sexta-feira, maio 18, 2007

Sonhar o Futuro


Sabem, o Futuro é um sítio muuuito diferente do passado. Já viram como é diferente o presente dum passado de há 100 anos? Por isso, para se dar uns passinhos na direcção do Futuro é necessário termos a mente preparada para pensar coisas diferentes. Mas o nosso cérebro está treinado a fazer algo muito diferente. O que o cérebro faz durante todo o dia é identificar as situações que enfrentamos, seleccionar a situação mais parecida que temos em memória, e aplicar a solução já estudada para essa situação.

Durante o dia o cérebro não pensa! o que o cérebro faz é um trabalho de "ordenador" - identificação de situações e escolha de solução de entre as que existem no seu banco de dados.

Por exemplo, se forem a atravessar uma rua e aparecer um carro, o cérebro surge logo com a solução de fuga para a frente ou fuga para trás; como são duas soluções, pode acontecer que fiquem um momento paralisados sem saber por qual das duas optar. O cérebro não surge com uma opção de "voar" porque essa opção não consta do seu banco de dados, foi previamente eliminada.

Se não fosse assim, se o cérebro se pusesse a fazer o levantamento das opções possíveis e depois se dedicasse à análise da melhor, morreriamos atropelados.

Portanto, durante o dia, o cérebro não "pensa", o cérebro "ordena" informação. E isso é assim para que consigamos sobreviver, porque se o cérebro "pensasse" seria demasiado lento.

Bom, o cérebro não pensa de dia mas pensa de noite: durante a noite, o cérebro vai buscar as situações enfrentadas de dia, ou cria mesmo situações derivadas dessas, e entretem-se a procurar solução para elas. Enquanto dormimos, o cérebro pensa! É durante a noite que ele preenche o banco de dados que nos habilita à rápida tomada de decisão indispensável à sobrevivência.

Para sermos "criativos", para termos ideias novas, que não sejam a repetição de ideias antigas, precisamos de ser capazes de pensar sem estarmos completamente a dormir. Precisamos de "enganar" o cérebro. Ou precisamos de ser capazes de pôr o cérebro a pensar naquilo que queremos enquanto dormimos.

Se adormecemos preocupados com um assunto, durante a noite o cérebro vai analisar essa situação e de manhã podemos ter a solução - acontece muito aos estudantes, não é?

Mas há outras maneiras. Durante a noite o cérebro tende a mudar para o estado "pensador", por isso os intelectuais ou criativos sentem que têm mais rendimento quando trabalham de noite.

Podemos também "trabalhar" quando nos sentimos a cair de sono - óptima altura para o cérebro se assumir como "pensador". Ou, e isso é o que mais resulta comigo, quando começo a acordar não saio da cama - deixo o pensamento fluir, fluir, até começarem a surgir ideias novas, soluções para os problemas da véspera.

Pergunta e ser-te-á respondido. Já ouviram isso, não é verdade? E está certo. Ao "perguntar" colocamos uma questão ao nosso cérebro. Depois ele vai pensar nisso, de uma forma inconsciente, nós não damos por nada. E, de repente, pode surgir-nos a resposta. Para isso basta que saibamos perguntar ao nosso cérebro. Que perguntemos e o deixemos em paz para pensar no assunto, não podemos pôr o chato do consciente sempre a interferir, a dar sugestões, analisa isto, analisa aquilo.

Bem, já vimos aqui o que são os sonhos (alguns), como funciona o cérebro para garantir a sobrevivência, como o podemos usar para "pensar". Fui um pouco radical na exposição, porque o cérebro também é capaz de pensar durante o dia. Mas não é essa a sua tendência e temos de tomar alguns cuidados senão deixamos de ser "racionais", passamos simplesmente a ser capazes de reproduzir o passado. Por isso é que tantas pessoas vivem quase toda a sua vida repetindo-se dia após dia.

9 comentários:

antonio ganhão disse...

