sábado, agosto 31, 2013

Troika versus Paulo


Nos próximos meses vamos a assistir a uma batalha entre David e Golias. Uma luta completamente desigual que só tem alguma (mínima) hipótese de sucesso para o David se nós o apoiarmos. E devemos fazê-lo porque cairemos com ele.

Já ouviram certamente a afirmação de que “a Europa pretende ser a zona económica mais competitiva do mundo”; agora digam-me lá: como é que isso pode ser conseguido?

Até agora, soube-nos bem a mão-de-obra barata da China, não é verdade? Bom, mas não é isso que faz a Europa competitiva, pois não? O que falta para uma Europa competitiva é mão-de-obra barata, porque o resto tem ela . Têm alguma dúvida a esse respeito? Acham que há algum outro plano sobre a mesa, tipo como fizeram os Dinamarqueses? Claro que não, até porque a solução dinamarquesa levaria pelo menos duas gerações a realizar.

Agora pensemos: onde é que a Europa vai conseguir a sua mão-de-obra barata?

Imigrantes? Os imigrantes baratos são muçulmanos, já viram o perigo que é? Não pode ser.

Além disso, para serem realmente baratos têm de estar estacionados num país de clima temperado, onde os custos de sobrevivência são mínimos.

A escravatura não era solução para o norte dos EUA, porque fazia frio demais – aí a escravatura era impossível. Foi por isso que o norte fez a guerra ao sul, não pensemos que foi por algum princípio humanista. Foi simplesmente para eliminar essa vantagem competitiva do Sul.

Então, se a escravatura é impossível no Norte, necessariamente tem de ser implantada no Sul.
(se os dinamarqueses pudessem ter recorrido à escravatura, seria isso que teriam feito; foi só quando chegaram à conclusão que essa solução era inviável no clima deles que adotaram o atual modelo – porque é o que resulta melhor para os seus ricos no seu quadro)

Bom, mas a Europa pode recorrer à escravatura – nos países do Sul. E, naturalmente, se pode é o que vai fazer. Quem tem poder abusa sempre dele.

Portugal tem condições ideais para isso: talvez o povo mais atrasado e ignorante da Europa, fracas estruturas democráticas, população habituada a obedecer, e uma população capaz de sobreviver com um custo mínimo – os operários de uma fábrica no interior poderão sobreviver das suas hortas e pouco mais.

Na verdade, para obrigar as pessoas a trabalhar é necessário que as obriguem a ter dinheiro – por exemplo, acabando com o ensino gratuito para os filhos. Portanto, o que há a fazer para ter escravos é promover o desemprego e acabar com o ordenado mínimo e com a gratuitidade dos serviços essenciais. Assim as pessoas serão obrigadas a trabalhar para pagar esses serviços – ou seja, o valor alvo do custo total da mão-de-obra inferior a 2,5 euros/hora será conseguido. Isto não é teoria nova, é o velho “esquema da cantina”.

Portanto, esta é a Agenda da Europa. Não é preciso ser bruxo para o perceber, basta abrir olhos e ouvidos. Há anos que sei que é assim e tenho tentado explicá-lo, por isso é que escrevi os posts sobre o Dr. Jordan, as conversas com o Hans e outros.
(na verdade, essa Agenda ainda tem aspetos piores, mas eu nem digo porque não acreditariam)

Estas pessoas que nos gerem não têm quaisquer escrúpulos ou princípios – destruí-los é o primeiro objetivo de qualquer escola de gestão ou economia. Toda esta gente trabalha para os ricos e não tem outro objetivo que não seja servi-los, pois são eles que lhes pagam, agora ou quando saírem do governo. Ou seja, fazem o mesmo que 99% de nós faria no lugar deles…

O António Borges era “frontal”, dizem; percebem o que isso significa? Que o que ele dizia era o que o que todos “eles” pensam mas não dizem…

Bem, mas o que é que tudo isto tem a ver com o Paulo Portas?
Até agora, a Troika executou um plano muito fácil e simples: combinava os seus objetivos com o Governo mas punha nos memorandos só parte. A justificação é que se pusesse tudo por escrito, isso poderia originar um movimento anti-europa. Assim, é o governo que é acusado de “ir além da Troika” mas isso não tem consequências perigosas para a “Agenda”. Até o Sócrates engoliu esta, acha que é o Governo que está a fazer “front load”…

O único que não é ingénuo nem vendido nisto tudo é o Paulo Portas. A direita portuguesa não sobreviverá a esta Agenda e ele sabe disso.

A Troika sabe que esta linda estratégia que tem desenvolvido com tanto sucesso não pode continuar com o Portas. O que vai ela fazer?

Esta gente age sempre da mesma maneira, por isso é fácil prever: esmagar e derrubar o Portas. Como? Levando a austeridade ao limite; e passando a mensagem que a culpa é do Portas para que o Zé corra com o Portas. Causar a desgraça e apontar o “culpado” resulta sempre, não é? Até agora era o Sócrates, de agora em diante vai ser o Portas.


Temos de mostrar que temos estatura para sermos “cidadãos”; caso contrário seremos “escravos”.