quinta-feira, abril 14, 2011

O Gene dos escravos chama-se... Escola

Como sabem, andam por aí muitos chineses; já viram algum à procura de emprego? umzinho que seja???
Há dias vi um documentário sobre a presença chinesa em África. Emigram da China para o coração de África.

Emigrar para o coração de África?? Isso faz algum sentido? Então lá há empregos para alguém??

Claro que não há empregos (há lá chineses empregados, mas esses não são propriamente emigrantes, são contratados na China para trabalharem em empresas chinesas), o que há lá é oportunidades! Os chineses não emigram à procura de emprego, emigram à procura de oportunidades. É assim que eles vão para África e criam pequenas empresas em todo o lado. Como são empresários eficientes, rapidamente acabam com a concorrência local e dominam a actividade económica.

Comparem agora com os portugueses; os portugueses vivem à procura de emprego; os portugueses emigram à procura de emprego; os portugueses fazem manifestações porque não têm emprego; o índice mais importante para os portugueses não é o número de empresas que abriu ou fechou, é a taxa de desemprego!

Não acham que há aqui uma diferença gritante?
Porque é que é assim?

A geração actual de chineses é maioritariamente filha de camponeses; os camponeses são empresários, não são empregados. Esta é uma geração com uma cultura de empreendedorismo.

Nos países mais evoluídos, a maioria das pessoas são empregados há já várias gerações. A cultura é a do empregado. Os professores das escolas são empregados filhos de empregados. Sem uma política de ensino pró-activa em favor do empreendedorismo, cria-se uma geração de empregados.

É o que se passa em Portugal. Tal política era muito conveniente no tempo de Salazar – os empresários, como o governante, eram os que já existiam e seriam sempre eles e suas famílias, governados pelo eterno Salazar. Portanto, a escola tinha de formar empregados, nunca empresários. A sociedade pretendia-se de classes. Os empresários já existiam, os futuros empresários seriam os filhos dos existentes.

Esta ideia é típica dos sistemas fascistas e afectou todos os países do sul da Europa.

Infelizmente, essa mentalidade ainda cá perdura. As únicas aulas de empreendedorismo que existem, ao que me informaram, destinam-se aos alunos que abandonam a escola... dado que assim ficam incapacitados de serem empregados, ensina-se-lhes então empreendedorismo, porque ou serão empresários ou ladrões...

Nos outros países evoluídos não é assim. Já viram um americano emigrar à procura de emprego? Já viram que os nossos vizinhos espanhóis têm uma taxa de desemprego muito maior do que a nossa e não parecem dar grande importância a isso? Há outras coisas mais importantes.

E porque é que não é assim nos outros países? Porque a escola se empenha em formar empresários. Ser capaz de formar uma empresa faz parte dos currículos escolares. Saber delinear um projecto e desenvolver todos os complexos passos necessários a uma actividade empresarial de sucesso. Saber isso não é muito mais importante do que saber classificar as plantas ou saber aquelas regras regras do português que não fizeram falta nem ao Camões nem ao Saramago???

Assim se passam os anos mais importantes da vida a aprender coisas cujo único destino é o esquecimento.

A nossa escola não se adaptou à democratização da sociedade, não incorporou a igualdade de oportunidades. Continua a funcionar para formar empregados para irem trabalhar nas empresas de... de quem? Dos “Senhores”? Para serem funcionários públicos? A lógica do nosso ensino parece ser mesmo esta: a escola pública forma... funcionários públicos.

Muitos anos a estudar para se ser escravo? Sem dúvida, é para isso que serve a nossa escola, para formar escravos. Ou acham que é para formar conquistadores do mundo?

Agora está na moda dizer que o futuro dos nossos filhos é emigrarem, serem «cidadãos deste mundo global». Uma treta!!! O futuro deles é esse porque o futuro deles é irem à procura de emprego onde existam empreendedores; esse é o Futuro que a escola lhes destinou, não é nenhuma fatalidade do destino.

Poderia surgir um «Bill Gates» em Portugal? A resposta é «não» por múltiplas razões mas a primeira é que um “neird” dos computadores que tenha uma boa ideia não vai saber fazer nada com ela – quando muito, poderá conseguir vendê-la a um americano empreendedor... ou mesmo a um espanhol...

Estão a perceber a importância de dotar os jovens de mentalidade e conhecimento empresarial?

É como na ginástica: se houver ginástica de massas, aqui e além surgirão ginastas de sucesso; se não houver ginástica para ninguém, isso não vai suceder por maior que seja a qualidade da «matéria prima».

Se a formação para o empreendedorismo for massificada, então surgirão empresários de sucesso que podem relançar a economia; se não existe formação para o empreendedorismo, não vão existir empresários de sucesso nem economia nem... país!

A força de um país reside nos seus empresários. Sejam pequenos, médios ou grandes. Não estou a referir-me aos gestores das grandes empresas cá instaladas, esses são empregados como os outros, estou a referir-me aos Nabeiros e tantos outros que iniciaram empresas. Claro que os empresários não existem sozinhos, claro que o valor duma sociedade não se resume aos seus empresarios, mas eles são vitais.

Dos marinheiros não reza a História a não ser pela mão dos Navegadores.

Só existe Futuro para Portugal se existir uma cultura de empreendedorismo.