sexta-feira, novembro 07, 2008

Felizmente há Recessão!

Os meus leitores que me perdoem, eu tenho coisas bem interessantes e revolucionárias para apresentar, mas tenho de esclarecer os meus próprios raciocínios sobre a actual crise económica, tenho de encontrar uma compreensão que me permita sossegar o pensamento e partir para outras aventuras (bem mais dentro dos meus conhecimentos...). Este texto sou eu a tentar perceber com a ajuda dos meus «botões»; não procurem aqui ensinamentos de quem sabe, porque aqui apenas há reflexões de quem não sabe.

Como é que o PIB cresce sempre (ou quase) e a massa monetária não? Estar «mais rico» não é «ter mais dinheiro»?

Deixa-me lá ver um exemplo básico, que é como poderei começar a perceber as coisas.
Vou supôr uma comunidade de 10 agricultores; todos cultivavam a sua propriedade e faziam tudo o que precisavam: a sua casa, as suas ferramentas, os seus móveis. Um deles, o Loulel (inventei este nome agora), era um grande azelha como agricultor, ou então o seu terreno era mau, o certo é que as culturas eram sempre um desastre. O homem estava bem magrinho, coitado. Em compensação, esmerava-se nas outras coisas, não entrava água no seu telhado, as suas foices eram excelentes, as rodas da sua carroça nunca se partiam, etc. Mas as couves... Um dia teve mesmo de ir pedir comida aos outros, já não dava para aguentar tanta fomeca.
Um vizinho propôs-lhe então o seguinte: dar-lhe-ia couves em troca de uma foice nova! Dito e feito! Outro vizinho surgiu logo com nova proposta: um coelho pelo arranjo do telhado!
E assim o nosso agricultor desastrado ganhou uma nova vida. A agricultura, esqueceu-a. A sua actividade era fornecer os vizinhos de todo o tipo de objectos – foices, mochos, carroças, arados, etc.. E assim ganhava a sua comida.

Mas surgiram problemas: a comida tem as suas épocas, as necessidade de objectos outra; a comida que um vizinho tinha para lhe fornecer não era a que ele queria mas sim a de outro vizinho! Então inventaram um sistema, uns objectos a que chamaram «dinheiro» e que serviam de vale – ele fornecia uma foice a troco de uma certa quantidade de dinheiro que depois trocaria, com esse vizinho ou outro, pelo produto alimentar desejado.

Não era preciso muito dinheiro. Entregava uma foice, recebia dinheiro, que trocava por comida; entregava outra foice, recebia outra vez o dinheiro, voltava a comprar mais comida.
O total de comida que ele conseguia tinha a ver não com a quantidade de dinheiro mas com a velocidade com que circulava, com o fluxo de dinheiro.

Ahh, já estou a perceber porque é que podemos ficar todos mais ricos sem aumentar a quantidade de dinheiro: o que tem de aumentar é a circulação de dinheiro!! O Fluxo monetário é que interessa!!!
Então, para ficarmos todos mais ricos, o que há a fazer é aumentar a produção / consumo. Daí as teorias económicas como a da «
Oxidação do dinheiro». Deixa-me lá voltar à história para ver o que isto dá.


Então, o Loulel pensou: se eles cultivarem mais terreno vão produzir mais comida e vão precisar de mais foices e arados; se eu produzir mais e os convencer a trabalharem mais, vou ter mais comida! O magricelas do Loulel tinha-se transformado num grande comilão...
E assim foi: o Loulel teve artes de levar os outros a entrarem em competição, a ver quem produzia mais; quanto mais produziam, mais foices e arados o Loulel vendia.

Surge um problema: precisam de arados mas só poderão pagar com a colheita futura. Arranja-se uma solução: cria-se um «banco», onde cada um põe uma pequena quantidade de dinheiro; esse banco empresta então dinheiro a quem precisar para comprar arados ou foices, que depois devolverá ao banco quando fizer a sua colheita e a vender ao Loulel – com uma pequena taxa, bem entendido, é preciso pagar ao Tinol que, para tomar conta do Banco, teve de desistir da agricultura.

