sábado, abril 28, 2012

O Mistério das Crises



A evolução das sociedades humanas segue um padrão sistemático: começa por uma associação de pessoas que têm de juntar esforços para sobreviverem; para cada um, é óbvio que a melhor forma de melhorar as suas condições de vida nesta fase inicial é agir em função do interesse colectivo.

Depois, começando a sociedade a ter riqueza, a organizar-se, surge a desigualdade de riqueza e de poder; e a desigualdade tende a crescer imparavelmente porque os mais ricos têm mais capacidade de enriquecer do que os outros.

A princípio, isto não é um problema, porque o enriquecimento da sociedade chega para enriquecer todos; mas como a taxa de crescimento dos ricos é superior à taxa média, ou seja, do PIB, a taxa de enriquecimento da maioria das pessoas torna-se cada vez mais pequena; por outro lado, por várias razões, a taxa de crescimento do PIB também abranda em função do crescimento da desigualdade. Portanto, dois fenómenos ocorrem: a taxa de enriquecimento dos ricos é crescente e a da sociedade é decrescente a partir de certa altura.

Destes dois efeitos chega-se fatalmente à situação em que o enriquecimento de uns, por ser maior em valor absoluto do que o enriquecimento da sociedade, acaba por implicar o empobrecimento de outros; então, a desigualdade dispara até ao ponto em que todos, menos os mais ricos dos ricos, atingem o limiar da sobrevivência. Este meu post de 2008 mostra isso, tal como o vídeo acima. Aí, a sociedade estagna, fica no seu ponto extremo, em que uns poucos controlam a quase totalidade da riqueza produzida pela sociedade e os outros subsistem no limiar da sobrevivência e da dignidade, ou abaixo disto.

A Idade Média foi isto, a sociedade dividida entre os senhores e os servos.

Esta situação é nefasta por duas grandes razões; uma é que produz a estagnação ou mesmo o retrocesso da sociedade e a outra é que este não é certamente o tipo de sociedade desejado pela maioria das pessoas, não se assemelha em nada a um “paraíso na Terra”, antes a um “castigo de Deus”.

Quando ocorre uma súbita abundância, seja devida a uma conquista, a um período de melhor clima, a um progresso tecnológico, que abre uma janela de crescimento da sociedade, alguns dos pobres podem ficar menos pobres, originando o aparecimento da chamada “classe média”; também as guerras, ao produzirem maciça destruição, abrem no pós-guerra uma oportunidade de crescimento que decorre da reconstrução do que foi destruído e fortalecem por isso a classe média. Quando se esgota essa janela de crescimento, a classe média volta a desaparecer. De vez em quando, aqui e ali, os pobres recorrem à força do seu número e fazem uma revolução, que momentaneamente repõe alguma igualdade na sociedade, mas logo se reinicia o mesmo processo infernal.

Portanto, compreendamos bem o processo: o estado para que tende uma sociedade humana em que cada um age em função do seu interesse imediato é caracterizado por existirem uns poucos que detêm a quase totalidade da riqueza produzida e os outros serem mais ou menos escravos desses. Como os ricos não podem coexistir, porque cada um quer sempre ser mais rico, acabam por estabelecer “territórios”, que podem ser geográficos ou por áreas de actividade. Portugal nasceu porque um tal Afonso Henriques quis ser mais rico e poderoso do que o que lhe estava destinado. 

Os ricos não são melhores nem piores do que os pobres, são simplesmente pessoas cujo objectivo na vida é ser rico ou poderoso e o conseguiram. Apenas nos períodos em que uma sociedade é capaz de crescer surgem as “luzes da civilização” porque então existem pessoas que podem sobreviver sem estar inseridas na luta de ratos, uns contra os outros, pelo enriquecimento ou pela sobrevivência.

Na Natureza as coisas parecem não ser muito diferentes, ocorrendo saltos evolutivos a seguir a catástrofes que eliminam grande parte dos seres vivos e deixam espaço para os sobreviventes não terem de disputar a sobrevivência uns contra os outros - não parece ser a adversidade que gera a evolução mas a oportunidade a seguir à adversidade.

Portanto, não tenhamos ilusões: uma sociedade humana entregue a si mesma desemboca fatalmente nesse quadro. Apenas a existência de um poder que permita que as pessoas ajam em função do interesse colectivo pode conduzir a uma sociedade melhor; o enfraquecimento ou incompetência desse poder determina a fatal evolução acima descrita. Esse poder é o poder Político. Como é óbvio, o poder Político tem de estar sempre acima do poder dos ricos, ou seja, do poder do Mercado.

Como é óbvio também, não é isso que acontece na Europa. Compreender como chegámos a isto é importante para percebermos como podemos corrigir a situação. Disso falarei no próximo texto.

41 comentários:

vbm disse...

eh, alf!

Tenho de reflectir neste seu post - [se transitar para um tratamento por tu, é por ser o meu hábito na net, e o alf ser uma excepção, pelo respeito e admiração que me suscitou o curso de Física no outro blog!] -, pois constato com prazer, a importância, profundidade e pertinência com que é colocado o problema fundamental da desigualdade e da repartição de rendimento. É um problema económico e político e social e que só com muita sabedoria pode resolver-se. Ainda não vi o vídeo e quero reler o post. Mas, de facto, vou estar fora uma semana. Voltarei. A questão da liberdade, igualdade, fraternidade, é crucial.

Diogo disse...

Ora acontece que o processo de evolução tecnológica está em está a aumentar exponencialmente. Daí, o hardware e o software estão cada vez mais a substituir as pessoas nos empregos até este acabarem (e já não falta muito para isto). Sem empregos não há salários. Sem salários não há vendas. Sem vendas não há lucros. Sem lucros não faz sentido a existência da propriedade privada dos meios de produção…

Diogo disse...

Errata: Ora acontece que o processo de evolução tecnológica está a aumentar exponencialmente.

alf disse...

Olá vbm

O meu tratamento por "você" é a expressão da minha admiração... passemos então ao tratamento por tu!

Penso que o erro que tem sido cometido pelos teóricos da sociedade humana melhor é guiarem-se por princípios que presumem desejáveis; penso que o que há a fazer é conhecer aquilo que o ser humano é, aquilo que deseja, e moldar uma sociedade que satisfaça os desejos das pessoas.

A primeira das nossas características que tem de ser respeitada é que a nossa inteligência só é eficiente quando usada em benefício próprio. Isto é comum a todos, mas é diferente o que cada um de nós entende por "benefício próprio", por aquilo que precisa para ser feliz.

A maior parte das pessoas não deseja a igualdade, pelo contrário, deseja ser diferente, único, especial; por isso, só um modelo de sociedade que o permita é viável - todos iguais mas todos diferentes...

Por outro lado, a desigualdade faz primeiro diminuir a capacidade de desenvolvimento e depois conduz a maioria das pessoas à miséria.

Por isso, há que gerir a desigualdade. Isso é possível. Por exemplo, o Euromilhões dá a oportunidade da desigualdade sem criar desigualdade na sociedade.

Por outro lado, há muitas maneiras de se ser único, em muitos campos diferentes; há que estimular todos esses campos para maximizar as oportunidades de desigualdade.

E há que tornar a desigualdade temporária, como o poder - a ideia de permitir 5 minutos de fama a cada um...

Enfim, isto dava mais uma coleção de posts... mas o importante a ter em mente é que o desenho da sociedade deve atender a questões técnicas, economicistas, por um lado, e atendendo aquilo que nós somos, por outro - esse aspecto ignorado por muitos teóricos de esquerda, que só se preocupam com uma característica, a Inveja e a Ganância.

Boa viagem e até breve

alf disse...

Diogo

Sem dúvida! E não só: cada vez mais o trabalho tende a ser como o do jogador de futebol, ou seja, muito pouco tempo "a produzir" porque havendo pouco emprego este será só para quem está no pico da forma

O que tem de ser mudado para começar é a distribuição de dinheiro pelo salário - as pessoas têm de passar a receber uma pensão a maior parte da vida. Isso não é problema nenhum porque não há falta de riqueza produzida.

Porém, isso só é possível num Estado Social; e num Estado que domine a economia de forma que não haja fuga de capitais.

