terça-feira, novembro 06, 2012

Quem tem o Poder?



Um aspecto que me parece importante salientar nesta altura é o seguinte: fala-se muito da importância dos mercados, que estamos submetidos aos mercados, são as leis dos mercados que nos regem, o sistema é baseado na confiança nos mercados, etc, etc.

Tretas!!!

O sistema é baseado na confiança sim, mas não nos mercados – na confiança no Estado. É por isso que o Estado é que avaliza os depósitos e avaliza os próprios bancos. O sistema financeiro é tão independente, tão independente, tem impressoras para imprimir dinheiro à sua vontade, o BCE empresta à banca a juro quase nulo, a fiscalização é toda sua, mas quando se trata de aguentar com os prejuízos é o Estado que tem de por a mão por debaixo.

Um paradoxo, não é?

Na verdade, quem tem o Poder é quem faz as Leis e os Decretos-Lei.

O Estado está sujeito à chantagem dos mercados? Só enquanto o quiser – basta-lhe ameaçar tirar “ a mão debaixo” para os mercados se ajoelharem. E para acorrerem a emprestar dinheiro às dívidas soberanas que é onde ele está seguro; não é o Estado o avalista final?

Não quer isto dizer que os financeiros não tenham poder; têm, mas um Estado na mão de quem tenha cabecinha acaba sempre por levar a melhor. Pode abanar se apanhado de surpresa, mas depois acaba por sair vitorioso (desde que tenha governantes à altura...)

Os mercados são altamente previsíveis no seu comportamento, funcionam para o lucro máximo no prazo mínimo; e os Estados, querendo, manobram-nos à sua vontade. As crises financeiras não são nenhum fenómeno natural, algo que nos ultrapassa e submerge; são o mero resultado da acção predatória de uns que querem enriquecer à custa dos outros. Uma acção de consequências previsíveis com antecedência para quem percebe um mínimo do assunto, por um lado; por outro lado, a previsibilidade do comportamento dos mercados faz das crises um fenómeno manipulável, programável, por quem percebe do assunto. Ou seja, a crise tanto pode surgir periodicamente porque a ganância financeira gera ciclos presa-predador como pode surgir porque um Estado fez manipulação para a produzir.

Quando olhamos para a actual crise do Euro, a primeira coisa que é evidente é que ela não se deve a uma dívida soberana excessiva. A nossa é igual à da generalidade dos países e a de Espanha é metade. Nem é devida a uma balança externa deficitária, a da Grécia não o era; nem à fraqueza da economia, a da Itália é pujante. Nem sequer é devida à crise financeira porque os países fora do euro não estão com um problema desta dimensão. Não há nada de comum entre os países afectados a não ser uma coisa: não estão sob o domínio Franco-Alemão na Europa.

Quem faz uma guerra, o primeiro cuidado que tem de ter é esconder isso. A primeira habilidade de quem quer fazer a guerra é a arte da dissimulação.

“Deus é Subtil” disse o Einstein; a nossa inteligência é muito limitada e tudo o que nos parece lógico, acertado, óbvio, nunca o é. Se é tão óbvio que são os financeiros quem puxa os cordelinhos da actual situação, é porque... não são!

Esta crise foi produzida de propósito para gerar uma situação que permite atingir outro objectivo; numa guerra começa-se sempre por criar uma diversão. A diversão é a primeira operação no terreno.

Os financeiros são altamente previsíveis, fáceis de manipular, ideais para manobras de diversão. O verdadeiro problema não é financeiro, essa é a diversão.Tentar combater o problema olhando apenas para o lado financeiro é cair no engodo! É uma ingenuidade...

Eu andava convencido que o Governo não percebia nada desta tramóia; ela é sofisticada, comecei a desenhá-la com as conversas com o Dr. Jordan, depois percebi que tinha de ir mais devagar e comecei com as conversas com o Hans. Mas eis que em pleno dia de finados uma luz se me acendeu:

Imaginemos que o Governo conhece perfeitamente todo o plano. E suponhamos que não é conivente com ele. Como deve proceder?