E outra nova ideia! Em vez de cada agricultor negociar individualmente a venda dos seus produtos, porque não fazer com os alimentos o mesmo que com o dinheiro? Criaram uma cooperativa que centralizava a compra e venda de alimentos. Mas isso teve uma consequência de que os agricultores não se aperceberam: na hora de vender à cooperativa, todos queriam o preço mais alto; mas na hora de comprar, agricultores e não-agricultores queriam o preço mais baixo. Em consequência, a tendência dos preços foi para baixar. Isso não preocupou os agricultores a princípio porque a produção estava a crescer com os novos meios que o Loulel ia produzindo.

(estou a perceber-me... nós queremos pagar o mínimo possível à empregada e, ao fazê-lo, estamos a fomentar o mecanismo que faz com que o nosso empregador nos pague o mínimo possível)

O Loulel, inteligente como é, desenvolve métodos de produção em série, que permitem que o produto saia muito mais barato e satisfaça a crescente procura. O Loulel produz, produz, mas então surge um problema: a produção dos agricultores não pode crescer indefinidamente, as pessoas só têm um estomago, não é? Mas os preços continuavam a descer e o rendimento em queda dos agricultores não lhe permitia comprar ao ritmo que o Loulel produzia, a produção em série tem esta limitação, não dá para produzir pouco, o Loulel estava a produzir para o armazém.

Bem, isto está um bocadinho forçado mas serve para representar a grande depressão americana dos anos 20 e 30 – os ordenados dos trabalhadores não lhes dava poder de compra para consumir a grande produção das fábricas. A crise instalou-se porque o fluxo monetário ficou estrangulado nos trabalhadores.

Para escapar ao desastre e escoar a sua produção, o Loulel tomou duas medidas: passou a pagar mais pela comida, para recuperar o poder de compra dos seus clientes, e globalizou a sua actividade, passou a fornecer também os agricultores doutras zonas – uma óptima ideia para a Loulel e para os outros agricultores, que ganharam acesso a equipamentos que muito lhes aumentavam a produção de alimentos. Os agricultores do início desta história também passaram a vender para outros mercados e puderam assim aumentar a produção.

A carteira de clientes do Loulel cresce novamente. Para evitar saturar o mercado, o Loulel vai introduzindo novos produtos e vai introduzindo novos modelos de arados e foices, mais sofisticados e mais caros, naturalmente. Os agricultores são estimulados a aderirem aos novos produtos. Não tem ainda uma mesa de cabeceira? Que vergonha!! ? Mochos em vez de cadeiras? O seu arado é do modelo básico? O seu trator não tem GPS? Tschh tschhh...

A competição entre agricultores deixa de ser entre quem produz mais mas entre quem tem mais. Quem consome mais, porque o Loulel está sempre a sair com novos modelos para todos os seus produtos, o que torna os anteriores obsoletos «socialmente». Os empréstimos do banco deixam de ser amortizados, pois se se pode apenas pagar os juros, para quê amortizar? O próprio Loulel já nem vende a «pronto», apenas a «crédito», a etiqueta que dantes anunciava o preço do produto anuncia agora apenas o valor da prestação. Que interessa o preço? A prestação é que interessa...

Os agricultores compram, compram; e, às tantas, tudo o que produzem só chega para pagar as prestações, já não podem comprar mais nada! Alguns nem percebem como chegaram a essa situação, pois viviam ainda na ilusão de que os seus rendimentos continuariam a crescer no futuro como cresceram no passado. Já não crescem, a globalização já deu o que tinha a dar. Mas o certo é que essa situação é uma tragédia, o Loulel já não poderia vender nada, o fluxo monetário pararia, regressariam à miséria inicial. Mas todo o problema tem solução, não é? Então o banco surge com uma solução – todas as dívidas são integradas numa só, a coberto da hipoteca da casa; como a casa é um bem duradouro, a amortização do empréstimo fica para as calendas e os agricultores, agora designados por «as famílias», uma nova designação para «povo», passam a pagar só juros do empréstimo!!! Que o empréstimo seja um pouco maior que o valor da casa não impressiona, o negócio dos juros mais do que cobre o risco associado.

