, que
induzem os pequenos investidores a investirem em determinadas acções e em
seguida invertem o movimento das cotações. É assim que os grandes investidores
ganham sistematicamente dinheiro na bolsa, quer ela suba ou desça. Quando
querem vender, começam por comprar para fazer subir o preço e vice-versa.
A razão por que
os juros das dívidas soberanas sobem é porque o único mecanismo que os países
têm para ter poder negocial nos juros, que é a impressão de dinheiro, está
proibida na Europa! Sendo assim, os «mercados» cooperam na subida dos juros,
evidentemente, maximizando os ganhos de todos e de cada um.
E porque é que o
BCE não pode imprimir euros e comprar dívida soberana? Porque os teóricos do
actual modelo acharam que os agentes financeiros competiriam entre si,
garantindo juros adequadamente baixos. O simples facto de ser necessário
legislar o juro máximo dos cartões de crédito prova a incapacidade de um banco
central de poderes limitados em regular o mercado financeiro.
A última coisa que estes teóricos vão admitir é
que a teoria que conhecem está errada; por isso vão arranjando explicações “lógicas”. Como
acontece com as flutuações da bolsa. Ou seja, vão arranjando culpados - os malandros dos gregos, os calões dos tugas...
Qualquer uma das
medidas anunciadas, eurobonds incluída, é inútil, disparatada, nociva, só
agrava a situação. A criação de eurobonds sem impressão de moeda seria o
desastre final.
Esta situação
disparatada abriu caminho a outros interesses: as grandes fábricas vêem aqui a
possibilidade de obter mão-de-obra barata. É por isso que as medidas do Governo
são obsessivamente concentradas no custo da mão-de-obra – uma obsessão que
causa recessão, o oposto do que seria desejável na presente situação. A
recessão prevista colocou a cotação de Portugal no lixo, evidentemente.
Há uma
frase que me martela a cabeça: “Há duas maneiras de conquistar e escravizar uma
nação, uma pela espada, a outra pela dívida” (John Adams, segundo presidente
dos EUA e grande teórico do conhecimento político). Mesmo que não haja esta
intenção por detrás deste problema, ele pode acabar por ter este desfecho.
A Alemanha tomou
uma atitude inteligente: só aceita colocar dívida até um determinado valor da
taxa de juro. É isto que todos os países se têm
de preparar para fazer. Para a Alemanha, isso é fácil, mas como poderá Portugal
fazer o mesmo?
Da seguinte
forma: a dívida que não conseguir colocar vai ser dinheiro que vai faltar ao
Estado; o Estado fará então parte dos seus pagamentos internos em certificados
de dívida – que aceitará em pagamentos ao Estado na mesma proporção da sua emissão. Desta forma, fará uma espécie
de criação de dinheiro legal. Mas até duvido que isso seja necessário: bastará
anunciar que não colocará dívida acima de, digamos, 6%, para não faltar quem se
proponha a comprar abaixo desse valor; na vez seguinte baixará este valor para 5%; e depois para 4,5%. Um país que mostra ser capaz de soluções não recessivas não fica refém dos mercados financeiros.
terça-feira, novembro 22, 2011
Política e Economia
A Política visa a
felicidade humana; a política visa criar o paraíso na Terra. A Política é o
combate a tudo o que causa sofrimento.
A satisfação das
nossas necessidades de sobrevivência exige a produção de bens e a prestação de
serviços. O Conhecimento específico deste objectivo parcelar da nossa
felicidade constitui a Economia.
A Economia visa
maximizar a produção de riqueza. Podem dar-se muitas definições de Economia,
mais ou menos sofisticadas, mais ou menos apetecíveis, mas a verdade essencial
a respeito da Economia é esta: a Economia visa maximizar a produção de riqueza.
A produção de
riqueza exige “trabalho”. Aqui,
“trabalho” é basicamente a cedência das capacidades do corpo e da mente
durante um determinado período de tempo por um determinado montante de
dinheiro. Por exemplo, oito horas diárias a troco de um salário. Mas o trabalho
pode facilmente resvalar para a escravatura. Quando essas oito horas são
passadas em frente a uma máquina, por exemplo, de costura, com ritmo máximo,
sem pausas a não ser quando a linha encrava, com a ameaça de que no fim do mês
os empregados que cozerem menos quilómetros são despedidos, do tipo do que
acontece nos concursos de televisão muito em voga, isso é escravatura. Também é
escravatura quando as horas de trabalho são 10 ou 16 ou mais, como acontece com
consultores, mesmo que seja um trabalho muito bem remunerado.