A primeira coisa é não o mostrar: a arte da dissimulação é fundamental numa guerra, sobretudo quando se está em guerra com algo muito mais forte. Portanto, o primeiro cuidado a ter é manter o adversário convencido de que se está completamente apanhado no engodo.

A seguir, é preciso agir como um seguidor submisso e estúpido, desastrado, burro. Isso vai permitir fazer “erros” que irão comprometendo o sucesso da operação do outro.

Eu não vou divulgar aqui as minhas conclusões, seria fazer o jogo do inimigo. Esta guerra ainda está no começo. Mas uma coisa lhes digo: vou dormir muito mais descansado, desde que descobri que há génios neste Governo. De facto, o custo enorme da formação do ministro foi um belo investimento que este país fez. Penso mesmo que vamos dispensar a troika antes do fim do período acordado.

A única coisa que preciso fazer é colocar as minhas economias em certificados de aforro.

Reparemos agora na estratégia de Espanha: a Espanha é muito mais forte que Portugal, por isso a estratégia dela é outra – é a estratégia do porco-espinho. A Espanha não é suficientemente forte para ganhar a guerra, mas é suficientemente forte para poder causar estragos relevantes: a Espanha tem poder de dissuasão, empata o inimigo e isso enfraquece-o, desorienta-o, desorganiza o ataque. Nós não temos, por isso temos outra estratégia.

Ganhar tempo é fundamental porque existe mesmo uma crise financeira e ela vai cair em cima da Alemanha. Paradoxalmente, a crise financeira é algo que os arquitectos desta guerra não previram, estavam convencidos que iam desenhar um ataque imparável às dívidas soberanas; mas em breve será a própria crise que obrigará os financeiros a correrem para o porto seguro das dívidas soberanas dos países do Alho...

Ou seja, a resistência a este ataque não está descoordenada como poderia parecer.

Claro que há duas frentes de batalha: temos não só de furar os planos do inimigo como pôr de pé a nossa actividade económica; o Governo está a tratar da primeira, que é prioritária, eu vou continuar a pensar na segunda. É que temos de aproveitar a austeridade para endireitar o país, que tem vindo a ganhar uns podrezitos aqui e ali...


20 comentários:

Diogo disse...

Caro Alf, já estava à espera de asneira e esta chegou fatalmente.

Obviamente que um governo poderia supostamente fazer face às aldrabices da Banca.

Só que, a Banca conseguiu garantir o monopólio do dinheiro, e, com ele, dominar governos, deputados, Media e outros poderes, que impõem os seus interesses aos cidadãos. E este controlo tem um alcance mundial. Daí a dificuldade em combatê-la.

vbm disse...

A mim parece-me que o Diogo está a ver mal. Os bancos emitem moeda através do crédito e esse é o seu poder. Mas têm regras a que não podem subtrair-se - salvo vigarices como a do BPN e de um governador do BP abúlico e cobarde -, pelo que dependem do emissor de papel-moeda e dívida pública, último decisor o Banco Central/Alemanha-França.

Ora, a Alemanha não só vai parar de crescer como tem de aliviar a depressão nos demais países europeus para impedir-lhes a insolvência e a imparidade dos seus próprios créditos sobre a Europa.

E, embora isto sejam cursos de acção política dos governos, eles conformam-se com a economia inter-nações em que a diversa produção dos respectivos territórios são a forma efectiva de liquidação de saldos em dívida... :)

A parte política mais interessante desta crise, aqui em Portugal, é que finalmente a população percebe que quem paga os impostos é ela própria - e até agora, ela não percebia isso! Vale a pena aprender. E vigiar e controlar os governantes.

UFO disse...

Ainda bem que achas um propósito redentor em toda esta insanidade, dor, no afundanço da classe média e em que o país está a ficar exaurido.
Será que o falado ' banco de fomento', que parece desagradar aos banqueiros, é sinal de que algo está para mudar na relação de forças ?
No entretanto continuamos sem produzir coisas simples como produtos de higiene corporal. Em contraste na Africa do Sul os supermercados vendem quase tudo 'made in SA'.

alf disse...