Folga para mais compras. O Loulel a produzir mais produtos irresistíveis,que muito facilitam a alegram a vida das famílias. Rapidamente, a folga financeira conseguida com a renegociação dos créditos se esgota. As «famílias» não têm dinheiro para mais créditos. Deixam de comprar. O Loulel começa a fazer «promoções». As famílias não compram, ele não vende. Isto vai mal. O preço das casas cai, não há quem compre. Drama. Uma solução surge no horizonte: se as casas agora já só valem metade da hipoteca que têm em cima, entrega-se a casa ao banco e parte-se para outra, que só custa metade da dívida! Aí os bancos tremem. Contraproposta desesperada – um período de carência em que as pessoas só pagam uma renda pela casa, menos que o juro da dívida, algo como o juro que teriam de pagar por um empréstimo do valor actual da casa.

Mas a crise está instalada: as «famílias» reduzem drasticamente as compras. Os «Loulel» não escoam os produtos. As empresas fabricantes quebram lucros. As acções na bolsa desvalorizam. Tudo porque o fluxo monetário se reduziu. É preciso aumentar o fluxo monetário de novo. Os governos injectam dinheiro no sistema.

Hummm... não está mal a descrição... a causa da confusão é o estrangulamento do fluxo monetário nas «famílias». No fundo, o mesmo que já aconteceu na grande depressão... só que agora o aparecimento do crédito permitiu ir disfarçando e adiando a crise... o problema não estará, portanto, no crédito, está na real diminuição de rendimento de 90% das pessoas. Que, como já referi, aqui e aqui, é uma consequência fatal do facto de os 10% mais ricos dominarem muito mais de 50% do fluxo monetário e terem um crescimento muito superior ao PIB.

Será uma característica do Capitalismo? O Capitalismo será um sistema óptimo quando se parte de uma situação de igualdade mas conduz fatalmente a uma desigualdade crescente que acaba por o estrangular?

Hummm... a Revolução Francesa aconteceu porque a desigualdade era enorme... a monarquia acabou em Portugal quando a miséria do povo bateu no fundo... não, o crescimento da desigualdade não é uma característica do Capitalismo, é uma tendencia sistemática das sociedades humanas.

É essa tendência que o Socialismo pretende contrariar. O problema é que o Socialismo, como teoria económica, ainda tem de ser inventado (o que existe é a definição de funções sociais do Estado e um teoria de actividades planificadas, não é uma teoria económica; os países nórdicos têm alguma coisa mas funciona só em espaços fechados, o que é uma limitação importante). Como construir um sistema económico que se inicia numa sociedade desigual e produza crescimento sem aumentar a desigualdade média, pelo contrário?

Mas, reparo agora, em recessão estou eu há vários anos – o meu rendimento líquido só tem diminuído. Na verdade, 90% das pessoas do mundo ocidental estão a perder rendimento, em média, há vários anos. Muitos anos. Nos EUA, desde 2000 que o ordenado médio diminui. Quem pode ser afectado pela «crise» são os 10% mais ricos. Claro, isso já se sabia, a sua riqueza não podia continuar a crescer várias vezes acima do PIB! Então a recessão é para os ricos, para os outros significa que o seu rendimento terá de aumentar para repôr o fluxo monetário necessário ao funcionamento do Capitalismo! Viva a Recessão!!

E por que é que o PIB tem de crescer indefinidamente? Vamos trabalhar mais para produzir mais coisas para ganharmos mais dinheiro para comprarmos mais coisas? Que coisas? Que tal comprarmos TEMPO para variar? Menos horas de trabalho, mais tempo para pensar, para conviver, para estar vivo simplesmente? Os japoneses não estão em recessão há uma data de anos e não são o povo com a esperança de vida mais alta?

Hummm.... deve ter sido isso que os americanos pensaram quando escolheram o Obama... e eu preocupado com a «recessão»!! Ora bolas! A Recessão só significa que as coisas vão melhorar!!!

E o problema está nesta questão: Como construir um sistema económico que se inicie numa sociedade desigual e produza crescimento sem aumentar a desigualdade média, pelo contrário?

12 comentários:

alf disse...

A parábola que conto é isso mesmo: uma parábola! Poderia ser mais fiel à realidade, mas isso necessitaria de mais linhas; e quem tem paciência para ler um texto ainda maior? (já me estou a adiantar aos comentários que irão dizer que eu não referi as alterações de massa monetária, as taxas de juro, a especulação bolsista, etc, etc.)

