sexta-feira, outubro 14, 2011
Há uma Luz!
As medidas anunciadas pelo Passos Coelho fizeram-me cair os queixos de espanto; o rol de desgraças que se vão seguir foram-se amontoando na frente dos meus olhos - uma recessão de pelo menos 5% é garantida, os incumprimentos bancários a disparar em flecha, o aumento do desemprego (se o horário de trabalho aumenta 7%, os patrões vão despedir 7% dos trabalhadores, não é? Não se produz mais porque não há mercado, não é por falta de horas de trabalho). Mas depois comecei a ver o lado positivo da coisa. Bati com a mão na testa! Genial, sem dúvida. Não sei se é consciente ou não, mas o certo é que o Passos Coelho aponta o caminho para sairmos deste sufoco.
O processo de conduzir pessoas a uma situação que não lhes convém consiste em lhes dizer que se está a cuidar delas através da imposição de suaves medidas que as empurram para onde elas não querem - elas estão «doentes» e por isso precisam de «remédios»; as pessoas ficam cada vez pior e o que fazem é ir tomando mais «remédio», não é? o raciocínio das pessoas é simplório; este processo tem de ser lento para que as pessoas se vão adaptando e resignando à sua condição sucessivamente pior. Isto é muito bem conhecido.
A troika estava a desenvolver um plano destes, um plano que quem seguir os textos do Dr. Jordan compreenderá; suavemente seriamos conduzidos a aceitar como boa uma situação em que ficaríamos todos reduzidos a uma miserável sobrevivência, mão-de-obra barata para as fábricas europeias. Combater este plano de peito aberto é impossível neste país atrasado - pode ser possível para os Gregos, que estão a conseguir sucessivos sucessos nessa batalha - mas não aqui.
Que fazer?
O Primeiro Ministro encontrou uma solução: se aumentarmos a dose do «remédio», vai-se tornar evidente que não cura mas mata! E ele vai poder dizer à troika: Então? Fomos tão bons alunos! Fizemos tudo o disseram e até excedemos! Como é?
Como entretanto a solução B se começa a desenhar na Europa, o drama que aqui vai acontecer obrigará à sua rápida implementação. Em meses isto estará resolvido. Ou vai ou racha. Pode ser que rache, mas também pode ser que se resolva e se o Passos Coelho fosse de mansinho de certeza que rachava. Assim, ao menos há uma possibilidade. A ver vamos.
O processo de conduzir pessoas a uma situação que não lhes convém consiste em lhes dizer que se está a cuidar delas através da imposição de suaves medidas que as empurram para onde elas não querem - elas estão «doentes» e por isso precisam de «remédios»; as pessoas ficam cada vez pior e o que fazem é ir tomando mais «remédio», não é? o raciocínio das pessoas é simplório; este processo tem de ser lento para que as pessoas se vão adaptando e resignando à sua condição sucessivamente pior. Isto é muito bem conhecido.
A troika estava a desenvolver um plano destes, um plano que quem seguir os textos do Dr. Jordan compreenderá; suavemente seriamos conduzidos a aceitar como boa uma situação em que ficaríamos todos reduzidos a uma miserável sobrevivência, mão-de-obra barata para as fábricas europeias. Combater este plano de peito aberto é impossível neste país atrasado - pode ser possível para os Gregos, que estão a conseguir sucessivos sucessos nessa batalha - mas não aqui.
Que fazer?
O Primeiro Ministro encontrou uma solução: se aumentarmos a dose do «remédio», vai-se tornar evidente que não cura mas mata! E ele vai poder dizer à troika: Então? Fomos tão bons alunos! Fizemos tudo o disseram e até excedemos! Como é?
Como entretanto a solução B se começa a desenhar na Europa, o drama que aqui vai acontecer obrigará à sua rápida implementação. Em meses isto estará resolvido. Ou vai ou racha. Pode ser que rache, mas também pode ser que se resolva e se o Passos Coelho fosse de mansinho de certeza que rachava. Assim, ao menos há uma possibilidade. A ver vamos.
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11 comentários:
O problema é que não voltaremos aos direitos anteriores, quando da implementação do plano B.
Partiremos desta nova realidade e a desvalorização do trabalho estará conseguida em ambos os casos.
Abraço livre.
Horizonte XXI
É verdade; a minha esperança é que ests acontecimentos abram espaço para as pessoas aqui começarem a questionar e a pensar sobre as regras da sociedade, a desenvolver um novo entendimento; esse entendimento é que pode começar a modificar as coisas. É uma esperança apenas...
Abraço
Também estou certo disso, depois do inferno, mais quente só mesmo em Beja... onde fica isso? Em Portugal.