Os lucros continuam a existir bem como a actividade privada; grande parte desta vai passar a estar ligada ao desenvolvimento, investigação, não à produção.

As pessoas precisam de uma sociedade em que possam ter objectivos de enriquecimento; sem isso não funcionam. Veja o que eu disse no comentário anterior.

A sociedade tem de servir as pessoas, não uma ideia que alguns entendem que é a "certa" - podia ser "certa" se as pessoas fossem diferentes; mas nós somos como somos e o que somos e queremos não pode ser ignorado

Abraço

Diogo disse...

Alf: Sem dúvida! E não só: cada vez mais o trabalho tende a ser como o do jogador de futebol, ou seja, muito pouco tempo "a produzir" porque havendo pouco emprego este será só para quem está no pico da forma.

Diogo: Exacto, mas com uma evolução exponencial da tecnologia todo o emprego terminará muito rapidamente – 20 a 30 anos no máximo.


Alf: O que tem de ser mudado para começar é a distribuição de dinheiro pelo salário - as pessoas têm de passar a receber uma pensão a maior parte da vida. Isso não é problema nenhum porque não há falta de riqueza produzida.

Diogo: A riqueza, produzida por máquinas infinitamente mais inteligentes, rápidas e precisas que os humanos, disparará exponencialmente. Toda a gente terá de receber uma pensão de acordo com as novas capacidades de produção.



Alf: Porém, isso só é possível num Estado Social; e num Estado que domine a economia de forma que não haja fuga de capitais.

Diogo: Sem dúvida!


Alf: Os lucros continuam a existir bem como a actividade privada; grande parte desta vai passar a estar ligada ao desenvolvimento, investigação, não à produção.

Diogo: Não! Donde virá o lucro se ninguém tiver poder de compra? As máquinas farão tudo, lembra-se?


Alf: As pessoas precisam de uma sociedade em que possam ter objectivos de enriquecimento; sem isso não funcionam. Veja o que eu disse no comentário anterior.

Diogo: As máquinas farão tudo o que for necessário ao bem-estar das pessoas. Ninguém precisará nem poderá enriquecer (conceito subjectivo). Às pessoas restará serem felizes – pintar um quadro, compor uma música, amar uma mulher, fazer windsurf, etc. e há tanto para fazer…


Alf: A sociedade tem de servir as pessoas, não uma ideia que alguns entendem que é a "certa" - podia ser "certa" se as pessoas fossem diferentes; mas nós somos como somos e o que somos e queremos não pode ser ignorado.

Diogo: A sociedade não terá de servir ninguém! As máquinas farão tudo o que for necessário ao bem-estar das pessoas. A sociedade terá apenas de usufruir...

Abraço

HORIZONTE XXI disse...

Caro Alf
Em minha opinião parte de pressupostos errados para estabelecer alguns conceitos,
Por exemplo quando diz que “ o que há a fazer é conhecer aquilo que o ser humano é, aquilo que deseja, e moldar uma sociedade que satisfaça os desejos das pessoas”, quando analisa aquilo que as pessoas são fá-lo antes ou depois de estarem doutrinadas pelo meio ambiente?

“A nossa inteligência só é eficiente quando usada em benefício próprio”. – dito assim parece um absurdo, a inteligência não tem qualquer tipo de polaridade, a inteligência é a faculdade de reconhecer/identificar/tornar consciente determinada realidade, a aplicação e o resultado que se obtém do uso dessa faculdade é que pode ser canalizada de diversas formas mas essa é outra questão.

“A maior parte das pessoas não deseja a igualdade, pelo contrário, deseja ser diferente, único, especial; por isso, só um modelo de sociedade que o permita é viável - todos iguais mas todos diferentes...” – também aqui é preciso ir mais fundo na questão, a igualdade que ninguém quer não implica a fome e a miséria, as diferenças básicas das condições de uma existência digna, a igualdade que ninguém quer é na expressão das suas capacidades, os rendimentos, condição de uma existência digna foram sendo manipulados ao longo do tempo de modo a criar divisão, os mais e os menos, de tal modo que actualmente muito se procura uma profissão pelo rendimento e não pela vocação ou prazer da actividade, temos como exemplo os agricultores uma profissão denegrida e rebaixada ao expoente da ignorância e menorização, de que todos fugiram por ser inferior mas na realidade e hoje reconhecemos, nem o advogado, o engenheiro nem o médico vive sem o agricultor para além de filosoficamente ser um acto nobre produzir alimentos.

Outra questão que o meu amigo não está a ver bem é a seguinte; “Os ricos não são melhores nem piores do que os pobres, são simplesmente pessoas cujo objectivo na vida é ser rico ou poderoso e o conseguiram.” – Mais uma vez não é assim tão simples, porque neste sistema o enriquecimento obriga ao empobrecimento de outros, para ser como diz, todos teriam que ter as condições de sobrevivência garantidas e não depender do rendimento do trabalho para sobreviver, então quem quisesse ser rico faria mais por isso (e repare que não falo do Manel da esquina que trabalhou a vida toda para ter um pé de meia jeitoso para a velhice), falo do enriquecimento que condiciona politicas, que é favorecido nos impostos, nas leis e que impõe a sua vontade a países inteiros. Além disso ninguém enriquece sozinho, já pensou, no mínimo utiliza todas as infraestruturas pagas pela sociedade, com os impostos de todos.

“Apenas a existência de um poder que permita que as pessoas ajam em função do interesse colectivo pode conduzir a uma sociedade melhor; o enfraquecimento ou incompetência desse poder determina a fatal evolução acima descrita. Esse poder é o poder Político.”
Até posso concordar numa determinada fase, o que não quer obrigatoriamente dizer que esse poder seja exercido de cima para baixo. Pense nisso.

Mais haveria a rebater …

Abraço livre.

alf disse...

Diogo

A sua ideia de que as máquinas farão tudo é um absurdo; as máquinas produzem aquilo para que forem concebidas e programadas; nós temos uma infinidade de coisas para fazer, e tantas mais quanto mais sabemos. O que você diz já podia ter sido dito pelos romanos - em vez das maquinas tinham os escravos, que são muito mais versáteis do que um robot... e ficaríamos eternamente a viver como os romanos.. nada mau.. o pior é que não saberíamos tratar as cataratas, nem as dores de dentes, nem curar uma apendicite, nem ser dizimados por uma peste negra, nem evitar morrer na explosão de um vulcão.. nem uma infinidade de outras coisas que permitem que hoje a população humana seja muito maior e grande parte viva muito melhor do que no tempo dos romanos;

para nós podermos estar aqui nesta conversa é necessário o trabalho de centenas de milhares de pessoas a desenvolver programas e hardware; as técnicas de codificação do sinal digital que permitem a sua difusão por cabo ou rádio foram desenvolvidas num instituto que tem mais de 10 000 engenheiros e cientistas; etc

O problema é que as novas tarefas são muito mais exigentes do que as antigas, já não basta "ter duas mãos"; e é por isso que o novo se trabalho se assemelha cada vez mais ao do futebolista profissional, ao do atleta de alta competição.


A sociedade que você preconiza já existe - nos países tropicais. Aí,uma pessoa pode sobreviver praticamente sem ter de trabalhar.

e posso garantir-lhe que é uma ótima vida, uma pessoa sente-se verdadeiramente no paraíso, eu já experimentei por uns dias.. e conheço africanos que me perguntam: que ganhamos nós com a civilização ocidental? e olhe que eu, que conheço alguma coisa da vida numa tabanca, não sei responder... mas uma célula do nosso corpo também poderia perguntar: que ganho eu em fazer parte deste corpo em vez de viver como uma bactéria?

Podemos fugir à evolução?

Sem o nosso trabalho não há evolução; a sociedade que preconiza seria uma sociedade estagnada. No fundo, a sociedade que todas as confissões religiosas defendem.

Eu não sei dar opinião; apenas sei que me move o desejo de decifrar o Universo, de compreender o ser humano e de contribuir para uma sociedade humana melhor; e isso implica necessariamente evolução - do conhecimento e logo, das capacidades e das realizações.

alf disse...