E, sobretudo, isto é um desabafo.

Manuel Rocha disse...

Boa tentativa !

Mas o Alf faz o que é tipico do economista ortodoxo: esquece para efeitos de análise que por detrás do Loulel tem que haver reservatórios de madeira para as rodas, ferro para as foices e carvão para o fundir. E como o Loulel não pode trabalhar 24 horas por dia e 365 dias por ano, ou arranja escravos ou outra fonte de energia que lhe permita romper a limitação que constitui a sua capacidade de incorporar trabalho no processo. Ora o aumento dos fluxos de moeda e as novas tecnologias podem adiar os limites do crescimento. Mas não o resolvem.

Sugestão de leitura: Ivan Illich; " Energia e equidade".

Patrícia Grade disse...

Em tudo isto, concordo contigo numa coisa Alf, a recessão só pode significar que as coisas vão melhorar.

Quando batemos no fundo, acabamos por ser obrigados a fazer uma análise profunda da nossa vida e do que podemos mudar nela. Temos uma sociedade inteira a manifestar-se, a acordar para a participação cívica porque o mal lhes chegou ao bolso. Hoje em dia, as "famílias" têm de pensar muito bem sobre que gastos podem fazer e esse pensamento leva-nos a criar alternativas ao consumo que se traduzirão a médio e longo prazo numa sociedade mais consciente... talvez...

Sim, a recessão tem de ser a mudança para melhor... será possível bater ainda mais no fundo?

alf disse...

Manuel

O esgotamento ou não dos recursos é uma questão importante mas não é exactamente a minha preocupação neste post, embora tenha sido em posts anteriores e, provavelmente, voltará a ser com mais cuidado em posts futuros - no fundo, a relação entre recursos e população determina a Inteligência da sociedade humana, um problema que já tetei começar a equacionar com o Princípio da IN e onde tenho ainda de gastar muita matéria cinzenta..

alf disse...

Indomável

Que prazer em ver-te!

Concordo com tudo o que dizes - a Recessão, por um lado, é um ensinamento e, por outro, é a altura em que as coisas vão começar a melhorar económicamente para as «famílias». Haja esperança!

alf disse...

Um pensamento desta manhã: onde é qeu o fluxo monetário «engarrafou»? Sim, as «famílias» estão com menos dinheiro, mas isso é porque ele saíu delas e não regressou a elas. Onde ficou o dinheiro «preso»?

Nos «ricos» certamente. As poupanças dos mais ricos (não conseguem «gastar» tudo o que ganham, logo têm de «investir») são usadas não em investimentos que alimentam o fluxo monetário ao longo de toda a sociedade, mas em investimentos especulativos, ficando o dinheiro a circular em circuito fechado entre os «ricos», entre negócios especulativos e, portanto, fora do fluxo monetário - é como se tivesse sido retirado da circulação, parte do dinheiro ficou preso em vórtices de circulação local em vez de geral. Será?

O Diogo (http://citadino.blogspot.com/) tem um interessante post em 30 de Outubro sobre a variação da massa monetária.

alf disse...

só um esclarecimento: não tenho nada contra os «ricos» nem os culpo de nada, não ando à procura de «culpados», apenas de entender o que não correu bem e como se pode fazer as coisas para poderemcorrer melhor no futuro

Manuel Rocha disse...

Ou...esse "dinheiro" simplesmente nunca existiu porque o mercado financeiro não é uma mercearia. Um cheque, uma acção ou uma letra não são dinheiro. São promessa de dinheiro. Os bancos dão crédito em função dos fluxos médios e não do nivel do reservatório. Basta que as cobranças das "promessas" ultrapassem num momento o "fluxo" circulante, para que o sistema rompa.

Há coisa de uns vinte anos apareceu numa caixa agricola um cliente que deve ter ouvido esta história e para tirar dúvidas chegou ao balcão e disse: "eu quero ver o meu dinehiro". Mostraram-lhe o papel com o saldo e o senhor repetiu o que já tinha dito: " não, o que eu quero é ver o meu dinheiro!". Assinou então um levantamento e levaram-lhe os mil contitos da conta num tabuleiro. Nem contou. Deu-se por satisfeito, assinou um depósito e o dinheiro voltou ao cofre. É claro que se ele tivesse um deposito de cem mil contos o gerente não os tinha para ele VER. Mas ele lá foi convencido que não seria assim....