A maximização da
produção de riqueza passa necessariamente pelo trabalho escravo, ou seja, pela
obtenção da máxima produção por uma pessoa pelo mínimo custo. O objectivo é que
o salário seja apenas o essencial à sobrevivência do escravo enquanto ele for
capaz de produzir com o ritmo pretendido. A Economia conduz à escravatura.
Sempre. Apenas a Política se opõe a isso. A Política é que estabelece limites à
relação empregador-empregado
Por isso, a
Economia é uma ferramenta indispensável da Política mas é uma ferramenta
perigosa, que tem de estar sempre subordinada à Política. Quando a Economia se
sobrepõe à política, temos uma catástrofe social, temos a sociedade
reduzida a escravos e senhores (muitos escravos e poucos
senhores).
O drama é que
quando isto acontece, não é facilmente reversível: os Senhores tomam conta do
poder e os Escravos nada podem fazer.
O facto de a
Economia ter tomado conta dos destinos dos povos europeus do Sul só augura o
regresso da escravatura com toda a força. A Economia nada sabe das necessidades
das pessoas, nada conhece da cultura, da História, não distingue um humano duma
máquina. Ou melhor, vê um humano como uma máquina imperfeita.
Um exemplo disso
é actual projecto de extinção de feriados. Ridículo nos seus efeitos práticos
mas muito importante para destruir o lado humano. Os feriados de um povo são
sua propriedade, fazem parte da sua História; muitos deles são celebrações
anteriores às religiões e aos países; não são propriedade nem de governantes
nem de religiões e não podem ser alterados sem a concordância do povo. Só os
escravos não têm feriados porque os escravos não são pessoas, não têm passado
nem futuro, não têm História. O dia em que não tivermos feriados é o dia em que
seremos escravos. O facto de termos um Governo que pretende acabar com os
feriados (eliminar 4 e passar os outros para o Domingo) deixa-me muito
preocupado.
quinta-feira, novembro 17, 2011
Já repararam?
Reparem nas medidas da Troika / Governo:
Diminuir a TSU (esta não conseguiram)
Cortar meio subsídio de natal em 2011
Aumentar o horário de trabalho (equivale a reduzir o custo da hora em 7%)
Pretendem que o corte de 14% (2 subsídios) da função pública se estenda aos
privados
Cortar 4 feriados e passar outros para o Domingo (objectivo: reduzir mais
4% o custo hora, perfazendo 25% de corte no custo hora em 2012)
Reduzir o número de dias de férias (vem já a seguir)
Perguntarão
vocês: não é da redução da dívida do Estado que se trata? Então porquê reduzir
no sector privado? Isso causa recessão e vai fazer falir empresas que trabalham
para o mercado interno, criar desemprego e aumentar os encargos da Segurança
Social ao mesmo tempo que diminui as receitas do Estado; não é o contrário do
que se pretende?
A resposta é:
Não! Isto é exactamente o que se pretende!
Reparem: aumentar
o desemprego é a melhor maneira de fazer baixar o custo hora do trabalho e não
só, permitir algo também muito importante: a escravização. A escravização
consiste em explorar o empregado até ao limite das suas forças. O padrão é que
ao fim de dois anos o empregado esteja inutilizado para o trabalho, sendo
substituído por um “fresquinho”. Isto é uma teoria e uma prática muito antiga,
a duração média do escravo de 2 anos vem do tempo da escravatura dos negros e é
o que ainda se aplica hoje em empresas como as consultoras. Noutras empresas
desta corrente de gestão, varia entre 6 meses e 4 anos. As pessoas vão ser
colocadas entre aceitar ser escravo ou morrer à fome. As pessoas da classe média pensam que isso não as afectará, não será com elas, será com os mesmos desgraçados de sempre, dos quais dizem: ah, e é muito bom que tenham quem lhes dê um emprego assim! Pois, mas desta vez vai chegar a todos.
Por outro lado,
diminuir as receitas do Estado é a garantia de que ficaremos eternamente na
dependência da Troika. Este é o conhecido “esquema de cantina”. A Troika só de
cá sairá com uma revolução.