Se lermos os retratos que o Eça fez da nossa sociedade podemos ver que ela ou ficou presa no passado, ou nunca teve futuro.

Mas a teoria é imsteressante e merece ser divulgada. Por exemplo: uma soneca a seguir ao almoço, pode ajudar-me a resolver os problemas que enfrentei durante a manhã.. estou a falar no emprego.

Como explicar a criatividade?

alf disse...

Quanto à soneca, lembro-me que quando era empregado e tinha um problema dificil para resolver, recostava-me na cadeira e ali ficava, de olhos fechados, a meditar no problema. Às vezes ouvia alguém comentar que eu estaria a dormir; eu explicava: quando pensam que estou a dormir, é quando estou a trabalhar; quando estou afanosamente a teclar no computador, isso já não é trabalho, estou simplesmente a deitar para fora o fruto do trabalho.

Portanto, eu aconselharia uma sesta como medida capaz de aumentar a produtividade... sem dúvida!

Quanto à criatividade, bem, o António já deu mostras de ser uma pessoa criativa, logo, quem melhor para falar disso?

CS disse...

Os surrealistas diziam que a verdadeira arte era aquela criada sem a interferência da Razão. E por isso, a privação do sono era uma das técnicas utilizadas...

Por acaso, é verdade que gosto de trabalhar e criar durante a noite... não sabia é que havia uma razão objectiva para isso acontecer.

Beijinho

antonio ganhão disse...

Eu comparo a actividade do cérebro, enquanto dormimos, ao screen saver que fractura a imagem do ecrã e a projecta em diversas direcções, afim de não criar efeitos de memória no ecrã, queimando-o por persistência.

Quando desligo o telemóvel, as células da bateria tendem a ficar todas ao mesmo potencial, voltando a entrar no circuito (as células com tensão inferior às vizinhas não debitam corrente). Quando volto a ligar o telemóvel verifico que a bateria “ganhou” carga.

Quando sonhamos é o nosso cérebro fracturando as realidades que acumulámos durante o dia, projectando-as em todas as direcções, atingindo as células mais escondidas do nosso cérebro. É uma foram de redistribuir as tensões eléctricas evitando o perigo de excessiva acumulação num só ponto.

As drogas e determinados estados de excitação, estimulando a actividade do cérebro podem conduzir a uma maior criatividade. (Por exemplo: as do tipo que autor deste blog toma para produzir estes posts)

alf disse...

Dear Cookie
A Razão apenas é capaz de manipular blocos de conhecimentos e por isso não gera nada de verdadeiramente novo. Nem sequer conhecimento!
Já viu aqueles filmes ditos de ficção científica que mais não são do que cenários da idade média a fingir de futuro? Pois, isso são frutos da árvore da razão, não tem nada de novo, não há criatividade.

A Razão também não abre portas ao conhecimento, por isso é que a Ciência precisa de vez em quando de pessoas a quem chama "génios", que mais não são do que pessoas que souberam utilizar a creatividade. Actualmente, a Cosmologia está, como os maus filmes de ficção científica, a ir buscar conceitos à Idade Média: matéria negra, energia negra, coisas que só existem lá longe, no céu... bruxarias por certo...


Como neste blogue, o objectivo é uma viagem ao futuro, voltaremos a este tema - sem encontrarmos as portas da nossa criatividade não acederemos ao conhecimento que nos permite viajar para o futuro.

Um beijo e obrigado

alf disse...

Caro António
Essa imagem do cérebro a fracturar as realidades é interessante. A sua explicação para isso é que é diferente da minha.

Está a ver aqueles puzzles para miudos, em que cada peça já tem grande parte do desenho?
A Razão é capaz de desmontar esse puzzle e tentar montá-lo trocando algumas peças. Assim pode fazer algo de ligeiramente diferente, mas como os mesmos blocos - como nos filmes de ficção científica que referi à Cookie
Mas para fazer algo de verdadeiramente novo é preciso partir esses blocos em fracções muito mais pequenas - é isso que chama "fracturar a realidade". A partir daí o cérebro pode então, verdadeiramente, "criar" algo de novo. Isso faz parte do processo de criatividade, não será um problema de electricidade.

