quarta-feira, junho 15, 2011

Ainda a E. Coli

A história da E. Coli continua muito mal contada, como é evidente, porque nada se diz sobre a origem da bactéria – ela não surge nos rebentos de soja ou nas alfaces por geração espontânea, ela veio de algum lado; localizar onde ela foi gerada é que é o cerne da questão, mas sobre isso nada se diz. Como é evidente, uma bactéria que surge subitamente resistente a 8 antibióticos não é um produto “natural”, algo que possa ocorrer na natureza em condições normais.

Uma explicação que surge imediatamente é a de que foi gerada em laboratório. Essa é a tese aqui exposta.
  
Uma notícia que recebi há dias, porém parece-me reforçar uma outra explicação, que há muito previa isto; é a seguinte:

Todo o gado que se cria na Europa (e noutros lados), bem como os frangos, os patos, os porcos, recebem como parte integrante da sua dieta cocktails de antibióticos. Desde que nascem até ao abate. Não só para evitar doenças mas também porque promovem o crescimento dos animais.

Isto é um negócio tremendo para as farmacêuticas, que produzem mais antibióticos para os animais do que para as pessoas.

Ora natureza é Inteligente, já aqui falamos disso. A natureza sempre arranjou soluções para as ameaças, por isso é que a Vida ainda existe.

Para as bactérias, resolver uma ameaça como a posta pelos antibióticos é uma brincadeira de crianças.

Enquanto os antibióticos tinham uma aplicação esporádica, eventual e controlada, o número de oportunidades para as bactérias testarem soluções era baixo. Como vimos, o processo básico de Inteligência depende do número de acasos ou hipóteses testados. Pontualmente, poderia surgir uma bactéria resistente a um antibiótico, que poderia ser combatida por outro.

Isto é bem sabido, há muito que na medicina se procura as melhores práticas para limitar este problema, o que mesmo assim não impediu que diversas bactérias multirresistentes tenham já surgido. Uma bactéria que parece especialmente capaz de desenvolver resistência aos antibióticos é a S. aureus, causa primeira das infecções graves constraídas em hospitais.

É fácil por isso prever que o uso maciço de cocktails de antibióticos na criação animal terá de originar uma panóplia de bactérias multirresistentes. A curto prazo.

Quais as consequências?

Piores que as da peste negra. Porque se fosse apenas uma bactéria, o organismo humano poderia encontrar solução, ou a própria bactéria poderia perder a sua virulência; mas sendo a perspectiva a de aparecerem diferentes bactérias, se houver solução para uma, não haverá para outra.

A notícia que referi acima informa que:

A novel form of deadly drug-resistant bacteria that hides from a standard test has turned up in Europe.

O resto da notícia, da conceituada Science, podem encontrar aqui ou aqui (curiosamente, não me recordo de a comunicação social referir este importante acontecimento)

Mas não há perigo, dizem, – a pasteurização do leite acaba com o bicharoco... a não ser que a bactéria, uma S. aureus, seja transmitida por fora, pelas pessoas que trabalham com os animais...

Não sei porque razão, os cientistas sugerem que a batéria pode ter sido gerada numa pessoa tratada com muitos antibióticos e depois misteriosamente ter ido parar ao gado; ignorarão que o gado é criado com antibióticos?

Eu temo que isto venha a ficar fora de controlo; que a solução ainda venha a ser o abate de todo o gado. Mas há uma coisa que podemos começar já a fazer, que é não continuar a insistir no erro. Ou seja, a produção de animais tem de passar a ser feita sem antibióticos. Antibióticos só para seres humanos. No mínimo, tem de existir um leque suficientemente vasto de antibióticos que nunca seja utilizado no gado. Arranje-se outra solução para os animais.

Portugal tem um lugar privilegiado para a criação de gado nestas condições: os Açores. Pela abundância de pasto e pelo isolamento. As doenças podem ser transmitidas pelas rações, que são mais ou menos lixo reciclado, mas os Açores têm condições para produzir gado (e leite) sem rações e sem antibióticos. Não é o que fazem agora - agora recorrem a rações e enchem os animais de antibióticos como os outros, mas é o que podem fazer.

É claro que isto pode ser feito em qualquer parte, mas os Açores têm condições únicas para evitar contaminações e para garantir a qualidade do produto.


Utopia? Nada disso; o Brasil já limita severamente o uso de antibióticos na criação de animais desde 1998. Ver aqui um curto texto que expõe muito bem o problema.

Criação ecológica de animais já. Quanto mais não seja, este é um nicho de mercado que nos interessa porque, num mercado aberto, não há hipótese nenhuma de poder competir com gado criado noutras partes do mundo. A nós só interessa produzir produtos “de luxo”, de qualidade e preços máximos. Será que somos capazes de fazer o mesmo que o Brasil? Ou, como o responsável de uma importante fábrica alemã em Portugal afirmou com orgulho há uns anos: "nós aqui não pensamos, quem pensa são os alemães!"?

2 comentários:

antonio ganhão disse...

Sou pela ingestão massiva de antibióticos por parte dos gestores, temos de criar hipóteses para que se desenvolva uma bactéria que, finalmente, limpe o mundo dessa praga.

alf disse...

antónio

Bem visto rsrrs... mas ela já anda aí, em Espanha e na Grécia.