Diogo

Eh eh... para si definição de asneira é "tudo o que é diferente do que eu penso"... eu estou habituado, desde sempre me especializei a dizer coisas diferentes do que toda a gente pensa... se fosse para dizer o mesmo, não valia a pena, não lhe parece?

Não estou a dizer que estou certo - em cada 100 ideias diferentes só uma se revela certa; mas essa faz a diferença e eu ando à procura dela.

Penso que vocês vai ter uma surpresa nas suas certezas em breve. No meu próximo post vou mostrar como é que o sistema bancário está a ser refundado.

alf disse...

vbm

Inteiramente de acordo. Sobretudo a parte de as pessoas terem percebido que o Estado não é uma vaca leiteira, que é preciso ter noção de economia de nações, que é preciso saber o que é o balanço externo, que é preciso ter o olho no movimento de capitais daqui para fora, que é preciso explorarmos os nossos recursos e não os deixar entregues à predação dos outros (por exemplo, aqueles turismos no Algarve em que ingleses e alemães compram as férias nos seus países e nem chegam a sair de lá de dentro enquanto cá estão não podem ser permitidos!), enfim, perceber que temos de viver dos nossos recursos e do que produzimos, é uma conquista fundamental!!!!

alf disse...

UFO

Exactamente; no próximo post vou expor como a banca está a ser refundada. Entretanto, a CGD já se começou a mexer para tentar assumir esse papel que deveria sempre ter sido o dela; mas não sei se irá a tempo.

Claro que na África do Sul os supermercados só vendem produtos made in SA! Na África do Sul e em todo o lado excepto aqui!!! É essa consciência que nos falta e que talvez esta crise ajude a adquirir, como refere o vbm.

Quando compramos um produto nacional, não estamos a gastar dinheiro, estamos a circulá-lo: quem produziu esse produto é a pessoa que, directa ou indirectamente, nos paga o ordenado; quando compramos um produto estrangeiro estamos realmente a gastá-lo porque a economia global só existe para os produtos que não podem ser produzidos localmente - temos de comprar combustível, aviões, carros, matérias primas, mas não temos de comprar alhos; mas os que produzem aviões não produzem alhos e têm de nos comprar alhos ou passar sem eles. Agora, quem produz aviões não compra aviões a outros a não ser numa estratégia pontual; e quem produz alhos não compra alhos a outros.

A nossa indústria de calçado vende no estrangeiro usando marcas que os nacionais desses países pensam que são deles; paradoxalmente, o pouquinho que vende cá é pela razão oposta: as pessoas compram (muitas) porque estão convencidas que estão a comprar um produto estrangeiro... Esta saloiice é que tem de acabar e esta crise é uma boa ajuda.

A Economia Global refere-se ao comércio dos produtos que não podem ser produzidos localmente, apenas isso!

Carlos disse...

“O sistema é baseado na confiança sim, mas não nos mercados – na confiança no Estado. É por isso que o Estado é que avaliza os depósitos e avaliza os próprios bancos. O sistema financeiro é tão independente, tão independente, tem impressoras para imprimir dinheiro à sua vontade, o BCE empresta à banca a juro quase nulo, a fiscalização é toda sua, mas quando se trata de aguentar com os prejuízos é o Estado que tem de por a mão por debaixo.

Um paradoxo, não é?”

Caro alf
Não veja aqui nenhum paradoxo, mas sim o poder que a banca tem, para em exigir, impor, aos governantes que salvem a banca. Caso contrário os amigos das empresas de notação financeira começam logo a dizer que; porque o coelho está a ficar careca, a confiança na dívida soberana portuguesa é de alto risco, blá, blá. Os políticos que não alinhem com o sistema são votados ao esquecimento... ai as vaidades, os meios de comunicação social começam logo a estrebuchar, etc, etc...