O teu raciocínio faz pleno sentido, mas penso que ele, a ser fundamentado, é somente parte da equação, uma vez que quando rachar há uma margem de manobra que entretanto se obteve: a chamada sustentabilidade realista [isto é, não financiada e deficitária] da nossa economia. Vou citar-te, com prazer.
Abraço.
Joshua
Obrigado.
Este post foi um bocado um desabafo, um pensamento inquieto. Penso que o Passos Coelho e os seus ministros vivem um sufoco, não conseguem ultrapassar o nível dos raciocínios simplórios, estão em pânico e vão fazer encalhar rapidamente este navio.
Desconhecia a ideia da sustentabilidade realista e tens toda a razão
Eu penso que as economias se crescem, a massa monetária tem de crescer também, logo tem de haver dinheiro a ser impresso, continuamente, e esse dinheiro tem de entrar pelo Estado na economia.
A finalidade da economia não é a economia, é o desenvolvimento da sociedade; o actual sistema perdeu completamente de vista esse objectivo e inverteu as prioridades, funciona como se o objectivo fosse as finanças e não a sociedade.
fora do tema, ou um pouco atrasado: o FED detém 50% da dívida americana e o BCE apenas 5% da dívida soberana. (in OJE, jornal económico )
Creio que trens razão mas não invalida que estamos feridos mortalmente.
Ontem, num noticiário na TV o comentador económico bem conhecido afirmou que noutro país já haveria políticos atrás das grades. Será que o poder político e o militar decidem tomar posição ( mesmo sem poderem pensar em alternativas ? )
UFO
Esse dado que me dizes ilustra à exaustão o que tenho andado a dizer - o FED possuir 50% da dívida americana significa que 50% da dívida americana é paga com dinheiro impresso pelo FED; mas além disso o FED também compra a dívida incobrável da banca.
Ou seja, o banco central tem um papel decisivo em manter a economia nos eixos; e se a economia na europa está fora dos eixos PARA ALGUNS PAÍSES é evidentemente porque o BCE o pretende, como esse dado demonstra claramente.
Quanto a quererem por políticos na prisão, compreende-se: há que encontrar culpados não é? Sobretudo um comentador de economia que sente que precisa de dar a ideia de que percebe do que está a falar.
A dívida grega aos bancos franceses e alemães é enorme, daí o empenho desses dois países em resolver o problema grego e que vai levar esses bancos a perdoarem 50% da dívida.
Um ponto interessante abordado por "joshua":
- a partir de um Poder com uma
sustentabilidade "totalista" as medidas adoptadas podem levar-nos a uma desejável mentalidade "realista".
Peter
Uma coisa boa desta crise é que as pessoas começam a pensar.
Quando se fez esta europa de fronteiras abertas mas de orçamentos por país, a consequência já se sabía qual seria: o país mais forte teria saldo positivo na sua balança de pagamentos e os outros todos saldo negativo. Isto implica que ao longo dos anos os euros que existiam na europa foram escorrendo para o país mais forte, a alemanha. Como a alemanha está inundade de euros, não quer o que o BCE imprima moeda.
Nesta altura, nem a Grécia nem Portugal têm euros; a única coisa que têm é dívida. O empréstimo de casa que devemos ao banco, estamos na verdade a dever a outro banco onde o nosso foi buscar o dinheiro.
Ora como os euros estão na Alemanha, todos estamos a dever à Alemanha - o nosso banco pode ter ido buscar o dinheiro a um banco espanhol, mas este também não tem dinheiro, foi buscá-lo a outro - o último, o que realmente tem euros e não preciso de pedir emprestado, ou é a alemão ou é o BCE.
Portanto, a Grécia não pode pagar a dívida nem nós, porque ninguém tem euros, só há dívida.
Como sabem isso, a jogada dos alemães é fazer chantagem: ficamos com os vossos aneis e o vossos dedos em troco da dívida. Eles não estão a ajudar-nos, ninguém ajuda ninguém.
A única resposta que podemos ter é desenvolver uma estratégia que estrague a deles. Nunca por nunca ser fazer o jogo deles, é claro. Porque isto é uma guerra, aqui não há princípios nem morais, e é uma guerra pela sobrevivência.
Meu caro tem um blogue desconcertante mas muito interessante. Linkei na minha Ira.
Todos somos poucos nesta luta.
Um abraço.
Arame Farpado
Obrigado.
Gostei muito do seu blogue; já é mais do que altura de deixarmos de andar todos a fazer figuras de parvo e percebermos que os predadores da sociedade são nossos predadores. Também já está linkado, pois claro.
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