quinta-feira, junho 23, 2011

João Ferreira do Amaral

Acabo de assistir ao programa da SIC Notícias "Negócios da Semana", onde o José Gomes Ferreira entrevistou João Ferreira do Amaral.

Pela primeira vez, em duas décadas, vejo alguém a defender as mesmas ideias que tenho defendido, num orgão da comunicação social.

Não se pense que somos os únicos; simplesmente, neste mundo de verdades simplórias, o pensamento subtil é imediatamente rejeitado pelo "mainstream".

Se apanharem a repetição do programa, ou o video, não percam. Para se perceber o que está a acontecer e o que vai acontecer.

Eu estava a preparar uma série de posts para analisar a solução do sarilho em que estamos, mas estava confrontado com uma dificuldade: como apresentar uma solução para um problema que as pessoas não vêem?

É como o problema do Galileu: como explicar a rotação da Terra se ninguém acredita nela?

Bem, o João Ferreira do Amaral expõs o problema; e até disse, como eu, que os culpados desta situação não são os políticos, são os economistas.

...os economistas " mainstream" acrescentaria eu, mais os comentadores de TV... Mas isso não interessa nada agora, o que interessa é começarmos a sair do buraco em vez de continuarmos a cavar.

Se alguém encontrar o video dessa entrevista, agradeço que me diga, para pôr aqui o link

quarta-feira, junho 22, 2011

Uma questão a que não sei responder

Pessoa das minhas relações que me merece a máxima consideração colocou-me a seguinte questão:

Se o Paulo Macedo exigiu, para ir para as Finanças, receber o mesmo que recebia no BCP, o que terá ele exigido agora para ir para Ministro da Saúde?

Compreende-se a pergunta; agora que ele tem um alto lugar na área da saúde no banco, onde ganhará muito mais do que ganhava no tempo em que foi para as Finanças, certamente que, em coerência com o que aconteceu anteriormente, não se disponibilizou a ir para ministro perdendo volumosas verbas; nem lhe fica mal sabermos que exigiu continuar a receber o mesmo pois ninguém faz nada em seu prejuízo, quem se disponibiliza para perder dinheiro no imediato é porque está a prever vantagens futuras.

Essas vantagens até podem ser legítimas, por exemplo, um acréscimo de prestígio que aumente a sua cotação profissional.

Não parece, porém, que aqui possa ser o caso, pois parece que não lhe falta prestígio, por um lado, e por outro os lugares de ministro frequentemente só geram quebra de prestígio.

Portanto, fiquei sem saber que resposta dar. Não me surpreende que a questão seja difícil, a pessoa que ma colocou não o faria se a resposta foi fácil. Continuei por isso a raciocinar:

O desgaste dum ministro do PSD é muito menor que um do PS porque o PSD domina a quase totalidade da comunicação social e especialmente domina agora a totalidade da televisão (e certamente que ninguém vai deixar a MMG chegar-se aos microfones...); mesmo assim a busca de prestígio não parece uma razão suficiente para justificar tão brutal perda de rendimento entre um lugar de topo no BCP e o ordenado de ministro.

Então lembrei-me duma coisa: quais são os grandes negócios da banca, agora que a bolsa já não rende? São os empréstimos ao consumo / cartões de crédito, a especulação sobre as dívidas soberanas e a saúde! Ou seja, Usura e Saúde, as grandes áreas da banca actual.

Então, um alto responsável pelo negócio da Saúde do BCP, um dos dois pilares da actividade bancária actual, que permite pagar juros nos depósitos a prazo muito acima dos 2 ou 3% que a economia europeia pode crescer, vai para ministro da Saúde...

Surge uma lógica para esta escolha: não podia haver ninguém mais empenhado em reduzir o SNS à expressão mínima... e uma razão para o Paulo Macedo aceitar: a sua comparticipação nos lucros do ramo Saúde pode subir em flecha.

Há porém, um óbice: isto é tão reles e primário que não pode ser verdade, há razões mais profundas, subtis. Percebê-las ajudará a perceber o complexo esquema de funcionamento da nossa sociedade. Foi então que me lembrei de pedir ajuda aos leitores deste blogue!