Já repararam que
o Passos Coelho anuncia os cortes salariais e dos feriados com a mesma
satisfação com que o Sócrates anunciava o aumento do ordenado mínimo? São
capazes de imaginar o Passos Coelho a anunciar um aumento do ordenado mínimo?
Não são, pois
não? Sabem porquê?
segunda-feira, novembro 14, 2011
Quem é que vive «acima das nossas posses»?
Este texto nasce
da pequena irritação que sinto por passar a vida a ouvir dizer que os
portugueses vivem acima das suas posses, subentendendo-se sempre que são as
pessoas que ganham menos e que recorrem ao crédito para tentarem obter o nível
de vida das pessoas “finas”, nomeadamente através da compra de casa e das
viagens ao estrangeiro.
Não sabemos todos
por que razão as pessoas compraram casa? Porque era mais barato do que
arrendar! Claro! Porque era muito melhor negócio comprar do que arrendar,
porque saía muito mais barato!!! Comprar casa não foi um luxo, foi uma
economia, um bom negócio.
Toda a gente sabe
isso, mas acontece que o povo possuir casa incomoda as pessoas finas; por
várias razões, uma delas é que a pessoa com casa é menos vulnerável.
Já pensaram que
se as pessoas não tivessem já casa, nomeadamente os reformados, agora
arriscavam-se a serem despejados por não terem dinheiro para a renda? Sobretudo
se já estivesse em vigor a tal lei que permitirá (?) relançar o arrendamento?
Bem, após este
desabafo, vejamos então quem «vive acima das nossas posses».
Podemos começar
pelos empregados das empresas públicas; o dinheiro para alguns belos ordenados
que muitas destas empresas pagam vem de empréstimos que estas empresas têm
andado a fazer. São empresas geridas sem orçamento, vão gastando, quando se
acaba pedem ao estado ou à banca. Portanto, estes ordenados, e tanto mais
quanto maiores, são dívida. Estas pessoas têm andado a ganhar mais do que «as
nossas posses». Com os seus gestores à cabeça. Alguém tem dúvidas de que estes
gestores e muito do seu pessoal ganha «mais do que as nossas posses»? Mais
todos os amigos, afilhado e companheiros de partido que puseram nas empresas
publicas e lá continuam? São eles que compram os BMW e Mercedes que tanto desiquilibram a nossa balança de pagamentos
Mas não são só os
empregados das empresas públicas – quantas empresas privadas não vivem do
Estado? Não teve o Estado de se endividar para lhes pagar? Então, o dinheiro
que estas empresas têm ganho também é dívida.
Podemos continuar
a análise por aí fora mas o resultado é óbvio:
1 – o «viver
acima das nossas posses» não resulta de créditos pessoais, resulta de ordenados
e rendimento sem correspondência com a produção;
2- os ordenados
mínimos não são «acima das nossas posses»; então quem vive acima das nossas posses
são, necessariamente, as pessoas que ganham mais, uma vez que as outras não
são.
Isto é óbvio e
traduz-se na nossa elevada desigualdade; as duas frases são sinónimos:
Viver acima das
posses = excesso de desigualdade
Isto porque o
mínimo não pode ser mais descido – embora este Governo esteja a tentar.
Espanta-me como
os deputados da esquerda não sabem isto.
Isto para não falar nos BPN e quejandos... que nós agora, os mais pobres, somos obrigados a pagar... sim, porque os ricos não podem pagar se não vão-se embora e que seria de nós sem eles? Santa paciência...
quinta-feira, novembro 10, 2011
Crise da dívida soberana: desmascarando a armadilha
Como vimos no
texto anterior, a banca dedica-se, entre outros, ao negócio da usura, que é o
que nos interessa analisar agora.
Quando fazemos um
empréstimo para habitação, celebramos um contrato que estipula uma data de
coisas, nomeadamente o juro.
Como os juros
estão indexados ao juro definido pelo BCE, se o BCE quisesse causar uma crise
no crédito à habitação apenas teria de aumentar o seu juro. Os juros subiriam
automaticamente, algumas pessoas ficavam sem conseguir pagá-los, e isso daria
oportunidade aos bancos para renegociarem os contratos para prazos maiores e
juros mais altos. Depois, os juros do BCE já poderiam descer novamente. Uma
pequenina jogada destas representa logo milhões de euros de lucros para a
banca.