;)

antonio ganhão disse...

Meu caro, lá no emprego conheço muitos Leoneis, estéreis no trabalho, mas sempre de foice afiada...

alf disse...

manuel rocha

Creio que se o dinheiro é «real» ou «imaginário» não é muito relevante; o que é relevante é a variação da quantidade total de massa monetária, real+virtual, existente em cada momento, porque isso altera o fluxo monetário e este é que é relevante.

Como ficará claro no post seguinte, creio eu, os EUA e os outros paises têm estado a aumentar a massa monetária para fazer face ao verdadeiro problema; suponho que se a política do petrodólar se tivesse aguentado mais uns tempos, teriam conseguido adiar a actual crise; mas não se aguentou e tornou impossível continuar a aumentar a massa monetária e, assim, tornou-se impossível compensar o fluxo monetário decrescente para os menos ricos.

alf disse...

antónio

pois é, quem não trabalha ocupa-se a afiar foices rsrsrs

(ou a fazer blogues)

Rui leprechaun disse...

Mas que grande sermão... isso vale por muitas parábolas bíblicas ou contos zen, bem mais curtinhos!

Bem, intelectualmente eu até posso perceber a lógica desse raciocínio, mas é uma compreensão árida, sem alma.

Afinal, qual a importância de ter muitas coisas para além das que nos bastam? Sobretudo, a partir de uma certa altura em que já disfrutámos delas e pretendemos regressar à simplicidade inicial.

Alguma comida, vestuário e um abrigo, eis as necessidades físicas primárias e básicas.

Ontem, li um artigo belíssimo sobre Abraham Maslow, no único site em que esquadrinho minuciosamente tudo o que o autor escreve: Spiritual Wealth

Ah! curiosamente é alguém que esteve em tempos muito ligado à Bolsa, e ainda recentemente escreveu um livro sobre o tema.

Pois bem, de Maslow todos conhecem a famosa hierarquia das necessidades, que parte da fisiologia mais básica até ao pico da auto-realização.

Mas eu não sabia que, no final da sua vida, o psicólogo humanista tinha aberto as portas da psicologia transpessoal, muito ignorada ainda no meio académico, ao avançar para um plano superior: o da auto-transcendência.

E sim, esta minha conversa que parece talvez tão deslocada e aluada tem mesmo a ver com o espírito deste blog adorável e que continuo a publicitar insistentemente junto de quem tem sensibilidade e vontade de pensar por si próprio!

Só sei falar do que sinto e, em certa medida, realizo, porque me interessa ou toca o meu íntimo. Discussões sobre economia e finanças, ou bolsa, crash e recessões não me tiram da consciência normal e racional, deixam-me frio ou até talvez irritado e enfadado. Logo, não são as palavras que eu posso comentar, mas porventura o espírito ou a ânsia que as move.

Meaning... talvez a resposta a essa pergunta final esteja na superação da tal pirâmide, ou a transcendência do ego individual e o sentimento de uma íntima conexão com tudo o resto. Sim, o "eu sou tu" não é apenas um arroubo místico ou a paixão última dos amantes, mas talvez o inocente regresso ao estado de não diferenciação inicial em que o recém-nascido não é consciente da sua própria individualidade ou separação ilusória do outro... Mother is everything!!!

Para Maslow, como para os sábios indianos de outrora, a transcendência é acompanhada por um sentimento intenso de felicidade e bem-estar e essa sereníssima consciência de unidade com o outro... we are the very same Being!!!

And yes, I do feel it sometimes... quem dera que um estado tão maravilhoso se prolongasse para sempre!

Einstein também já o tinha proclamado nestas palavras:

The true value of a human being is determined primarily by the measure and the sense in which he has attained liberation from the self.

Incrível como as maiores luminárias do presente repetem as mesmíssimas coisas que têm sido ditas constantemente desde os primórdios da história.

Logo, a auto-consciência é o segredo... que amor supera o medo!!!