Algum dos ilustres leitores é capaz de avançar uma explicação não interesseira para o facto de uma pessoa altamente interessada no negócio da saúde na banca ir para ministro da saúde para depois voltar outra vez à banca?

quarta-feira, junho 15, 2011

Ainda a E. Coli

A história da E. Coli continua muito mal contada, como é evidente, porque nada se diz sobre a origem da bactéria – ela não surge nos rebentos de soja ou nas alfaces por geração espontânea, ela veio de algum lado; localizar onde ela foi gerada é que é o cerne da questão, mas sobre isso nada se diz. Como é evidente, uma bactéria que surge subitamente resistente a 8 antibióticos não é um produto “natural”, algo que possa ocorrer na natureza em condições normais.

Uma explicação que surge imediatamente é a de que foi gerada em laboratório. Essa é a tese aqui exposta.
  
Uma notícia que recebi há dias, porém parece-me reforçar uma outra explicação, que há muito previa isto; é a seguinte:

Todo o gado que se cria na Europa (e noutros lados), bem como os frangos, os patos, os porcos, recebem como parte integrante da sua dieta cocktails de antibióticos. Desde que nascem até ao abate. Não só para evitar doenças mas também porque promovem o crescimento dos animais.

Isto é um negócio tremendo para as farmacêuticas, que produzem mais antibióticos para os animais do que para as pessoas.

Ora natureza é Inteligente, já aqui falamos disso. A natureza sempre arranjou soluções para as ameaças, por isso é que a Vida ainda existe.

Para as bactérias, resolver uma ameaça como a posta pelos antibióticos é uma brincadeira de crianças.

Enquanto os antibióticos tinham uma aplicação esporádica, eventual e controlada, o número de oportunidades para as bactérias testarem soluções era baixo. Como vimos, o processo básico de Inteligência depende do número de acasos ou hipóteses testados. Pontualmente, poderia surgir uma bactéria resistente a um antibiótico, que poderia ser combatida por outro.

Isto é bem sabido, há muito que na medicina se procura as melhores práticas para limitar este problema, o que mesmo assim não impediu que diversas bactérias multirresistentes tenham já surgido. Uma bactéria que parece especialmente capaz de desenvolver resistência aos antibióticos é a S. aureus, causa primeira das infecções graves constraídas em hospitais.

É fácil por isso prever que o uso maciço de cocktails de antibióticos na criação animal terá de originar uma panóplia de bactérias multirresistentes. A curto prazo.

Quais as consequências?

Piores que as da peste negra. Porque se fosse apenas uma bactéria, o organismo humano poderia encontrar solução, ou a própria bactéria poderia perder a sua virulência; mas sendo a perspectiva a de aparecerem diferentes bactérias, se houver solução para uma, não haverá para outra.

A notícia que referi acima informa que:

A novel form of deadly drug-resistant bacteria that hides from a standard test has turned up in Europe.

O resto da notícia, da conceituada Science, podem encontrar aqui ou aqui (curiosamente, não me recordo de a comunicação social referir este importante acontecimento)

Mas não há perigo, dizem, – a pasteurização do leite acaba com o bicharoco... a não ser que a bactéria, uma S. aureus, seja transmitida por fora, pelas pessoas que trabalham com os animais...

Não sei porque razão, os cientistas sugerem que a batéria pode ter sido gerada numa pessoa tratada com muitos antibióticos e depois misteriosamente ter ido parar ao gado; ignorarão que o gado é criado com antibióticos?

Eu temo que isto venha a ficar fora de controlo; que a solução ainda venha a ser o abate de todo o gado. Mas há uma coisa que podemos começar já a fazer, que é não continuar a insistir no erro. Ou seja, a produção de animais tem de passar a ser feita sem antibióticos. Antibióticos só para seres humanos. No mínimo, tem de existir um leque suficientemente vasto de antibióticos que nunca seja utilizado no gado. Arranje-se outra solução para os animais.

Portugal tem um lugar privilegiado para a criação de gado nestas condições: os Açores. Pela abundância de pasto e pelo isolamento. As doenças podem ser transmitidas pelas rações, que são mais ou menos lixo reciclado, mas os Açores têm condições para produzir gado (e leite) sem rações e sem antibióticos. Não é o que fazem agora - agora recorrem a rações e enchem os animais de antibióticos como os outros, mas é o que podem fazer.

É claro que isto pode ser feito em qualquer parte, mas os Açores têm condições únicas para evitar contaminações e para garantir a qualidade do produto.


Utopia? Nada disso; o Brasil já limita severamente o uso de antibióticos na criação de animais desde 1998. Ver aqui um curto texto que expõe muito bem o problema.