Penso que esta crise mundial não tem só o objectivo de ganhar dinheiro.
A merkel, barroso e trupe Lda já andam (já andavam, mas agora com mais afinco) por aí a dizer, a aproveitarem-se da situação, que a união europeia tem de ser aprofundada. Que bela desculpa para levarem em frente os seus intentos. Esta crise vai cada vez mais interligando as economias de forma a que não se possam, ou seja extremamente difícil sair. E para isso existe dinheiro sem fim para quem colaborar

“Na verdade, quem tem o Poder é quem faz as Leis e os Decretos-Lei.”
Discordo. Tem poder quem tem dinheiro. Poderia concordar consigo se tivéssemos um país mais coeso, mais unido. Mais patriota, mais nacionalista (ai que lá cai o Carmo e a Trindade). São outros tempos, em que as modernices (o ser-se moderno, culto, etc) trataram de eliminar.

(desde que tenha governantes à altura...)
1º aconselha-se, depois se não surte efeito, põem-se os jornais a berrar, se continuar a não surtir efeito, sempre se pode atacar economicamente o país, como o fizeram, e por último sempre se pode fazer cais um avião, ou um “louco” pode entrar em acção.

Não creio na sua hipótese do “seguidor submisso e estúpido, desastrado, burro.” Penso antes que são todos, ou quase, uma cambada de velhacos a tentarem governar-se

alf disse...

Carlos

pois, parece que o dinheiro tem o poder, não é? Mas não tem, o único poder que ele tem é o poder comprar quem de facto tem o poder.

Em breve porei um post a mostrar como é fácil dominar esta crise financeira; e como o Gasparzinho está já a conseguir isso. Suponho que isso será óbvio em muito pouco tempo, 3 meses talvez. A não ser que arranjem maneira de retirar o Gaspar, risco que ele corre seriamente porque os interesses em jogo são muito grandes. E isso é muito fácil de fazer. Apenas um homem sem família, como o Salazar, se isenta de pressões.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Alf,

Ainda estás a falar um pouco vagamente neste post e a deixar muito por dizer ao que parece. Vou aguardar pelos próximos posts para aí formar uma opinião e então contrapor ou concordar. No entanto a carta do Dr Jordan se não é verdade anda lá muito perto mesmo.

alf disse...

Paulo

Parece-me que com o discurso da Merkel ficou claro que não há outro objectivo na austeridade que não seja baixar os custos laborais; que é a única coisa que este governo tem feito. Nos outros países que lutam contra esta situação, a primeira coisa que fizeram foi cortar nos custos por cima, nos rendimentos e privilégios dos mais ricos e dos políticos e governantes.

No post a seguir à Carta vou mostrar como é fácil dar a volta ao poder financeiro e como propositadamente, penso eu, se criou a dependência dele para justificar a necessidade da austeridade.

Anónimo disse...

Quanto às intenções do "inimigo" não tenho dúvidas Alf. O que me leva a esperar por mais desenvolvimento da tua parte é a tua opinião de que há génios neste governo que estão a zelar pelos nossos interesses com uma manha dissimulada em estupidez e incompetência. Até agora sempre pensei que estivessem a dissimular as suas más intenções atrás dos valores conservadores profundamente enraizados na população. É uma teoria nova, algo reboscada, mas que por ser uma diferente perspectiva estou interessado em ouvir mais sobre ela. Só podemos formar opiniões se ouvirmos diferentes pontos de vista e chegarmos a uma conclusão a partir dessa esquizofrenia de pensamento. Claro que para termos certezas em política teriamos de saber as verdadeiras intenções dos actores políticos e essas são muito difíceis de saber. Podemos nos basear em dados dispersos e nas suas decisões políticas para chegarmos lá, mas dizer com certeza, ninguém consegue. Talvez anos mais tarde seja mais fácil, mas na época em questão, ainda por cima quando estão estratégias políticas em jogo que parecem ser uma coisa mas podem revelar-se mais tarde vir a ser outra, como no exemplo que deste, é muito difícil chegar a conclusões. Por isso aguardo por mais algo que tenhas a dizer. E acima de tudo gostava de saber em que te baseias para dizer que as privatizações são fictícias. Seria uma boa notícia para nós Portugueses que isso se confirmasse, pois parece ter sido apenas esse o objectivo e agenda deste governo, e do anterior já agora, o trabalhinho sujo que depois de terminado, fique como ficar o país será o único sinal da missão bem-sucedida deste governo, não para o país mas para aqueles que agem por trás da cortina: as privatizações, venda do país (bens públicos) ao estrangeiro e privados. Bom, mas não me alongo mais. Vou esperar pelo que tens a dizer. Abraço

alf disse...