Este pequeno
exemplo é para percebermos os poderes do BCE no comando dos «mercados»,
nomeadamente no fomento da usura. Os mercados respondem de forma linear, são
facílimos de controlar, não acontece nada de imprevisível – é apenas a
ignorância do comum dos mortais que permite passar esta imagem de
“imprevisibilidade” dos mercados.
Outro exemplo é o
caso da bolsa; como certamente já repararam, a notícia da variação da bolsa é
sempre precedida de uma “explicação”. Sempre. É claro que a explicação é falsa,
se o funcionamento da bolsa fosse assim lógico seria fácil prever o que iria
acontecer no dia seguinte – na verdade, quando há uma expectativa generalizada
sobre o seu comportamento no dia seguinte, podemos estar certos que vai ser ao
contrário. Porquê? Porque o funcionamento da bolsa é manipulado pelos grandes
investidores e o negócio consiste em levar os pequenos investidores a apostar
de uma maneira e depois fazer a bolsa variar ao contrário. Os pequenos
investidores perdem sempre, os grandes ganham. Isto mantêm-se assim suportado
na ideia de que o funcionamento da bolsa é previsível e não manipulável e é por
isso que é indispensável apresentar sempre uma “explicação” para as variações
da bolsa – para que os toscos dos pequenos investidores continuem a meter lá o
dinheiro.
Portanto, tudo o
que acontece nos mercados financeiros é fruto da acção previsível dos agentes
financeiros e do comando dos bancos centrais. O objectivo dos agentes
financeiros é sempre maximizar os lucros e quem faz negócios com eles tem de
acautelar as condições do negócio porque eles são predadores cegos e
impiedosos. Não é porque sejam «maus», é apenas porque essas são as regras, é a
consequência inevitável de nós querermos que eles nos paguem a melhor taxa
pelos nossos depósitos a prazo.
No que se refere
às dívidas soberanas, os países têm um mecanismo de salvaguarda: se os mercados
quiserem fazer subir os juros, o banco central imprime moeda e compra a dívida.
A banca perde duplamente: os juros não sobem e a dívida diminui. Por isso, este
mecanismo mantém os “mercados” sob controlo.
Como sabem, o Fed
tem imprimido triliões de dólares nos últimos anos, pondo a dívida soberana dos
EUA a salvo dos “mercados”.
São estúpidos os
americanos? Evidentemente que não, toda a gente sabe que é assim que se faz.
É por isso que a
decisão do BCE de não comprar directamente dívida soberana tem segundas
intenções. Com esta decisão, as dívidas soberanas ficam sem nada que as segure,
os juros pedidos pelos mercados podem subir ao céu. Consequência inevitável
desta decisão.
Portanto, não
tenhamos dúvidas: a actual «crise» das dívidas soberanas é voluntariamente
produzida pelo BCE. Não é nenhuma «crise», não é algo imprevisto,
incontrolável, mas exactamente o contrário.
Bastaria emitir
eurobonds, imprimindo dinheiro, para ela acabar imediatamente. Como fazem os
americanos. Isso iria desvalorizar o Euro, como dizem? Mas o dólar não se tem
desvalorizado, pois não? Esse argumento é falso, o valor da moeda está na força
da economia.
Portanto, o que
vai acontecer é bem claro – a subida de juros serve de pretexto para o BCE,
dominado pelo bloco Franco-Alemão, tomar posse dos países a que «assiste».
Posse definitiva, como perceberão já a seguir.
Ao intervir em Portugal, as necessidades de
financiamento do país até 2013 ficaram muito reduzidas, pelo que os mercados
foram “atacar” o país seguinte, a Itália. Em 2013, voltarão a atacar Portugal,
motivando nova «ajuda». E isto indefinidamente porque a única maneira de
Portugal sair deste esquema seria reduzir a zero a dívida soberana e isso é
impossível. É por isso que até «perdoaram» metade da dívida à Grécia – é
completamente irrelevante, tanto faz a dívida ser metade ou o dobro, enquanto
houver dívida a Grécia ficará dependente do BCE.
Percebam bem
isto: não há saída desta situação. Se não fizermos algo, nunca mais voltaremos
a ser um País. Não se iludam.