Horizonte XXI

O Freud dividiu o nosso aparelho psíquico em Id - a parte inconsciente - Ego e Super Ego. O super Ego é a parte que é "doutrinada pelo meio ambiente"; mas o Id já tem uma programação de origem e é essa programação que precisamos de compreender e respeitar.

Nós não temos minimamente consciência da importância do Id e seria extenso estar a falar disso agora; mas o que diz da nossa inteligência é significativo.

Contrariamente ao que diz, a nossa inteligência é completamente controlada pelo Id, resulta de um funcionamento mental que nós não controlamos. Claro que podemos usar o ego para tentar controlar um pouco as ideias que o Id nos põe no campo do consciente, mas não as que ele não põe... Além disso, sendo o Id a fonte de todas as informações que o ego tem, o Id tem uma imensa capacidade de manipulação do Ego - é por isso que os adeptos de uma equipa de futebol têm sempre a certeza de que a sua equipa perdeu por causa do árbitro.

Quando estamos a defender os nossos interesses, o Id põe em acção todas as suas capacidades, dispara a adrenalina, espevita a memória, acelera a velocidade de processamento mental.

Nós não usamos a Inteligência no nosso dia a dia - o que fazemos é usar a memória, vamos à memória buscar a solução para as situações que vão aparecendo - funcionamos apenas como um motor de busca. Usar a Inteligência pode ser mais do que isso, pode ser descobrir novas soluções, novos conhecimentos, obter algo que não estava na memória.

Ora quanto a essa capacidade de gerar novos conhecimentos por via intelectual, temos tanto controlo dela como da sexualidade... E é essa capacidade que faz a diferença

A inteligência, e refiro-me a essa capacidade de gerar soluções novas, é, em grande parte, como a sexualidade...

é por isso que a competição é uma forma de conseguir melhores resultados, desde que estabelecida em modos adequados.

quando a querermos ser diferentes, isso não tem nada a ver com fome e miséria, é esse o meu ponto, são duas coisas completamente diferentes; então, temos de construir uma sociedade que resolva os dois problemas, a necessidade individual de protagonismo e a maximização das condições de vida de cada um, de acordo com o que cada um pretende - o Agostinho da Silva não queria ser "rico", queria apenas ter a cabeça disponível para pensar no que lhe interessava (o que, na verdade, pode ser mais difícil de conseguir do que "ser rico"...)

Eu não disse que o poder tem de ser exercido de cima para baixo.. apenas digo que é preciso um poder que contrabalance a acção das pessoas na busca do seu interesse pessoal imediato - contrabalance, mas não anule, porque é isso que move as pessoas.

Abraço e obrigado pela sua colaboraçao

alf disse...

Resumindo as minhas ideias:

Há umas décadas, os recursos existentes eram insuficientes para as necessidades de sobrevivência; teorias foram desenvolvidas para resolverem esse problema, isto é, aumentarem a produção - reduzamos a duas, capitalismo e comunismo

ambas as teorias foram bem sucedidas e resolveram o problema da sobrevivência das pessoas nesta parte do mundo.

resolvido o problema da sobrevivência, outras humanas necessidades vieram ao de cima, uma delas sendo a necessidade que muitas pessoas sentem de serem ricas, ou possuírem mais do os outros - as pessoas jogam no euromilhões, não é? aliás, o direito de propriedade é dos instintos mais básicos das pessoas

os instintos comandam o comportamento dos humanos por prioridades: se a sobrevivência não está assegurada, é este que manda; se esta está, é a sexualidade que manda e por isso das primeiras coisas a cair a seguir ao assegurar da sobrevivência foram os tabus sexuais que tinham sido introduzidos, nomeadamente para limitar a população, primeira causa dos problemas de sobrevivência.

naturalmente que modelos de sociedade que não satisfaçam o direito instintivo à propriedade, que não deem a possibilidade ao menos teórica de ficar rico (a probabilidade de ganhar o euromilhões é infinitesimal mas isso não interessa; a probabilidade de ficar rico no sistema capitalista é da mesma ordem de grandeza, mas isso também não interessa, o que interessa é que existe)não satisfazem os instintos que passarem a ser prioritários. Foi por isso que o sistema comunista caíu.

Actualmente, o sistema capitalista entrou num paradoxo: ele foi concebido para aumentar a produção mas já se produz a mais; e ele está a gerar uma crise de desigualdade tão acentuada que volta a colocar em questão a sobrevivência; a solução é mudar o sistema porque o problema já não é de falta de recursos, é de redistribuição de riqueza (e aqui o Diogo tem razão quando fala duma sociedade onde o problema de produção não se põe, embora não seja bem como ele o coloca, na minha opinião)

o paradoxo máximo é que em vez de corrigirem o sistema, os nossos líderes e intelectuais preconizam como solução do problema de sobrevivência criado pela desigualdade.. o aumento de produção, como se a causa desse problema fosse a carência de recursos!!

O que todos os países estão a fazer é adoptar sistemas económicos adaptados à sua realidade específica, mesmo na Europa (afinal, parece que as golden share são inalienáveis em Itália..evidentemente!); todos menos Portugal...

Claro que este país atrasado, frágil, com uma grande parte da população sem capacidade produtiva numa era em que os robots substituem "as duas mãos", tem uma enorme dificuldade em negociar e impor condições próprias; mas o facto é nem tem nada para propor e isso é que é lamentável.


quanto aos "maus" e "bons" - uma regra básica da organização é que as organizações têm de ser concebidas como se todas as pessoas fossem más; se assim for, não surgem pessoas más; é que "a ocasião faz o ladrão". Quando surgem pessoas "más", isso é consequência de erros de organização

alf disse...

Diogo, que aconteceu ao seu Blogue?

Diogo disse...

Já consegui que o meu blogue reaparecesse! Não sei o que se passou.


Alf: [Diogo] A sua ideia de que as máquinas farão tudo é um absurdo; as máquinas produzem aquilo para que forem concebidas e programadas; nós temos uma infinidade de coisas para fazer, e tantas mais quanto mais sabemos. O que você diz já podia ter sido dito pelos romanos - em vez das maquinas tinham os escravos, que são muito mais versáteis do que um robot... e ficaríamos eternamente a viver como os romanos.. nada mau.. o pior é que não saberíamos tratar as cataratas, nem as dores de dentes, nem curar uma apendicite, nem ser dizimados por uma peste negra, nem evitar morrer na explosão de um vulcão.. nem uma infinidade de outras coisas que permitem que hoje a população humana seja muito maior e grande parte viva muito melhor do que no tempo dos romanos;

Diogo: Completamente errado, meu caro. A inteligência artificial está, a par de toda a evolução tecnológica, em evolução exponencial. Hoje, já não há nenhum humano que bata os melhores programas de xadrez.
Inteligência pode ser definida como a capacidade mental de raciocinar, planear, resolver problemas, abstrair ideias, compreender ideias e linguagens e aprender.
Essa inteligência tem existido, até há pouco, apenas nas massas encefálicas humanas que compreendem cerca de 15 mil milhões de neurónios e 1 bilião de sinapses. São as interacções electroquímicas destas células que nos permitem pensar.
À velocidade a que os computadores se desenvolvem, falta muito pouco para que a capacidade humana seja alcançada e ultrapassada até ao infinito.


Alf: para nós podermos estar aqui nesta conversa é necessário o trabalho de centenas de milhares de pessoas a desenvolver programas e hardware; as técnicas de codificação do sinal digital que permitem a sua difusão por cabo ou rádio foram desenvolvidas num instituto que tem mais de 10 000 engenheiros e cientistas; etc

Diogo: Isso não significa nada. Sei do que falo. Sempre fui programador. Tenho uma licenciatura em informática.


Alf: O problema é que as novas tarefas são muito mais exigentes do que as antigas, já não basta "ter duas mãos"; e é por isso que o novo se trabalho se assemelha cada vez mais ao do futebolista profissional, ao do atleta de alta competição.

Diogo: E depois?


