domingo, fevereiro 12, 2012
E se fosse ao contrário?
E se o BCE
emprestasse aos estados à mesma taxa de juro que empresta aos bancos? Se
injectasse 490 mil milhões de euros nas dívidas soberanas como fez com a banca?
É que, afinal, o
problema não é das dívidas soberanas, elas só se tornaram insustentáveis com a
subida da taxa de juro; o problema é da banca, que agora não tem como receber o
dinheiro emprestado porque com o aumento da desigualdade as pessoas estão mais
pobres. É por isso que os bancos começaram a falir. QUEM ESTÁ EM CRISE SÃO OS
BANCOS.
Portanto, nada
como ajudar os bancos, nomeando uma troika para os fiscalizar e impor-lhes
medidas de austeridade – ordenados obscenos dos seus gestores, pagos com a
nossa ajuda? Nem pensar. Luxos e regalias de toda a espécie para os empregados
da banca? Um corte já nos salários, um corte nos subsídios, um corte nas
pensões. Uma agência bancária em casa esquina? Sedes palacianas? Como se admite
um tal gasto de dinheiro em obras de construção civil? Redução das agências
bancárias para metade já (afinal, para que servem quando quase tudo se trata
pela net?) e despedimento dos empregados. Austeridade para a Banca!
Isto é o que
seria lógico, não é verdade? E seria assim se o banco central fosse nosso – dos
cidadãos – em vez de ser dos bancos.
Mas como quem
comanda está ao serviço dos bancos, o que fazem? Tapam os buracos dos bancos à custa dos dinheiros públicos,
cobrando taxas usuárias às dívidas soberanas, e à custa dos funcionários
públicos e, por arrasto, de todos os outros excepto (!!!!) os funcionários da
banca que mantêm todos os seus privilégios, dos administradores ao porteiro –
da banca que está à beira da falência.
Mas se a banca
falisse seria o caos, dirão; pois, mas assim vai falir na mesma; porque ao
empobrecerem as pessoas, mais as dívidas se tornarão incobráveis; ao subirem as
taxas de juro, menos as pessoas recorrerão ao crédito – estão a subir o preço
de um produto para além do seu valor ótimo, gerando lucros decrescentes.
Claro que estas coisas começam pelos mais fracos - o pessoal comenta à boca pequena: põe o dinheiro neste banco holandês, ou neste banco alemão; os depósitos nos bancos portugueses caem, as taxas são mais altas mas o pessoal não arrisca, os bancos portugueses vão falir mas entretanto os bancos alemães e holandeses estão a encher-se, para eles tudo bem, nada há a mudar no sistema. As regras são definidas pelos mais fortes desde que deixámos de ter governos ao serviço do povo.
Na verdade, o
verdadeiro problema não é a banca, é o empobrecimento da maioria das pessoas; e
só se sai daqui redistribuindo a riqueza e alterando as regras para que o
limite mínimo dos ordenados não seja o limiar da sobrevivência ou da revolta;
ora o que se está a fazer é o contrário, evidentemente, querem lá agora os mais
ricos “redistribuir a riqueza”? Lutarão até ao fim contra essa ideia. Só que
antigamente as pessoas podiam sobreviver da horta e hoje já não podem,
portanto, isto só não acabará numa revolta se entretanto os ricos perceberem
que não conseguem conservar a sua riqueza quando as pessoas empobrecem.
As sociedades
cuja riqueza está baseada na produção de bens, como a Alemanha, vão em breve
começar a perceber que a situação actual é insustentável. O actual sistema
económico implode quando a desigualdade ultrapassa certo valor porque isso
estrangula o fluxo financeiro.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
estava prometido um texto sobre os tabus... será o próximo, estas coisas pareceram-me importantes para que se compreendesse melhor os tabus.
Caro Alf,
Será que você ainda não compreendeu o esquema? Meia dúzia de Banqueiros Internacionais (um monopólio) controla toda a finança mundial, da América à China, passando pela Europa.
Na «nossa» Europa, criaram um BCE que está proibido aos Estados Nacionais. De forma que, criando dinheiro a partir do nada, apenas o empresta a juros mínimos aos bancos comerciais. Estes, por sua vez, emprestam-no aos Estados, empresas e famílias a um juro muito mais elevado.
Como se não bastasse isto, os bancos comerciais também criam dinheiro a partir do nada, graças à taxa de reserva legal, e emprestam-no com juros.
Bancos na falência? Onde é que você foi buscar isso?
Um tabu que eu gostava que você abordasse é o «holocausto judeu». Pode ser?
Diogo
Claro que é como você diz; mas para convencer os que acreditam que se trata de mercados que se autoregulam etc não basta dizer, é preciso demonstrar que se trata de um grupo de pessoas que manipula; é isso que eu procuro conseguir com as questões que vou colocando.
Nos EUA faliram logo perto de uma centena de pequenos bancos; para não falar da Islândia, do BPP e do BPN... e não é só os bancos, são as administrações de grandes fortunas e outras coisas que visam ganhar dinheiro com o dinheiro.
Quanto ao holocausto judeu, este blogue trata do futuro; vou ao passado quando isso é importante para perceber o futuro. Mas pode ser que assunto ainda surja no caminho.
Enviar um comentário