Paulo

eu não sou um oráculo, faço cenários; posso estar certo ou errado, mas quem não faz este esforço está errado com certeza porque as coisas nunca são o que parecem; e a carta do Dr. Jordan é o cenário de quem está na pele dele - por exemplo, achar que o Gaspar é agente do FBI; eu só acho é que ele está preocupado com o país, mas isso é coisa que não passa pela cabeça de um Dr. Jordan.

Mais um dado para tu pensares: já viste como o MP está tão activo a investigar os dinheiros angolanos que entram em Portugal e a privatização da EDP e não parece nada preocupado com os 70 mil milhões que já daqui saíram desde que isto começou nem com o dinheiro do Dias Loureiro e amigos?

Quanto às privatizações, lembras-te do calendário? a esta hora, não devia estar quase tudo privatizado? Mas não está e a troika não se queixa, pelo contrário.

Quanto aos chineses, parece que a única intervenção que tiveram até agora foi... contratar o Catroga e a Cardona... então faz-se um investimento destes e nem se vai ver o que se comprou?? Há algum chinês em algum lugar da EDP?

Abraço

Anónimo disse...

A maior parte das privatizações estavam previstas para este último trimestre do ano. E a privatização dos CTT só estaria concluída em 2013. A juntar a isto temos de contar com uma possível falta de interessados que prolongará ainda mais os processos de privatização. A verdade é que EDP e REN já estão privatizadas. Empresas lucrativas apetecíveis. As restantes compreendesse que se arrastem um pouco mais. A certa altura começou a falar-se da concessão da RTP precisamente por causa da falta de potenciais candidatos para uma privatização. Mas mesmo assim não posso afirmar que estejas errado neste aspecto. Só acho que devemos aguardar um pouco mais. O mandato do governo não acaba neste ano nem no próximo. Quanto aos chineses, percebo que o que dizes possa realmente querer dizer alguma coisa mas também pode não querer dizer nada. A EDP é uma empresa lucrativa. Quem a adquiriu pode simplesmente ter querido manter a estrutura que lá estava com bons resultados, passando simplesmente a receber a maior fatia do bolo. Mas mesmo assim não descarto a tua tese ou suspeita. Ainda para mais porque a nomeação do Catroga é suspeita, depois de ter estado nas negociações com o FMI, pelo PSD, ainda antes deste governo ser eleito. Só digo que quem compra, entre muitas razões, compra porque sabe que é rentável, barato e lucrativo, e que vai passar a receber uma bolada anualmente desse negócio. Além do mais devemos lembrar-nos que a China é dos países que mais contribuem com empréstimo de dinheiro para o FMI. Por isso, adquirir uma empresa como a EDP a baixo custo, que lhe vai conferir lucros anuais, sabendo de antemão que o dinheiro que pagou por essa empresa irá servir para pagar empréstimo e juros ao FMI que por sua vez terá de devolver o dinheiro chinês investido, é um autêntico negócio da China. Mas não há certezas, apenas suspeitas e cenários como tu próprio dizes. Só não percebo o que queres dizer com o facto do MP investigar dinheiros Angolanos e a privatização da EDP enquanto não se preocupa com o dinheiro do BPN. Ou melhor, em relação ao dinheiro Angolano e á privatização da EDP compreendo, cheira-lhes a esturro e investigam. E nesse caso terias razão. Algo de estranho se passa. Mas porquê não investigar os dinheiros do BPN? Para quem trabalha afinal o MP?

Anónimo disse...

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10151149469088143&set=o.158466324265898&type=1&theater

Deixo aqui este link que leva até uma descoberta de uma cidadã comum após uma visita ao site do Ministério das Finanças. Trata-se de vários contratos de adjudicação de onde se destaca um: Uma aquisição de prestação de serviços de assessoria financeira à N.M. Rothschild & Sons Limited pelo preço contratual de 0,00 Euros. Para além do valor contratual convém também lembrar quem são os Rothschild e de onde são originários:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Fam%C3%ADlia_Rothschild

Não é dito isto na Wikipedia mas, para além das mais poderosas familias (se não mesmo a mais influente) da mais recente história da humanidade, eles são também dos mais infames.

alf disse...