Alf: A sociedade que você preconiza já existe - nos países tropicais. Aí, uma pessoa pode sobreviver praticamente sem ter de trabalhar. e posso garantir-lhe que é uma ótima vida, uma pessoa sente-se verdadeiramente no paraíso, eu já experimentei por uns dias.. e conheço africanos que me perguntam: que ganhamos nós com a civilização ocidental? e olhe que eu, que conheço alguma coisa da vida numa tabanca, não sei responder... mas uma célula do nosso corpo também poderia perguntar: que ganho eu em fazer parte deste corpo em vez de viver como uma bactéria?

Diogo: Eu defendo de facto uma sociedade onde as máquinas produzem tudo e onde as pessoas usufruem.


Alf: Podemos fugir à evolução?

Diogo: Não! Mesmo a evolução biológica irá incorporar cada vez mais hardware e software não biológico.


Alf: Sem o nosso trabalho não há evolução; a sociedade que preconiza seria uma sociedade estagnada. No fundo, a sociedade que todas as confissões religiosas defendem.

Diogo: Errado! A sua afirmação é que parece uma «crença religiosa».


Alf: Eu não sei dar opinião; apenas sei que me move o desejo de decifrar o Universo, de compreender o ser humano e de contribuir para uma sociedade humana melhor; e isso implica necessariamente evolução - do conhecimento e logo, das capacidades e das realizações.

Diogo: Muito bem! As máquinas vão dar-lhe uma panorâmica do mundo e da vida que o seu (e o meu) reduzido cérebro seria alguma vez capaz de lhe proporcionar.

alf disse...

Diogo

Você está um pouco iludido acerca das capacidades das máquinas e do cérebro rsrs.. eu também sei algumas coisa do que falo, ainda programei em Assembler e sou do tempo do 8080... sabia que só o nosso centro ótico, onde as imagens dos olhos são processadas, tem mais capacidade de processamento do que todos os computadores do mundo somados têm (ou tinham quando alguém fez essas contas, há poucos anos)

Você já comparou o tamanho de um processador com o tamanho do nosso cérebro? e sabia que cada transitor no chip é muito maior do que a unidade de tratamento de informação do cérebro? Sabia que não conseguimos aumentar o nº de circuitos no chip porque não conseguimos resolver o problema da dissipação térmica?

Você está a comparar um chip, que é uma superfície com uma área de alguns milímetros quadrados, com uma massa com um número de circuitos biliões de vezes maiores

A capacidade de processamento dos nossos poderosos computadores não está nem ao nível de um cérebro de formiga.

O que as máquinas podem fazer melhor do que o cérebro é o armazenamento de memória e a execução de certas tarefas específicas; mas podem pela única razão de que o cérebro tem mais onde aplicar os seus recursos, e esse mais é exactamente a Inteligência.

Algumas pessoas têm capacidades de memória que parecem magia e que mostram bem quais seriam as potencialidades do cérebro se para aí estivessem viradas.

e pense, por exemplo, no seguinte: a inteligência artificial também serve para fazer filmes?

Um computador pode ganhar no xadrez como pode ganhar a fazer contas de multiplicar, isso não tem nada a ver com inteligência

Mas você tem razão num aspecto crucial, não precisa ir ao extremo de dizer que a IA vai fazer tudo e os humanos não precisarão de fazer nada, até porque grande parte das pessoas quer fazer algo, não quer limitar-se a "usufruir"; e esse aspecto é que grande parte da produção é assegurada por máquinas, o que coloca um novo problema de como distribuir a riqueza produzida pela sistema humano+máquina.

Até entendo que você coloque esse cenário de as máquinas fazerem tudo como um cenário hipotético para nos ajudar a encontrar uma solução para o problema - em contraposição ao cenário clássico de "ganharmos o pão com o suor do rosto". Por agora, estamos agarrados a este, que já não existe e é preciso urgentemente mudar de paradigma

Aliás, estamos agarrados a um cenário completamente errado e a tomar decisões completamente erradas, nomeadamente as de aumentar a idade da reforma, aumentar o horário de trabalho, aumentar a produção - devíamos estar a tomar as medidas opostas a estas, que só vão agravar os problemas, porque vivemos num mundo com excesso de produção e falta de emprego (porque exactamente as máquinas produzem grande parte do que precisamos).

O que impede que o problema se resolva é a globalização porque só há duas maneiras de fazer a distribuição de riqueza: ou pelo pagamento directo pela hora de trabalho ou pelo "Estado social"; e este é incompatível com a globalização. Ora o pagamento à hora num mundo aberto é inaceitável para nós porque há zonas do mundo, como a Índia, onde "fazer filhos é agradar aos deuses" e, logo, há sempre pessoas dispostas a trabalhar por uma sopa por dia; e isso não tem fim porque a população não pára de aumentar.

Mas quem se vai lixar mais do que nós dentro em breve são países como a Alemanha, porque quando o mercado de trabalho de licenciados começar a ser inundado por asiáticos os ordenados deles vão cair na vertical e depois não vão ganhar nem para pagar o aquecimento; mas, é claro, aí vão logo mudar as regras deste jogo, porque eles, ao contrário de nós, não entram em jogos cujas regras não lhe sejam favoráveis...

Diogo disse...

Você é um génio Alf.

Deixo-lhe aqui um curto excerto (que eu traduzi para colocar no meu blogue) de um artigo de Raymond Kurzweil (Nova Iorque, 12 de Fevereiro de 1948), que é um inventor e futurista dos Estados Unidos, pioneiro nos campos de reconhecimento ótico de caracteres, síntese de voz, reconhecimento da fala e teclados electrónicos. Ele é autor de livros sobre saúde, inteligência artificial, transumanismo, singularidade tecnológica e futurologia.

Diga de sua justiça, se se achar capaz disso:


The Software of Intelligence

Uma das principais premissas da Inteligência Artificial consiste na habilidade de equipamentos não biológicos emularem a riqueza, a subtileza e a profundidade do pensamento humano. Atingir a capacidade computacional do cérebro humano não produzirá automaticamente níveis de habilidade. Por níveis humanos incluem-se todas as diversas e subtis formas pelas quais os humanos são inteligentes, incluindo a aptidão musical e artística, o movimento físico no meio envolvente, e a compreensão e a capacidade de responder apropriadamente às emoções. A capacidade de hardware é uma condição necessária mas não suficiente. A organização e o conteúdo destes recursos - o software da inteligência – também é fundamental.

É importante realçar que assim que um computador atinja um nível humano de inteligência, irá necessariamente ultrapassá-lo rapidamente. Uma vantagem decisiva da inteligência não biológica é que as máquinas podem partilhar com facilidade o seu conhecimento. Se uma pessoa aprende uma língua ou lê um livro, ela não pode passar rapidamente essa informação a outra pessoa. Esta última terá de adquirir os conhecimentos tão meticulosamente como a primeira. O conhecimento, embutido num poderoso modelo de concentrações de neurotransmissores e conexões interneuronais, não pode ser rapidamente acedido ou transmitido. Mas não serão esquecidas portas rápidas de transferência de dados nos nossos equivalentes não biológicos dos grupos de neurónios humanos. Quando um computador adquire um conhecimento ou ganha uma compreensão, pode partilhá-lo imediatamente com biliões de outras máquinas.

Como um exemplo actual, passámos anos a ensinar um computador de investigação no reconhecimento do discurso humano contínuo. O computador foi exposto a milhares de horas de fala gravada, os erros foram corrigidos, e pacientemente melhorámos o seu desempenho. Por fim, ficou apto a reconhecer a fala. Se quisermos que outro computador seja capaz de reconhecer a fala, não terá de passar pelo mesmo processo; pode-se transferir os padrões de reconhecimento em segundos. Em última análise, biliões de entidades não biológicas podem dominar todo o conhecimento tanto humano como das máquinas.

(CONTINUA)

Diogo disse...

(CONTINUAÇÃO)

Ainda por cima, os computadores são potencialmente milhões de vezes mais rápidos do que os circuitos neuronais humanos. Um computador também pode perfeitamente lembrar biliões ou triliões de factos, enquanto um homem lembrará com dificuldade uma mão-cheia de números de telefone. A combinação do nível de inteligência humano numa máquina com a inerente superioridade de rapidez de um computador, precisão, e a capacidade de partilhar os dados em memória será formidável.