Este esquema tem
um nome: o «esquema da cantina». É um conhecido esquema de escravatura.
Mas este esquema
não nasceu agora: a armadilha está montada desde o início.
Passa pela cabeça
de alguém pretender que os habitantes do distrito de Castelo Branco, por
exemplo, passem a ter a saúde, a educação, as pensões de reformas, etc, etc,
financiados pelas receitas do distrito? Claro que não, porque as empresas que
lá operam têm a sede noutros lados e é para lá que os lucros vão. Entre muitas
outras razões.
Pois um disparate
destes é exactamente no que consiste o brilhante projecto europeu.
Como já referi,
Portugal está invadido por empresas que exploram os nossos recursos mas levam
os lucros para fora. Isso não é permitido em nenhum país do mundo fora da
Europa. Economia aberta com orçamento local é um disparate inacreditável, é
impossível este esquema ter sido concebido para resultar – e não foi, este
esquema é apenas uma armadilha. Uma armadilha em que os tolos do Sul caíram.
Caíram por cupidez, porque pensaram que iam passar a ter o nível de vida dos
alemães. As pessoas acreditam sempre no que lhes convém, é assim que os
vigaristas agem.
Portanto, temos
de perceber a situação com toda a clareza: o projecto europeu não passa de uma
armadilha, arquitectada para colocar os vários países europeus na dependência
do bloco Franco-Alemão. Estamos em guerra. Já estamos ocupados. Vamos ser
barbaramente aniquilados, como irei explicar.
Mas não pensem
que são só os países do Sul que foram vítimas dos dois grandes; não sabem que a
Bélgica está sem governo há muito tempo? Sabem porquê? Porque a Bélgica já não
existe. Nem o Luxemburgo ou o Liechtenstein. A Holanda é uma colónia alemã,
como se perceberá a seu tempo. E a Irlanda, na verdade, nunca foi um país, não
passa da Madeira dos Ingleses.
Portanto, para
conquistar a Europa falta controlar os 4 do Sul. O Leste virá depois. Já foi
assim nas grandes guerras, o plano é o mesmo, os meios é que são outros... (e,
tal como nas grandes guerras, esta guerra também passa por África; só que aí é
mesmo à bomba...)
Não tenham
dúvidas nem ilusões: estamos debaixo de um ataque Franco-Alemão. Não há «crise»
nenhuma, há um acto de guerra, uma acção de conquista da Europa por franceses e
alemães. O sistema financeiro limita-se a responder de acordo com as regras que
lhe fixam. O seu comportamento é absolutamente previsível, linear, simplório. E
as regras foram escolhidas expressamente para colocar os países do Sul da
Europa no domínio da França e da Alemanha.
No próximo post
vou mostrar-vos o nosso futuro próximo, se continuarmos a ir para onde nos mandam.
Porque, diferentemente do que acontece com os pequenos países do norte, o
projecto que esses dois têm para nós é do tipo do que fizeram para os judeus. Este modelo de sociedade não funciona sem escravos. O único modelo que existe actualmente de uma sociedade sem escravos é o da Dinamarca.
segunda-feira, novembro 07, 2011
Qual é o negócio dos Bancos?
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CGD |
Emprestar
dinheiro? Perguntarão vocês a medo, sabendo que as minhas respostas são
inesperadas (doutra forma não valia a pena eu escrever, não é?)
Considerem uma
empresa de automóveis que faz uma fábrica. O custo da fábrica é um
investimento. A fábrica produz produtos que a empresa vende, ganhando assim dinheiro. O objectivo da empresa é que a fábrica dure o mais possível. Quando
ela deixar de ser rentável, a empresa fará uma nova fábrica.
Portanto, o
negócio da empresa é fácil de perceber: há um investimento largamente não
recuperável na construção da fábrica e um rendimento da actividade da fábrica.
As contas são feitas para que esse rendimento atinja o valor que a fábrica
custa num prazo de tempo que pode ir de 3 a 10 anos, tipicamente.
O negócio da
banca é a mesma coisa. Em vez de aplicar o dinheiro numa fábrica, aplica-o num
empréstimo. O devedor paga um juro deste empréstimo – é o rendimento do
dinheiro aplicado.