Paulo Monteiro

Este é um mundo "capturado"; vou falar disso no post a seguir ao da refundação da banca.

Como a realidade é muito diferente da ideia que temos dela, tenho de dar uns quantos tiros em várias direcções para ver o que se aguenta e o que cai.

O MP é um espanto com as suas "fugas de informação"; se não é capaz de acabar com elas, é incompetente e não serve para nada; ou então, o que parece óbvio, as fugas de informação são propositadas, o que leva à tua questão: a quem serve o MP? Está "capturado" por quem?

o teu link é realmente espantoso!!!!
Abraço

Anónimo disse...

Acho que acreditas que neste momento o MP está capturado pela "Alemanha", que beneficiou das portas escancaradas que o BPN lhe deixou. Sinceramente não sei. As fugas de informação pode ser simplesmente um rebuçado de consolo para o cidadão, uma ilusão de que há um organismo independente a investigar a seriedade das coisas quando as pessoas desconfiam que há um jogo de interesses onde uns são recompensados por facilitarem este ou aquele negócio (o caso do Catroga por exemplo, caso não se confirme a tua suspeita de um negócio fictício). O teu post da refundação da banca é mais uma vez uma boa solução. Quem percebe da coisa e não age por imitação pode pegar no seu dinheirinho e investi-lo em certificados de aforro. Para além de um acto de consciência é até um acto de patriotismo. Também é preciso que as pessoas tenham dinheiro para colocar de parte, caso raro actualmente com cada vez mais estrangulamento. No entanto, no que toca às reformas do sistema financeiro e do Estado que propuseste - que no fundo seria isso, uma reforma, quando já constatamos catastroficamente que manter as coisas como estão é insustentável - não creio que sigam por aí porque já estou demasiado habituado às notícias tristes e negativas e às desilusões que a classe política nos dá constantemente. Será isso a tal refundação do Estado que se tem falado? Antes fosse, antes fosse. Mas como a esperança é a última a morrer vou esperar para ver e acreditar que sim. Mudando de assunto. Li a tua ficção do Dr. Jordan e mais uma vez achei muito interessante. Não li completa porque não encontro a 2ª parte, mas deu para perceber. Está lá realmente a resposta para uma pergunta que os povos fazem a si próprios contantemente sem nunca obter resposta. Porque é que uns são mais desenvolvidos que outros. E isso sobe-nos o ego a nós Portugueses, tantas vezes auto-críticos, derrotistas e admiradores do estrangeiro, enquanto deita por terra o orgulho nacionalista e racial dos países desenvolvidos. Gostava de partilhar, a conversa completa já agora, no facebook, citando o teu blog como fonte, porque é um óptimo complemento a outro texto que lá tenho. Tenho a tua permissão?

Abraço!

alf disse...

Paulo Monteiro

Em relação aos certificados de Aforro, este governo já está a tomar este tipo de medidas: atualmente, os certificados de aforro serão a melhor aplicação a prazo, pois agora têm um prémio de 2,75% sobre a fórmula de juro anterior. Ou seja, o governo já deu o pontapé de saída para as poupanças passarem da banca para o estado. O que não fez foi publicidade disso e as pessoas não sabem. Convém divulgar.

Quanto ao MP, a primeira objectivo de todas as instituições em qualquer parte do mundo é o PAÍS. Isso sobrepõe-se a tudo o resto, nomeadamente valores morais. Tudo está ao serviço do País, tudo tem de ser feito a Bem da Nação, como se dizia no tempo de Salazar.

É por isso que as ASAE nos outros países protegem os produtos nacionais e perseguem os importados - ao contrário da ASAE de cá, pelo menos no passado.

O MP devia andar atrás de tudo o que seja fuga de capital daqui. Nomeadamente, os dinheiros do BPN.