Existe um número de cenários convincentes para atingir níveis mais elevados de inteligência nos nossos computadores, e atingir mesmo níveis humanos e muito para lá disso. Seremos capazes de evoluir e treinar um sistema que combine massivamente redes neuronais paralelas com outros paradigmas para compreender a linguagem e modelos de conhecimento, incluindo a habilidade de ler e perceber o conhecimento escrito em documentos. Ao contrário de muitas máquinas contemporâneas com «redes neuronais», que utilizam matematicamente modelos simplificados de modelos neuronais humanos, algumas redes neuronais actuais já são capazes de utilizar modelos extremamente detalhados de neurónios humanos, incluindo funções detalhadas não lineares de activação analógica e outros detalhes relevantes.

Não obstante ser limitada a habilidade dos computadores de hoje em extrair e aprender conhecimento de documentos em linguagem natural, as suas capacidades neste domínio estão a melhorar rapidamente. Os computadores serão capazes de ler por si próprios e compreender e modelar o que leram na segunda década do século XXI. Iremos ter os nossos computadores capazes de ler toda a literatura do mundo – livros, magazines, revistas científicas e todo o material disponível. Por fim, as máquinas reunirão conhecimento por si próprias aventurando-se na Web, ou até no mundo físico, extraindo informação de todo os espectro de serviços mediáticos, e compartilhando conhecimento com outras máquinas (coisa que estas fazem com muito mais facilidade dos que os seus criadores humanos).

O artigo todo AQUI

andrezero disse...

Se me permitem, os senhores doutores parecem-me doutos em teorias e apreciadores da dialética... contudo, parece-me que estao a ignorar alguns factos demasiado importantes... podemos entreter-nos aqui a prever o futuro com base no passado, com base no nosso conhecimento da tecnologia e com base nas nossas perspectivas do que é a natureza humana, mas nao podemos ter um minimo de certezas, principalmente num momento em que se criaram condicoes unicas, muito diferentes de todos os outros momentos civilizacionais "decisivos", quer do ponto de vista da sociedade que esta a enveredar por caminhos nunca antes enveredados, da tecnologia que ja existe e que nos nem fazemos sequer ideia de que ideia, ...

numa coisa parecemos estar de acordo, contudo.. algo esta prestes a acontecer, algo vai acontecer dentro de pouco tempo, sem duvida...

o meu concelho é sit back and relax ... abram a mente para o que la vier... and take it as comes

melhor ainda, esqueçam tudo isso e sonhem com um mundo melhor. nunca houve outra maneira de criar um mundo melhor... sempre foi assim que ele melhorou, porque alguem sonhou com ele... por artes magicas ou outras mais prosaicas, é assim que as coisas acontencem ... e sendo assim, mais vale relaxar e dedicarmo-nos a isso mesmo

cheers!

Diogo disse...

Andrezero - «algo esta prestes a acontecer, algo vai acontecer dentro de pouco tempo, sem duvida...»


Excelente opinião. Mas nada será possível sem um incremento revolucionário da Inteligência Artificial…

alf disse...

Diogo

"Os computadores serão capazes de ler por si próprios e compreender e modelar o que leram na segunda década do século XXI." Bem, já estamos na segunda metade do sec XXI e os computadores ainda só conseguem pesquisar por palavras chave e fazer algumas análises gramaticais, muito longe do que possa ser considerado "ler"...

Tenho visto as fantasias mais incríveis a este respeito; há tempos vi um documentário na TV em que preconizavam o implante de chips no cérebro para aumentar a memória das pessoas...

Para quem não sabe o que seja electrónica, tudo se afigura possível, é claro; sobretudo para os crentes na ciência. Acontece que eu tenho conhecimentos especializados de electrónica, sei perfeitamente o que é um chip, quais são as sua limitações; aliás, nem é preciso ser um génio para perceber a diferença entre a capacidade de um cérebro com triliões de neurónios que desempenham, cada um, sofisticadas tarefas, e um chip de alguns milímetros quadrados de superfície...

Mas nem vale a pena estarmos a discutir isso; o que importa é que já vivemos numa sociedade em que a produção e a generalidade das tarefas repetitivas podem ser asseguradas por máquinas, uma sociedade em que quem só para oferecer duas mãos não tem quase utilidade nem é preciso que tenha porque basta uma pequena parte da população a trabalhar para ser produzido tudo o que somos capazes de consumir; mas essa pequena parte tem de ter uma competência elevada.

E agora, como é que se organiza a sociedade?

Já dei uma resposta em posts de julho de 2007, se a memória não me falha...

alf disse...

André

Olá, bem aparecido por aqui!

Como muito bem dizes, tudo começa no sonho... mas depois é preciso correr atrás do sonho senão ele foge lol E à força de sonharmos e corrermos atrás do sonho, parece que o sonho se vai instalando aqui e ali... e é aí que a revolução acontece. Quando não há sonho, a revolução nunca acontece.

e, já agora, um sonho é sempre algo de novo, não é uma crença, não é algo que retorna do passado, é algo que se vai inventando, descobrindo, construindo... tu vais fazendo isso no teu dia a dia, eu também - nesta tertúlia, nesta pausa para o café, que é o blog.

Abraço e obrigado

Diogo disse...

Informe-se melhor, Alf.

Então você acha que o cérebrozito que tem dentro da cabeça é inultrapassável por uma máquina?


1 - «Bem pensado – mas nunca substituirão o cavalo», disseram os cépticos quando viram os primeiros automóveis.

2 - Nos primeiros tempos da aviação, o astrónomo americano William Pickering, que predisse a existência de Plutão, preveniu o público de que: «A mente popular imagina frequentemente gigantescas máquinas voadoras atravessando o Atlântico a grandes velocidades e transportando numerosos passageiros como um moderno paquete… Parece-me seguro afirmar que tais ideias são totalmente visionárias, e mesmo que uma máquina conseguisse atravessar o Atlântico com um ou dois prisioneiros, os custos seriam proibitivos…» Três décadas mais tarde, em Julho de 1939, foi inaugurada a primeira linha aérea transatlântica com um hidroavião Boeing 314, o Yankee Clipper da Pan American, transportando 19 passageiros.

3 - Em 1924, o engenheiro electrotécnico inglês Alan Archibald Swinton, um dos pioneiros do de raios catódicos, fez uma palestra na Radio Society da Grã-Bretanha sobre «Visão à Distância». Diria então: «Provavelmente não valerá a pena que alguém se dê ao trabalho de consegui-la.» Quatro anos mais tarde, a General Electric Company inaugurava, no estado de Nova Iorque, a primeira rede de televisão do Mundo.

Diogo disse...

Learn, Alf, learn...

http://en.wikipedia.org/wiki/Monetary_base

Monetary base From Wikipedia, the free encyclopedia

Monetary base (also base money, money base, high-powered money, reserve money, or, in the UK, narrow money) is a term relating to (but not being equivalent to) the money supply (or money stock), the amount of money in the economy. The monetary base is highly liquid money that consists of coins, paper money (both as bank vault cash and as currency circulating in the public), and commercial banks' reserves with the central bank. Measures of money are typically classified as levels of M, where the monetary base is smallest and lowest M-level: M0. Base money can be described as the most acceptable (or liquid) form of final payment. Broader measures of the money supply also include money that does not count as base money, such as demand deposits (included in M1), and other deposit accounts like the less liquid savings accounts (included in M2) etc.

Management"Open market operations" are monetary policy tools that affect directly the monetary base; the monetary base can be expanded or contracted using an expansionary policy or a contractionary policy, but not without risk.

The monetary base is typically controlled by the institution in a country that controls monetary policy. This is usually either the finance ministry or the central bank. These institutions print currency and release it into the economy, or withdraw it from the economy, through open market transactions (i.e., the buying and selling of government bonds). These institutions also typically have the ability to influence banking activities by manipulating interest rates and changing bank reserve requirements (how much money banks must keep on hand instead of loaning out to borrowers).

The monetary base is called high-powered because an increase in the monetary base (M0) can result in a much larger increase in the supply of bank money, an effect often referred to as the money multiplier. An increase of 1 billion currency units in the monetary base will allow (and often be correlated to) an increase of several billion units of "bank money". This is often discussed in conjunction with fractional-reserve banking banking systems. A system of full-reserve banking would not allow for an increase of currency in the banking system on top of the monetary base.

