segunda-feira, maio 21, 2007

O Ciclo das Fezes

Eis uma descoberta mais importante que a roda! Ninguém fala nela por causa do cheiro...

Certamente já leram que a invenção da agicultura deu origem ao sedentarismo. Bom, isso é só meia verdade.

Sabem que a Vida se baseia esencialmente em 4 elementos: Carbono, Oxigénio, Hidrogénio e Azoto. C, O, H e N. Os 3 últimos são superabundantes na atmosfera. O Carbono já foi, na forma de Dióxido de Carbono, mas infelizmente este gás é retirado da atmosfera em grandes quantidades por processos quimicos, nomeadamente formando calcários, e hoje encontra-se reduzido a uma expressão insignificante. Hoje, o CO2, o dióxido de carbono, é mais raro que o Árgon que, como sabem, é um gás raro. A sua quantidade é tão diminuta que não se mede em percentagem mas em partes por milhão, ou ppm. São cerca de 300 ppm, ou seja, 0,03%!!!

A falta de dióxido de carbono tem consequências gravíssimas para a vida no planeta, como é fácil de perceber, mas isso será assunto para outro post.

Nós, os animais, obtemos esses preciosos átomos de C, O, H e N directa ou indirectamente a partir das plantas, que os transformam em compostos que podemos processar. Cabe essencialmente às plantas obter esses elementos da natureza e incorporá-los em matéria orgânica. Ora as plantas têm uma grave limitação nesta tarefa: salvo raras excepções, elas não são capazes de fixar o Azoto, de retirar o Azoto da Atmosfera. Para incorporarem o Azoto, elas necessitam de compostos de Azoto que vão buscar ao solo!

O que é que aconteceu quando a humanidade começou a fazer agricultura? ao fim de pouco tempo os solos ficavam sem esses compostos de azoto e tornavam-se estéreis! Solução: ir cultivando sempre novos campos, deixando um deserto para trás.

Portanto, a agricultura "tout court" não podia suportar sedentarismo de longa duração.

Soluções. Uma solução foi cultivar nas margens de rios. Por causa da água? Não, por causa das cheias! É que as cheias dos rios transportavam lamas azotados de montante que depositavam nos terrenos agrícolas que submergiam. O Nilo, a civilização egípcia, recordam-se? os aluviões do Tejo?
Bem, mas e onde não existia um rio? A solução só podia ser uma: devolver à terra tudo o que se tirava dela. Nós não libertamos azoto a não ser nos gases intestinais e nas fezes. Por isso, à terra era devolvido tudo o que não era aproveitado: restos não usados das plantas cultivadas e as fezes. As fezes tinham de ser cuidadosamente aproveitadas. Disto tudo se fazia o estrume.
Verdadeiramente, foi o estabelecimento deste ciclo de fezes que permitiu o sedentarismo.

Actualmente, produzem-se industrialmente os compostos de azoto, os adubos.
Esta produção industrial de adubos é um marco na evolução da vida sobre a Terra. Porque até essa altura a bio massa, a quantidade total de Vida sobre a Terra, estava limitada pela quantidade de Azoto fixado nas origens da Terra. Pela primeira vez, a quantidade total de Vida sobre a Terra pode aumentar, por acção dos Humanos!

Portanto, o Homem, ao libertar-se do ciclo das fezes, alterou profundamente um equilíbrio que existirá há uns 3 milhares de milhões de anos: a quantidade de biomassa!

Olha se os ecologistas e os fundamentalistas religiosos tivessem percebido isso? O que eles estariam fartos de protestar!
... porque eles não sabem que nos ombros da humanidade e seus descendentes repousa a continuidade da Vida sobre a Terra... coisa que descobriremos quando avançarmos um pouco para o Futuro...

8 comentários:

antonio ganhão disse...

Brilhante! O homem libertou-se do ciclo das fezes e ganhou a imortalidade da espécie!

Libertemo-nos também das mentalidades de m...

alf disse...

Ehehehe... o que ganharíamos então!!!

bruno cunha disse...

Fantástico!
É caso para dizer que há realmente merdas muito importantes às quais damos pouco ou nenhum valor...

joshua disse...

Dizer: �Vai � merda!� passar� a ser uma frase redentora e relevante equivalente a �Vai � vida e � sobreviv�ncia!� ou ent�o �Bem-aventurados os que t�m merda suficiente para azotar o quintal!�

Decididamente, tenho de ir voltando c� Tenho, tenho!

Paulo disse...

O pecado praticado por Adão e Eva no jardim de Eden (Paraíso terreno) fez com que o ser humano seja finito.
Todos os argumentos que ora falem de eternidade humana, não são suficientes para anular a sentença do "criador"....
Gostei de passar por aqui!
Obrigado
Paulo

Rui leprechaun disse...

Olha a grande novidade... isso é o estrume, ó gentinha da cidade! Sim, que aqui na floresta tudo se aproveita e presta! :)

Hummm... mas esses fertilizantes químicos estarão assim tão bem equilibrados quanto os naturais? Afinal, não é só de azoto que vivem os vegetais.

Quanto à biomassa, subentendo então que esse azoto dos adubos é retirado à atmosfera, não?! Ou seja, vai do ar, onde existe em abundância, para os solos onde faz mais falta.

Mas a dizer mal dos ecologistas outra vez... como se fossem má rês?! Será que a Gaia-Mãe deles não gosta também?!

Impossível, pois se falam tanto dela...

Rui leprechaun

(...e dizem que a vão pôr bela! :))

alf disse...

leprechaun

pois é, o azoto dos adubos vem da atmosfera.

Portanto, a biomassa está limitada pela quantidade disponível de compostos azotados; ao fabricar adubos, o Homem está a aumentar a biomassa.

É por isso que refiro os ecologistas, que são contrários a qualquer alteração do estado da natureza.

Anónimo disse...

e quem pensaria que a merdinha fosse tão abençoad ?? kkkkkkkkkk