Não o sei que toma para estimular a sua criatividade, mas parece resultar...
Um abraço

Rui leprechaun disse...

Ei! E a meditação, esse outro estado vizinho da alta intuição?!

Nele também nem se dorme ou está acordado... e a mente encontra-se noutro lado.

Ora tudo isso já sabem os orientais há milénios, e por aqui mal se vai tacteando um avo desse conhecimento.

Mas é tão doce o pensar...

Rui leprechaun

(...no onírico fantasiar! :))


PS: Pois... ser Gnomo é niente fare! ;)

Anónimo disse...

Senhores,
Viajar no futuro e possivel sim, para algumas pessoas.
minha esposa quando dorme, todos os dias vai ao futuro, sem ter o controle. e como se algo ou alguem quizesse leva-la aos lugares e presencisar coisas que acham importante ver. apos os sonhos, ela acorda e me conta, eu tento interpretar da melhor maneira possivel.
apos anos vendo de perto este fenonimo, cheguei a conclusao que: de alguma forma o futuro ja esta escrito, e se sabermos o que nos espera, podemos manipular esse futuro, isso se voce der atençao, muita atençao, pois de alguma forma, algo ou alguem quer que nos saimos bem em nossa vida, e nos sonhos que ela tem, mostra isso.
todos os sonhos dela, todos os dias, sao futuristicos. tudo que sonha acaba acontecendo, absolutamente tudo 100%, isso seu eu nao interferir, mudando as açoes, evitando sertas açoes que poderia levar ao acontecimento previsto no sonho. E INCRIVEL.

Meu nome e Joedes, e atraves desses sonhos, sempre recebo avisos e informaçoes para que eu me comporte de um determinado geito para que tudo de certo.

Se alguem souber de algum cientista que estude profundamente esse tipo de caso, me avisem (joedes@hotmail.com.br - 62.8126.9350).

alf disse...

joedes

Gostei muito de ler o seu comentário.

Também eu já tive alguns sonhos premonitórios e imagino que isso aconteça a muitas pessoas, pelo menos uma ou duas vezes na vida.

Eu sugeria-lhe que fosse você o cientista: registe os sonhos da sua mulher, detalhes, datas, se os sonhos se repetem ou não, e depois os acontecimentos que pensa corresponderem aos sonhos, quanto tempo depois ocorreram, onde corresponderam e onde se afastaram dos sonhos.

A Ciência começa pela colheita de dados, que deve ser o mais rigorosa possível, deve evitar toda a tendência para «provar» alguma coisa nos dados.

A segunda fase é a análise dos dados; diferentes análises podem ser feitas, diferentes teorias e explicações; mas os dados, esses, têm um valor absoluto, são imutáveis.

Por isso, o trabalho fundamental é a aquisição dos dados e está na sua mão fazê-lo.

Quando tiver dados suficientes, muito mais facilmente encontrará quem queira prosseguir a investigação; e pode fazer várias coisas, como publicar um livro e divulgar na net.

Eu não conheço quem possa fazer essa investigação agora; mas sei que há alguns institutos que se dedicam a isso em países europeus, embora não conheça nenhum em Portugal; mas no Brasil há certamente.

No seu lugar, eu faria o meu «trabalho de casa»: registar cuidadosamente toda a informação relativa os sonhos de sua esposa; só depois me preocuparia com o que fazer com essa informação.

Os cientistas, em geral, bem como muitas pessoas, não estão abertos a esse tipo de investigação; a atitude predominante é a de que não existe o que não sabem explicar com os conhecimentos que têm; e como não sabem explicar esse tipo de fenómenos, rejeitam-nos e tratam as pessoas que falam deles como malucos.

Um abraço