Criação ecológica de animais já. Quanto mais não seja, este é um nicho de mercado que nos interessa porque, num mercado aberto, não há hipótese nenhuma de poder competir com gado criado noutras partes do mundo. A nós só interessa produzir produtos “de luxo”, de qualidade e preços máximos. Será que somos capazes de fazer o mesmo que o Brasil? Ou, como o responsável de uma importante fábrica alemã em Portugal afirmou com orgulho há uns anos: "nós aqui não pensamos, quem pensa são os alemães!"?

quarta-feira, junho 08, 2011

Porque há pobreza?


No passado, a pobreza e a miséria tinham uma simples explicação: falta de recursos.
Não havia controlo populacional e as capacidades de produção eram muito limitadas, por isso a população esteve sempre no limite sustentável durante muitos milénios; parte das pessoas que nasciam tinha de morrer, pela fome ou pela violência, pois a população não podia aumentar.

É por isso que havia tanta violência e é por isso que uns tinham de comer insectos, outros tripas; a sopinha de erva ainda era um recurso em Portugal há menos de um século.

A pobreza e a miséria continuam a existir hoje no mundo ocidental, em Portugal mais do que noutros lados, e as pessoas continuam a pensar que, tal como na geração dos seus avós e dos seus pais, ela se deve à carência de recursos.

Nada mais errado. É exactamente o oposto!!!

Salvo em algumas regiões de Ásia e África, a população está controlada e a capacidade de produção é muito maior do que as necessidades.

Os agricultores recebem para não produzir, não é verdade? Isso é necessário porque se produz em excesso; paga-se aos agricultores portugueses para não produzirem para que os franceses o possam fazer.

As fábricas de automóveis existentes – e não há dificuldade em fazer mais – podiam produzir muito mais carros – lembram-se de que quando começou a crise havia carros por vender aos milhões e as fábricas tiveram de parar?

As casas são em excesso, não é verdade? A construção civil está em crise porque já há mais casas do que as necessidades.

Há tudo em excesso e no entanto a pobreza e miséria não só continuam a existir como estão a crescer em muitas partes do mundo ocidental desde há uma década.

Esta é a primeira grande verdade que temos de ter presente: hoje, contrariamente a todo o passado da humanidade, vivemos finalmente numa era de abundância, não há nenhuma razão para existir miséria a não ser a de vivermos numa sociedade que funciona com regras erradas e que geram uma desigualdade absurda. 

Irradicar a pobreza não se consegue dando esmolas (embora isso seja para já importante e o possível a nível individual); consegue-se corrigindo as regras da sociedade.

Nos posts seguintes vamos analisar esta questão e buscar soluções; retenhamos, para já, este facto óbvio, indesmentível: hoje não há razão aceitável para haver pobreza.

sexta-feira, junho 03, 2011

E. Coli

Aproveito a pausa do almoço para vir armar-me em bruxo e fazer uma previsão.

A notícia das mortes na Alemanha surgiu logo embrulhada no apontar do culpado:  e. coli em pepinos espanhóis.

Para quem não anda de olhos fechados neste mundo, trata-se obviamente de uma mentira conveniente. Não digo que não tenha sido originada de boa fé: acredito que um laboratório tenha encontrado o bichinho num pepino espanhol e alguém tenha pensado que essa podia ser a causa. As pessoas que deram a cara pelo aquecimento global também estavam de boa fé, na altura havia um aumento da temperatura da Terra e elas não tinham conhecimentos que lhes permitisse entender melhor o fenómeno. Mas acontece que essa boa fé e ingenuidade é depois usada por quem tem objectivos inconfessáveis.

Que não podia ser dos pepinos espanhóis metia-se pelos olhos dentro - todos os doentes eram da mesma zona.

Se os alemães tivessem dito que era dos pepinos portugueses, provavelmente a mentira ter-se-ia aguentado, e nem o facto de não exportarmos pepinos para a Alemanha seria considerado relevante - o Terreiro do Paço também não está debaixo de água e isso não impede que se continue a falar da subida dos oceanos devido ao aquecimento global.

Mas os espanhóis tiveram a calma e a sabedoria necessárias para demonstrar que não eram os seus pepinos.

Agora a minha adivinhação: a causa destas mortes não é nenhuma E. Coli.

Não sei se algum dia se vai esclarecer este assunto; mas como nós somos um país hortícula, bom seria que os nossos laboratórios começassem a investigar esta possibilidade. Ou vamos esperar que sejam os espanhóis a fazer tudo?

Temos de nos livrar desta postura de "bom aluno" que nos conduziu à presente desgraça...