The Austrian School of economics is critical of fractional-reserve banking, stating that the increase of money in the banking system is equivalent to an artificial injection of credit, which is the source of the business cycle. This is elaborated in the Austrian business cycle theory, for which Friedrich Hayek won the Nobel Prize in economics in 1974. However, in 1976, in a paper on The Denationalization of Money,[1] Hayek advocated that rather than re-instituting a government-mandated gold standard, a free market in money be allowed to develop, with issuers of money competing with each other to produce the best, most stable and healthy currency. This sparked an entire school of thought within economics, Free Banking, with banks not being banned from having fractional reserves as other Austrians such as Murray Rothbard advocated, but instead being free to experiment and discover the best method of conducting business.

alf disse...

Diogo

Obrigado mas...:

1 - nada de novo neste texto em relação ao que eu lhe tenho dito;

2 - pelo contrário, vem dar-me razão, uma vez que o proponente de que deviam ser tomadas medidas para que o dinheiro "virtual" não excedesse o dinheiro real veio depois desdizer-se e defender o oposto... ou seja, ele ganhou um prémio nobel com uma teoria disparatada.... está a ver? não podemos seguir os raciocínios dos outros, mesmo que sejam prémios Nobel - há que raciocinar pela nossa cabeça.

Dizer que o sistema bancário é o responsável pela crise é o mesmo que dizer que o responsável é o PS... ou seja, é atirar poeira para os olhos, conduzir as pessoas para a direção errada para que o empobrecimento possa continuar.

Diogo disse...

Você percebe inglês?

Do texto anterior que repete o excerto que tirei do livro – Política Monetária e Mercados Financeiros – e que explica como os bancos criam dinheiro a partir do nada e o emprestam com juros:

«The monetary base is called high-powered because an increase in the monetary base (M0) can result in a much larger increase in the supply of bank money, an effect often referred to as the money multiplier. An increase of 1 billion currency units in the monetary base will allow (and often be correlated to) an increase of several billion units of "bank money". This is often discussed in conjunction with fractional-reserve banking banking systems.»

alf disse...

Diogo

Vamos eliminar o banco no meu exemplo

Fica assim: A empresta 100 euros a B para este comprar uma bicicleta a C; com estes 100 euros que recebeu de B, C empresta a D, que usa para comprar uma alfaia a E, que.. etc e tal..

Repare; os mesmos 100 euros geraram um movimento de centenas de euros: 100 euros entre A e B + 100 euros entre Be C + etc... Está a ver? O "milagre" da multiplicação de dinheiro?

Não há, na verdade, multiplicação nenhuma, há apenas circulação de dinheiro. Economia é a ciência da circulação de dinheiro. É por isso que quando rebentou a crise houve uma corrida dos economistas para estudar a teoria física dos fluxos.

É como se você tivesse água a correr num cano e medisse o caudal da água numa série de secções ao longo do cano; e depois somasse todas essas medidas em vez de perceber que estava a medir sempre a mesma água

O banco tem meramente o papel de intermediário neste processo. "A" não sabe a quem emprestar o seu dinheiro nem quer correr o risco de lhe ficarem a dever; então, prefere recorrer ao Banco que lhe garante o seu dinheiro; o banco, quando empresta, cobra uma taxa porque presta um serviço.

Alguma dúvida? Acho que se você ainda não percebeu que não há mistificação nenhuma neste processo é porque se recusa a perceber... eu até compreendo o seu espanto, pois se toda a gente fala da "multiplicação de dinheiro", como pode não haver fraude? Lembro-lhe apenas que foram precisos quase 2 milénios para passar do modelo de ptolomeu para o de newton, que toda a gente diz que a Terra está a aquecer, que o espaço expande, etc, etc,... a estupidez humana é imensa, nós é que estamos convencidos que não...

alf disse...

(continuação)

mas, Diogo, graças à sua insistência as minhas ideias foram ficando mais claras: o facto de se poder emprestar dinheiro acelera o fluxo monetário; portanto, o caudal aumenta porque aumenta a velocidade de circulação; este aumento de caudal é equivalente a um aumento da quantidade de dinheiro num quadro em que não existem empréstimos e daí a afirmação de que o empréstimo de dinheiro equivale a uma multiplicação de dinheiro

Agora, isto não resulta da actividade bancária especificamente, mas do empréstimo de dinheiro; e emprestar dinheiro não pode ser visto como "um mal" em si, nem podemos imaginar uma sociedade em que fosse proibido emprestar dinheiro. A crise surge porque as pessoas estão a ficar mais pobres na nossa sociedade competitiva, esse é que é o problema.

Abraço

Diogo disse...

Alf,

Você apresenta vários erros de raciocínio:

1 - «A empresta 100 euros a B para este comprar uma bicicleta a C; com estes 100 euros que recebeu de B, C empresta a D, que usa para comprar uma alfaia a E, que.. etc e tal..
Repare; os mesmos 100 euros geraram um movimento de centenas de euros: 100 euros entre A e B + 100 euros entre Be C + etc... Está a ver? O "milagre" da multiplicação de dinheiro?»


1 – No exemplo que deu, os 100 euros estão sempre e apenas numa só mão – ou em A, ou em B, ou em C, etc. Se é A que os tem, B e C não os têm, etc. Tal como numa estafeta, o testemunho que é passado entre os corredores está sempre e só na mão de um.


2 - «É como se você tivesse água a correr num cano e medisse o caudal da água numa série de secções ao longo do cano; e depois somasse todas essas medidas em vez de perceber que estava a medir sempre a mesma água»

2 – Caudal é diferente de quantidade. Caudal é o volume de água que passa num troço durante um determinado tempo. Posso ter um troço (fechado dos dois lados) cheio de água parada e portanto não tenho caudal.


3 - «O banco tem meramente o papel de intermediário neste processo. "A" não sabe a quem emprestar o seu dinheiro nem quer correr o risco de lhe ficarem a dever; então, prefere recorrer ao Banco que lhe garante o seu dinheiro; o banco, quando empresta, cobra uma taxa porque presta um serviço.»

3 - Há dois tipos de dinheiro:

1 – Base Money – dinheiro criado pelo banco central (cash e não só).

2 – Bank Money: dinheiro criado pelos empréstimos dados pelos bancos através de depósitos à ordem.

Pelo método das reservas faccionais (supondo que a reserva obrigatória é de 10%), o banco pode emprestar 90% de todos os depósitos à ordem. Vejamos o processo:

É fundamental perceber uma coisa: Os bancos funcionam em circuito fechado, ou seja, é como se só existisse um banco.


- O Banco tem 10 euros em cash (este dinheiro é Base Money).

- O Banco empresta 90 euros a A, abrindo-lhe uma conta de depósitos à ordem em nome de A e digitando 90 euros nessa conta. O Banco fica a cobrar juros desse empréstimo.

- A compra algo a B por 90 euros, que o deposita no Banco (este dinheiro é Bank Money).

- C pede um empréstimo de 81 euros ao Banco. O Banco empresta 81 euros a C, abrindo-lhe uma conta de depósitos à ordem e digitando 81 euros nessa conta. O Banco fica a cobrar juros desse empréstimo.

Etc.

No limite, o Banco tem emprestados 900 euros, pelos quais está a cobrar juros, tendo começado com um capital inicial de apenas 10 euros.

******************

Agora, vejamos o mesmo caso para um tipo que se quer armar em banqueiro:

- Um Tipo armado em banqueiro tem 10 euros em cash.

Se A lhe pede os 10 euros emprestados para comprar algo a B, só por muita sorte é que B irá ter com o Tipo Banqueiro para depositar o dinheiro. Donde, o negócio acaba ali. O Tipo Banqueiro ficará apenas a receber juros do empréstimo de 10 euros a A.

******************

É esta a grande diferença: a Banca, funcionando em circuito fechado como se fora apenas um Banco, tem o monopólio dos depósitos e dos empréstimos. Desta forma, pode criar dinheiro a partir do nada e cobrar juros sobre esse nada.

Abraço

vbm disse...