“Ahh, mas há uma
diferença em relação à empresa” – dirão vocês – “ o investimento na fábrica não
é recuperável mas o empréstimo é!”
Pois, é
exactamente aí que vocês se enganam. O Banco não está nada interessado em que
lhe paguem o que emprestou. Para quê? Se lhe devolverem o empréstimo, terá de
arranjar outro a quem emprestar, não é? Portanto, o banco não está nada
interessado em que lhe paguem o empréstimo – o seu negócio é receber juros!
É por isso que os
bancos emprestam dinheiro a quem não tem condições para pagar esse empréstimo. O Banco não quer que lhe paguem o que emprestou. Ao banco, o que interessa é que a pessoa
possa pagar os juros do empréstimo.
Se não acreditam
em mim, experimentem ir ao vosso banco tentar amortizar o empréstimo para
compra de casa, se o tiverem; eu fiz isso há dias e, mesmo na actual situação
de descapitalização da banca, fui convencido a não fazer tal. Aliás, até há pouco
tempo, quem quisesse antecipar o pagamento do empréstimo para a casa pagava uma
penalização - por quebra de perspectiva
de negócio.
Portanto,
percebam a subtil mas fundamental diferença: o negócio da banca é cobrar juros.
Há empresas
financeiras, tipo Cofidis, que estão no negócio de emprestar dinheiro – é um
negócio diferente, esses querem que o cliente pague o empréstimo.
Agora vejamos
como se desenvolve o negócio da banca. O objectivo do negócio é maximizar os
juros. Mas se subirem muito os juros, o cliente pode desfazer o negócio,
devolvendo o empréstimo. Então, o banco procura clientes que não possam
devolver o dinheiro emprestado.
É por isso que os
bancos estão constantemente a oferecer dinheiro emprestado a pessoas de baixos
rendimentos – esse dinheiro vai depois vencer juros altíssimos. Encravada com
os juros, a pessoa não consegue amortizar o empréstimo e o banco tem assim o
máximo rendimento.
A crise dos
activos ditos tóxicos não nasce de nenhum «comportamento irresponsável» da
banca. Evidentemente que essas pessoas não podiam pagar o empréstimo, pois esse
é o cliente preferencial do banco; o objectivo do banco não é que lhe paguem o
empréstimo, é conseguir os juros mais altos. O que aconteceu foi que como a
desigualdade não pára de aumentar, essas pessoas ficaram sem dinheiro para
pagar os juros. O que disparou a crise foi o crescimento da desigualdade, que
leva ao empobrecimento da maioria da população porque o crescimento do PIB já
não chega para compensar o da desigualdade.
O que fez a Banca
em Portugal quando as pessoas ficaram sem condições para pagar os empréstimos
da casa, carro, etc? Inventou um programa de consolidação da dívida que
consiste em juntar os empréstimos todos num só, ou seja, transformar todos os
empréstimos de curto prazo em empréstimos com o prazo do crédito à habitação, e
subir o spread. Ou seja, a Banca aproveitou a crise para melhorar o seu negócio
duplamente, pois aumentou os juros e aumentou o prazo. Como a prestação total
diminui devido ao alongamento do prazo, com a corda na garganta devido à
diminuição de rendimentos reais que as pessoas vêm sofrendo desde há uma
década, as pessoas tiveram de aceitar esse aumento de exploração. É assim que
muita gente tem hoje um empréstimo para o automóvel a 30 anos. Evidentemente
que este comportamento usurário e irresponsável, feito com o beneplácito governamental, vai originar uma crise mais grave nos anos seguintes.
Ainda muito
recentemente, o Governo anunciou uma medida para “ajudar” as empresas com
dificuldade de pagamento dos seus empréstimos: mais uma vez, a proposta era
alongar o prazo de pagamento e aumentar o juro. Mais uma vez a Banca procurou ganhar com a crise de forma predadora e teve a cobertura governamental. Muitos empresários
responderam: antes falir já.
Entendido isto,
podemos agora facilmente entender a actual crise e qual vai ser o seu
desenvolvimento.
(continua)
sexta-feira, novembro 04, 2011
Imagine that...