Mas o que é que o move? A entrada de capital!!! Ninguém investiga as entradas de capital, só as saídas!!! Alguma vez a Suiça se preocupou donde vem o dinheiro que entra nos seus bancos? Claro que não! Quem tem de se preocupar são os países de onde ele sai.

Portanto, temos um MP que parece agir contra os interesses do país. Tal como a Asae pelo menos há uns tempos atrás. Uma Erse sempre pronta a aumentar o preço da electricidade. Os programas de apoio à indústria, excepto no tempo do Sócrates, sempre protegeram as empresas estrangeiras e não as nacionais. Etc, etc. As nossas instituições parecem estar todas ao serviço de interesses que não são os nossos. Parecem e estão, por burrice ou corrupção.

O Dr. Jordan ficou suspenso; deixou perspectivado um futuro, mas não adiantava eu explicar muito na altura porque ninguém ia acreditar que há um plano para por as pessoas a ganharem no máximo 2 euros por hora, sem quaisquer direitos laborais nem sociais. Penso que dentro de poucos meses isso vai ser claro na Grécia. Saltei para o Hans porque é preciso falar da Solução.

Claro que podes usar o que escrevo como quiseres. Temos o mesmo objectivo. E estou tb interessado nos teus textos.

Anónimo disse...

Acho que não deves ter receio de dizer aquilo que realmente pensas independentemente do que pensam ou não as pessoas. Podes surpreender-te. Eu, por exemplo, estou inteiramente de acordo contigo. Acho que a crise da bolha especulativa foi uma arma política usada para colocar o mundo de rastos. E essa suposta dependência dos Estados dos mercados é bastante conveniente, sim. No fundo uns e outros são compostos exactamente pelos mesmos. Saltam da vida política para a vida pública e vice-versa. Por isso nunca se hão-de atrapalhar mutuamente. Depois há aquelas dinstias riquíssimas que nunca precisaram de se meter na política. Eles mandam na política. E a verdade é que quem quer jogar o jogo sabe como é que ele funciona: Os governos servem a finança e ponto final. Claro que o objectivo do FMI e do governo nunca foi recuperar a economia. Foi destruí-la, para criar condições para entrada de empresas estrangeiras (concretamente alemãs) exploradoras. Tudo é decidido e articulado ao nível dos G8 e dos G20. E das reuniões do Bilderberg, e da comissão trilateral, etc... E no meio dessa gente toda há os que mandam, que são os que se aliam, e os que obedecem, mas ninguém sai a perder, à excepção das populações. E Portugal é dos que obedece. Por isso o MP e todas as estruturas do país, funcionam contra o próprio país. Mas é ridiculo pensar que uma ditadura por exemplo, poderia por ordem na casa com um patriota acérrimo defensor do país á frente da nação. Não resistiria se não estivesse a trabalhar para interesses externos comuns. A moda política actual já não são as ditaduras. Já foi no séc. passado. Agora é a democracia corrupta. É muito mais fácil porque dá a ilusão às pessoas de que elas são livres e têm poder de escolha. Só há uma saída e uma salvação possíveis. Uma cada vez mais crescente e alargada informação e consciência nas pessoas. Só assim estarão unidas e serão muitas. Mas este sistema ainda capta muita gente. É suficientemente sedutor e ilusório para muitos na sua ignorância e cegueira. O governo sabe por a circular publicidade deste tipo: "facturar faz o país avançar". E em relação aos certificados de aforro? Sinceramente não acho que se salve nada neste governo. O objectivo é claro. A conferencia da Merkel e do governo com os empresários alemães fez-me lembrar a altura da invasão ao Iraque. Ainda em plena guerra já os empresários norte-americanos se reuniam a decidir quem ia ficar com a obras de reconstrução do país, quem ia explorar os campos de petróleo, etc... Foi isso que ela veio cá fazer. Não veio para demonstrar a solidariedade, apoio, etc... O governo ainda pediu que investissem aqui depois de ter criado condições para isso. Até o modelo de ensino já foi adaptado ao alemão. No fim disto tudo há os países aliados e os países subordinados. O objectivo é comum.

alf disse...

Paulo Monteiro

Pois, só posso concordar contigo em tudo...