Li o postal do blog, “O mistério das crises” :). Não aplaudo com entusiasmo a narrativa. embora concorde e aceite a conclusão política. É facto que a taxa média de crescimento dos ricos supera a do crescimento global da sociedade, mas isso pode mesmo ser o factor civilizacional que viabiliza o desenvolvimento das sociedades humanas, e as distancia da mera luta pela sobrevivência.

A economia funda-se na produção e no comércio; a produtividade deriva da fecundidade da natureza e da engenhosidade da inteligência humana. O trabalho é evidentemente um factor de produção — como diria Locke, uma maçã na macieira só é um bem, colhida! :) —, no entanto, a sua eficência e eficácia dependem também, ou sobretudo, diria, da prodigalidade da natureza e do grau de saber e de civilização alcançado pelas sociedades humanas.

Demonstrando com um exemplo: na época de Adam Smith, um artesão de agulhas ou pregos, talvez produzisse uma ou duas dúzias de pregos por dia. Com a divisão do trabalho e a programação de máquina apropriada, a produção diária possivelmente é de duas ou três dezenas de milhares de pregos! Em que percentagem de valor fica o trabalho de um operário na grandeza de uma tal produtividade? Um infinitésimo, por unidade produzida.

Logo, a riqueza criada tem de distribuir-se desigualmente (lucros, impostos, salários), sob pena de bloquear-se o desenvolvimento civilizacional do homem.

Agora, a conclusão política do post é correcta: só o poder político pode assegurar que o interesse colectivo seja protegido no sentido de uma sociedade melhor. Claro que, terá de discutir-se que regime político. Parece-me, não os há puros. Qualquer um, existente ou histórico, acaba por ser uma mescla de monarquia («poder de um só»), aristocracia («poder dos melhores»), democracia («poder de muitos»).

No fundo, nas sociedades contemporâneas, parece demonstrado pelas experiências estalinista e nazi, que a democracia política eleitoral, a par da independência judicial, é o melhor antídoto ao eventual excesso do poder executivo e ou do poder legislativo — os representantes do povo, animados de voluntarismo precipitado, não podem aprovar por maioria simples disposições contraditórias com leis mais básicas que rejam a sociedade, como é o caso da constituição.

Post scriptum: — Gostei do antepenúltimo parágrafo, pós-malthusiano, mostrando como a ‘oportunidade’ sucede à catástrofe, logo por causa da menor pressão da luta pela vida dado o menor número dos sobreviventes.

vbm disse...

Ainda em relação à circulação e à multiplicação do dinheiro. Eu realmente parece-me que são duas coisas diferentes. O empréstimo de dinheiro entre particulares é uma simples circulação de notas com maior ou menor velocidade. Mesmo sem empéstimo nenhum, se A compra um bem a B por 100, este gasta-os a comprar algo a C e assim mais três vezes, é óbvio que a mesma nota de 100 envolveu-se em 5 transacções no período que decorreu entre a compra de A e o momento da ultima compra. A equação monetária é

M.V = P.T

com M, o stock de notas; V, a velocidade de circulação da moeda, i.e., o número de pagamentos efectuados no período; P, o índice médio de preços; T, o volume de transacções, ocorridas no período.

No caso do crédito bancário há tendencialmente multiplicação monetária, pelo recíproco da percentagem de reserva obrigatória ou praticada em média pelo sistema bancário.

O dinheiro depositado na banca pelas empresas e famílias é sacado para pagamentos em proporção inferior à unidade, o que permite aos banqueiros-depositários emprestar quantías que excedam o limite da reserva média.

O crédito assim concedido, dá origem a transacções na economia real e novos depósitos na banca o que, por sua vez, permite novas concessões de crédito, no limite geomético do efeito-multiplicador.

De qualquer modo, assim como se expande, assim se contrai o crédito concedido porque a reserva mínima pode estar deficitária ou inferior ao nível prudencial que se pretenda acautelar.

alf disse...

vbm

"É facto que a taxa média de crescimento dos ricos supera a do crescimento global da sociedade, mas isso pode mesmo ser o factor civilizacional que viabiliza o desenvolvimento das sociedades humanas, e as distancia da mera luta pela sobrevivência. "

O problema surge quando o valor absoluto do crescimento dos ricos é maior do que o valor absoluto do crescimento da sociedade; e isso é o que está acontecer atualmente e é a verdadeira causa da crise; e já aconteceu também no passado.

Nos EUA, o 1% mais rico ganha mais de 25% do PIB; suponhamos que este 1% enriquece a uma taxa de 10%; então, este 1% aumenta o seu rendimento em 2,5% do PIB; mas se o PIB só cresce 1,5%, isto significa que a restante 99% da população empobrece 1%

Na verdade, o 1% enriquece muito mais do 10% ao ano, segundo parece.

É por isso que os manifestantes nos EUA vêm com letreiros a dizer "somos os 99%";

se 99% da população está a empobrecer um bocadinho, este empobrecimento é muito maior nas classes mais pobres; 50% da população americana está a empobrecer acentuadamente e é isto que gera a crise porque ficam incapazes de corresponder aos créditos assumidos numa altura em que estavam a enriquecer.

O sistema competitivo em que se baseia a nossa economia só funciona enquanto o enriquecimento global permite um enriquecimento de todos - diferenciado mas para todos. Quando a desigualdade atinge certo valor, e como ela cresce sempre, as classes mais pobres começam a empobrecer; então o sistema deixa de lhes interessar naturalmente e interessa só à camada dos que ainda vão enriquecendo.

Os EUA têm uma coesão política que faz com que este problema afete todos; a europa não tem; como os ricos estão no norte, para estes o sistema está a funcionar muito bem.

A única forma de os ricos poderem continuar a enriquecer é através do empobrecimento dos pobres; é por isso que advogam a política da "austeridade", que é apenas um eufemismo para "empobrecimento"

Nos EUA, os ricos estão a encontrar forma de empobrecerem eles, de forma concertada; esta é a única solução que permite manter o sistema - a riqueza do 1% mais rico tem de baixar para menos de 20% do PIB.

A dificuldade é como os ricos estão em competição uns com os outros, os que querem empobrecer têm de garantir que os que não querem também empobrecem, para manter o equilíbrio do jogo; cá para mim, as recentes nacionalizações na américa do sul têm o dedo da administração Obama e visam este objectivo.

alf disse...

vbm

mesmo sem empréstimo, há circulação de dinheiro; com empréstimo, esta circulação aumenta. Este é que é o efeito multiplicativo do empréstimo, aumentar a velocidade de circulação de dinheiro.

A reserva fraccionária não aumenta o efeito multiplicativo, limita-o, é o contrário da acusação que se lhe faz; se a reserva fraccionária fosse 1, os bancos não poderiam emprestar dinheiro, seriam apenas cofres onde as pessoas guardariam o dinheiro (e pagariam pelo serviço, naturalmente) - aliás, o banco prestam esse serviço, quem quiser pode alugar um cofre no banco.

Se a reserva fraccionária fosse zero, os banco poderiam emprestar todo o dinheiro deles depositado; isso não teria nenhum problema a não ser o risco de os depositantes fazerem uma corrida ao banco e o banco não ter dinheiro para lhes dar; mas, em vez da reserva fraccionária, basta que os bancos passem a aceitar apenas depósitos a prazo sem possibilidade de mobilização antecipada para esse risco desaparecer (e é o que estão a fazer...)

Abraço

alf disse...

Diogo

Penso que a resposta anterior ao vbm esclarece a sua questão

lembro-lhe também que você não precisa de recorrer a empréstimos bancários e pode limitar-se a usar o banco para alugar um cofre e guardar lá as suas poupanças

Se me disser que os banqueiros fazem o que podem para ganhar dinheiro com o processo de depósitos / empréstimos, claro que fazem; mas não são só eles - são também as empresas que atrasam os pagamentos enquanto usam o dinheiro dos fornecedores nos seus investimentos, por exemplo...isso é porém outra discussão, não é um problema do sistema bancário mas da sua regulação..