Como se sabe, os
portugueses andam a viver acima das suas posses de forma descarada e
insustentável, coisa que é preciso corrigir rapidamente. Um dos luxos a que
descaradamente se têm entregado é a aquisição de casa própria, recorrendo ao
crédito, é claro. Ora, se a taxa de juro dos cartões de crédito está nos 33% e
estes servem para comprar bens de primeira necessidade, como roupa e comida,
não há razão nenhuma para a taxa de juro de luxos como casa própria não ter o
mesmo valor. As pessoas querem viver acima das suas posses mas há que as trazer
à realidade. Os limites legais a estas taxas, intolerável interferência na liberdade de mercado, caem, e as taxas de juro para habitação própria vão subir 1% ao mês até
atingirem o mesmo valor que é praticado nos cartões de crédito.
Como há muitas
pessoas que souberam bem como entrar em tais devaneios mas não sabem agora como
pagar o que é devido, o Governo vai intervir com um Programa de Austeridade e
Contenção para a Habitação (PACH). Este programa subsidia a taxa de juro dos
empréstimos para habitação própria em metade do seu valor! Assim, as pessoas
que a ele aderirem apenas terão de pagar um juro de 16,5% em vez de 33%,
durante um período de adaptação de 3 anos, um generoso bónus certamente
imerecido por estes doidivanas.
Claro que para
aderirem a este PACH as pessoas têm de garantir que passam a viver de acordo
com as suas posses. A medida é só uma, simples, lógica, evidente,
indispensável:
As pessoas deixam
de ter electricidade em casa.
Como se sabe, a electricidade faz falta para
as unidades de produção, não podemos continuar a desperdiçar os recursos do
planeta desta maneira. Electricidade em casa é um luxo insustentável. Com este
corte, as famílias economizam 50 euros por mês.
Sem electricidade
não há televisão nem internet. Mais um enorme benefício para as pessoas: a
internet só serve para espalhar ideias perniciosas e a Televisão para deprimir
o moral. Aliás, o sr. Ministro da Educação já acabou, atempadamente, com as
inúteis aulas de informática a partir do 9º ano.
Assim, as
famílias economizam mais uns 60 euros por mês.
Como não têm luz,
as pessoas passam a deitar-se com o Sol e, naturalmente, a levantar-se com o
dito. Assim, podem passar a ir a pé para o emprego,
como acontecia no tempo dos nossos avós. Só aqui teremos uma economia média de
40 euros por pessoa, ou seja, por família, porque em cada família só uma pessoa
tem emprego, a outra fica em casa, não há empregos para todos.
Portanto, esta
simples medida representa imediatamente uma economia de 150 euros por mês, a
que se irão somar outras – a criança fica em casa, poupa-se no
colégio, acaba-se com os telemóveis, com os livros e jornais, não há férias, a
roupa faz-se em casa em vez de comprar, etc, etc. Assim, as famílias libertam
imenso dinheiro que podem aplicar a pagar os juros da casa. Ao fim de 3 anos,
as famílias estarão então em condições de prescindir desta ajuda estatal, pois
já poderão pagar o juro de 33% pretendido pela banca.
Além disso, quem
aderir a este PACH fica dispensado de amortizar o empréstimo, pagando apenas
juros toda a vida.
quinta-feira, novembro 03, 2011
Para colocar Portugal a viver de acordo com as suas posses
Vejo
continuamente ser afirmado que “Portugal está a viver acima das suas posses”.
Isso é bem verdade, não produzimos para o nível de vida que temos.
Este facto
traduz-se no baixo valor do ordenado mínimo, menos de 1/3 do que se pratica noutros países europeus, o que está em correspondência com o PIB per capita de cada país.
Bem, mas se o
ordenado mínimo está de acordo com «as nossas posses», quem é que está a viver
acima delas?
Como é evidente,
são todas as pessoas que ganham mais do que o ordenado mínimo, as classes média
e alta. Estas pessoas têm considerado que, sendo europeus, devem ter um
rendimento semelhante ao que se pratica nos outros países europeus. Isso não
pode ser porque não vivemos de um orçamento europeu, o nosso orçamento depende
do que produzirmos. Para pagar esses ordenados, Estado e empresas recorrem ao crédito; as pessoas pensam que vivem de acordo com o que ganham, ignorando que parte do que ganham é obtido por empréstimo; essa parte tem de desaparecer porque não há mais crédito.
São portanto os
professores, os médicos, os engenheiros, os actores, os locutores, os juristas,
os juízes, os militares, os pilotos, os gestores, etc, etc, quem vive acima das
nossas posses como país. Na verdade, toda a gente que ganha mais do que o
ordenado mínimo está a ganhar mais do que devia, se escalarmos os ordenados com
o praticado noutros países em proporção com a sua produção. Este facto é
traduzido por um indicador, a desigualdade. É por isso que somos campeões da
desigualdade.
Colocar o país a
viver de acordo com as suas posses não significa portanto mexer nos ordenados
de baixo; significa, ao contrário, duas outras coisas: cortar naqueles serviços
prestados pelo Estado que são típicos de países mais ricos e cortar em todos
os ordenados acima do mínimo para os colocar na proporção adequada.
Isto significa
que os ordenados e pensões das classes média e alta terão de levar um corte que pode ir de 50% a 65%. Como é evidente o corte tem de ser
faseado, não pode ser feito de uma só vez – no mínimo em 3 vezes. Sendo os
prazos tão curtos, atendendo ao corte já feito, imagino que no próximo ano sejam anunciados para 2013 cortes
na ordem dos 15% a 25% nos ordenados acima de 1000 euros mensais, uma vez que a
faixa 500 a 1000 euros já fica corrigida com os cortes previstos para 2012.
São dois os
efeitos positivos que se obtêm desta maneira.
Por um lado, como
estas classes são as grandes responsáveis pelo desequilíbrio da balança de
pagamentos, ao reduzir-se o seu rendimento serão reduzidas as importações de
automóveis, de roupa de marca, e de outros produtos e serviços, como férias no
estrangeiro, que desequilibram essa balança vital e asfixiam a produção
nacional. Assim, estes cortes ajudarão a reequilibrar a balança de pagamentos e
isso é crucial para criar perspectivas de desenvolvimento, pois de
agora em diante o nosso nível de vida será definido pela produção nacional,
como acontece na generalidade dos países.
Por outro lado,
como é evidente, ao reduzirem-se estes ordenados, as empresas públicas e o
Estado precisarão de menos dinheiro, podendo então começar a equilibrar as suas
contas.
Isto, evidentemente, se a Europa e nós encontrarmos forma de controlar a especulação sobre as dívidas soberanas, o que não será fácil e exigirá medidas imaginativas e radicais, uma mudança de paradigma.
Não há outra forma de colocar o país a viver de acordo com o
que produz. Não estão de acordo?
Agora digam-me lá porque é que as medidas deduzidas neste raciocínio tão linear não passam de um enorme disparate.
quarta-feira, novembro 02, 2011
Palin Coelho
Comparemos a resposta à crise nos EUA e na Europa:
EUA: imprimir
moeda e taxar ligeiramente os ricos
Europa: não
imprimir moeda e taxar brutalmente os pobres
Não podia ser
mais diferente, não é?
Como se
compreende que os economistas e políticos de um lado e outro defendam caminhos
diametralmente opostos para chegarmos a uma sociedade melhor?
A resposta é, na
verdade, bem simples: estamos no meio de uma guerra direita-esquerda. Uma
direita sem valores de qualquer espécie, interessada unicamente na defesa dos
seus privilégios, entre os quais se inclui o direito a explorar o Homem. Uma
direita de novos ricos, especialistas em negócios de esperteza, de corrupção e de usura. Uma direita muito espertalhona que escolhe lideres como
Sarah Palin.
A Grécia tem uma
maioria de esquerda; é por isso que a Grécia resiste. Portugal tem uma maioria
de direita. Desta direita. Ainda não notaram que o Passos Coelho é a nossa versão da Sarah Palin? É
por isso que quando a Merkel diz “esfola”, ele diz “mata”.
Interessantes os
caminhos do Mundo; num país pequenino como Portugal, testa o destino o futuro
de um país grande como os EUA; tivemos o nosso Obama (Sócrates), que trocamos
pela nossa Sarah Palin (Passos Coelho). Como os EUA se encaminham para fazer.
Esperemos que o nosso exemplo catastrófico sirva ao menos para abrir os olhos
do grande povo americano.
(os ratos de
laboratório acabam sempre esfolados, seja a experiência bem ou mal sucedida).
PS - evidentemente que as comparações entre políticos se referem à sua linha ideológica
PS - evidentemente que as comparações entre políticos se referem à sua linha ideológica
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