(e, já agora, cuidado... há dias quis fazer um depósito a prazo e ofereceram-me uma "coisa" que parecia um mas não era... era uma aplicação de "risco desconhecido" mascarada de depósito a prazo)

Bem, acho que ficamos todos mais esclarecidos - eu pelo menos fiquei; sei que você não está convencido de que não haja uma qualquer golpada por detrás da definição do sistema, mas eu estou convencido que a golpada não está aí.

abraço

Diogo disse...

Caro Alf,

O comentador vbm sabe o que está a dizer.

Eu também sei. Sou licenciado em gestão de sistemas e tecnologias de informação onde metade das cadeiras eram de economia e finanças.

Por outro lado, ao contrário de si, já li milhares e traduzi muitas dezenas de artigos sobre este tema. Também já vi muitas dezenas de documentários sobre isto.

A sua cegueira faz-me uma certa confusão.

Abraço

vbm disse...

Não sei se a concentração de património nos mais ricos pode desenhar-se com essa nitidez paralela ao empobrecimento do maior número.

Há, no entremeio, os estados e as guerras entre eles, o que provoca deslocações abissais de riqueza de uns para outros.

Agora, não duvido que um estado só consegue ombrear com o capital, opondo-se-lhe ou aliando-se segundo a conveniência do interesse colectivo independente, se apoiado numa classe média forte, lúcida e determinada.

A fraqueza na tributação dos rendimentos de capital, impedindo o crescimento do sector dos bens e serviços públicos, sub-optimiza o desenvolvimento e o bem-estar da sociedade e dos cidadãos.

vbm disse...

«A reserva fraccionária não aumenta o efeito multiplicativo, limita-o.»
_______________________________

Exactamente. Permite-o, até ao limite.

:)
abraço,

alf disse...

Diogo

Você diz que a banca "pode criar dinheiro a partir do nada e cobrar juros sobre esse nada." Aqui é que está o seu equívoco. Tanto está a criar dinheiro a banca quando o empresta como você quando o deposita, isto no conceito de "criação de dinheiro" que eu digo ser um conceito errado.

A única coisa que se passa é uma circulação de dinheiro e o papel da banca é gerir essa circulação; e a banca cobra uma taxa por esse serviço, que é o diferencial entre o que cobra sobre o que empresta e o que paga ao depositante; e essa cobrança é legítima porque há um serviço prestado. O montante dessa cobrança, a sua regulamentação, é que pode ser questionado.

Aliás, os lucros da actividade da banca comercial são baixos; os grandes lucros vêm das actividades especulativas na gestão de grandes fundos.

O que há a fazer é regular e controlar os processos especulativos; mas isso não tem nada a ver com o processo de circulação de dinheiro mediado pela banca.

Quando se definiu que o BCE não podia emprestar aos estados, criou-se obviamente um processo especulativo porque estes deixaram de ter poder negocial. Esse é que é o problema.

Note que eu não estou a defender a banca, só estou a dizer que o problema não está no processo de circulação de dinheiro porque não há outra maneira de a gerir (você pode defender a sua estatização, mas isso não altera o processo)

alf disse...

vbm

"Não sei se a concentração de património nos mais ricos pode desenhar-se com essa nitidez paralela ao empobrecimento do maior número"

pode crer que é exactamente esse o problema; as guerras entre eles resultam em um ficar com parte da riqueza do outro, não reverte a favor dos mais pobres, pelo contrário - se um fica com a empresa do outro, a seguir despede parte do pessoal.

O imposto que o Obama lançou de 2% sobre os mais ricos gera uma receita igual a 50% do rendimento da metade da população dos EUA mais pobre; uma metade que está a empobrecer desde há uma década sensivelmente.

Este sistema económico entra em crise quando parte da população começa a empobrecer em vez de enriquecer, é por isso que uma política de "empobrecimento" é impensável nos EUA, eles sabem bem que o que têm a fazer é "redistribuir a riqueza"; e é isso que estão a fazer de forma muito inteligente.

vbm disse...

Eu isso concordo, é o efeito da diferença da taxa de crescimento do rendimento da população distribuída em duas classes de rendimento, os "mais ricos" e os "mais pobres", com o alargamento demográfico desta última - por acaso, gostava de escrever a aritmética desta repartição e suas taxas de crescimento per capita :)

Mas, justamente por assim ser, é politicamente importante fortalecer a classe média, de rendimentos médios! Isto por ser o tampão à extrema desigualdade de rendimentos.

Mas há um perigo com a classe média: é presa fácil de iniciativas políticas do nacional-socialismo. Já a alta burguesia, e as classes mais intelectualizadas, com ou sem poder material, não se deixam captar por movimentos populistas nem por revolucionários extremistas.

De modo que, o ideal é mesmo o de fomentar uma larga classe média, o menos obtusa possível, cultivada em valores de independência moral, lúcido espírito crítico e ânimo de coragem sem subserviência, com persistência no desenvolvimento da inteligência pelo trabalho.

Fiquei curioso com a hipótese de ser "o Obama", o implicado nas recentes nacionalizações d' Argentina e da Bolívia :). Porque, embora realmente atinja, suponho, as multinacionais respectivas e as transferências de dividenos anuais de accionistas norte-americanos, isso, por si só, apenas melhora estatisticamente a desigualdade de rendimento nos USA, por migração dos mais ricos para os "menos ricos"! :)

alf disse...

vbm

sobre a distribuição dos rendimentos podes ver o estudo feito pelo congresso americano

http://cbo.gov/publication/42729

achei especialmente admirável o cuidado da análise e a preocupação com a situação.

A questão das nacionalizações é o estabelecimento de facto do fim da globalização - a "regra do jogo" mudou, agora nenhum país aceita empresas no seu território que não sejam controladas por eles - e por isso, os (poucos) que ainda o não faziam estão agora a adaptar-se à nova regra

Mesmo na Europa, na Itália as golden share passaram a ser consideradas inalienáveis pelo mesmo sr. Monti que considerou que Portugal tinha imperativamente de alienar as suas...

pvnam disse...

«Portugal nasceu porque um tal Afonso Henriques quis ser mais rico e poderoso do que o que lhe estava destinado»


-> Portugal não é uma 'produção mercenária' ao serviço de senhores... Portugal 'foi feito' com participação voluntária!...
.
-> Uma NAÇÃO é uma comunidade de indivíduos de uma mesma matriz racial que partilham laços de sangue, com um património etno-cultural comum.
-> Uma PÁTRIA é a realização e autodeterminação de uma Nação num determinado espaço.
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-> As famílias não são independentes/autónomas... todavia, devem as famílias abdicar da sua Identidade?... Resposta: Nâo!
-> As Nações não são independentes/autónomas... todavia, devem as Nações abdicar da sua Identidade?... Resposta: Não!
-> Ora, existindo não-nativos JÁ NATURALIZADOS com uma demografia imparável em relação aos nativos... como seria de esperar, abunda por aí muita conversa para 'parvinhos-à-Sérvia'.
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-> A superclasse (alta finança internacional - capital global, e suas corporações) pretende conduzir os países à IMPLOSÃO da sua Identidade (dividir/dissolver identidades para reinar)...
-> Só não vê quem não quer: está na forja um caos organizado por alguns - a superclasse: uma nova ordem a seguir ao caos... a superclasse ambiciona um neo-feudalismo: com mercenários (tecnologicamente muito bem equipados...), a superclasse ambiciona implementar uma Nova Ordem Mundial (vulgo NWO).
.
-> A existência duma estratégia demográfica... foi sempre considerada como fundamental para uma estratégia de luta pela SOBREVIVÊNCIA de longo prazo: ver este blog Origem Tabu-Sexo .
-> Quem só vê um palmo à frente do nariz... anda por aí, de década em década, numa alegre decadência 'kosovariana'.
.
-> Muito muito mais importante do que a crise... é o DIREITO À SOBREVIVÊNCIA!!!
-> A sobrevivência é uma coisa difícil e complicada: 'n' civilizações já desapareceram...
--->>> Não vamos ser uns 'parvinhos-à-Sérvia'... antes que seja tarde demais, há que mobilizar aquela minoria de europeus que possui disponibilidade emocional para se envolver num projecto de luta pela sobrevivência... e SEPARATISMO-50-50!...

vbm disse...

n=16.

Anónimo disse...

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