quarta-feira, junho 08, 2011

Porque há pobreza?


No passado, a pobreza e a miséria tinham uma simples explicação: falta de recursos.
Não havia controlo populacional e as capacidades de produção eram muito limitadas, por isso a população esteve sempre no limite sustentável durante muitos milénios; parte das pessoas que nasciam tinha de morrer, pela fome ou pela violência, pois a população não podia aumentar.

É por isso que havia tanta violência e é por isso que uns tinham de comer insectos, outros tripas; a sopinha de erva ainda era um recurso em Portugal há menos de um século.

A pobreza e a miséria continuam a existir hoje no mundo ocidental, em Portugal mais do que noutros lados, e as pessoas continuam a pensar que, tal como na geração dos seus avós e dos seus pais, ela se deve à carência de recursos.

Nada mais errado. É exactamente o oposto!!!

Salvo em algumas regiões de Ásia e África, a população está controlada e a capacidade de produção é muito maior do que as necessidades.

Os agricultores recebem para não produzir, não é verdade? Isso é necessário porque se produz em excesso; paga-se aos agricultores portugueses para não produzirem para que os franceses o possam fazer.

As fábricas de automóveis existentes – e não há dificuldade em fazer mais – podiam produzir muito mais carros – lembram-se de que quando começou a crise havia carros por vender aos milhões e as fábricas tiveram de parar?

As casas são em excesso, não é verdade? A construção civil está em crise porque já há mais casas do que as necessidades.

Há tudo em excesso e no entanto a pobreza e miséria não só continuam a existir como estão a crescer em muitas partes do mundo ocidental desde há uma década.

Esta é a primeira grande verdade que temos de ter presente: hoje, contrariamente a todo o passado da humanidade, vivemos finalmente numa era de abundância, não há nenhuma razão para existir miséria a não ser a de vivermos numa sociedade que funciona com regras erradas e que geram uma desigualdade absurda. 

Irradicar a pobreza não se consegue dando esmolas (embora isso seja para já importante e o possível a nível individual); consegue-se corrigindo as regras da sociedade.

Nos posts seguintes vamos analisar esta questão e buscar soluções; retenhamos, para já, este facto óbvio, indesmentível: hoje não há razão aceitável para haver pobreza.

8 comentários:

fa_or disse...

Muito bem!

Vou colocar lá uns links para este post :)

Obrigada pelo interesse pelo tema!

Não há carência de recursos. Estão é muito mal distribuídos, porque há quem só olhe para o seu umbigo e chame a si aquilo que é de todos os outros por direito.

Bjos

alf disse...

pois é MaFaR, o pior é que as pessoas que mais têm rapidamente se convencem que o que têm é altamente merecido, cada tostão, até mereciam mais; e quando não sabem dizer porquê, acham que é uma espécie de recompensa divina por algo tenham feito noutra vida.

A cabecinha das pessoas em geral é muito limitada; funcionam consoante as regras da sociedade e se isso resultar em seu favor, acham-se merecedoras, não vão questionar as regras que as beneficiaram; os prejudicados ficam sem poder e nada podem fazer a não ser uma eventual revolução.

O mundo apenas salta e avança quando surge alguém com um sonho maior do que ele; pode ser que esse alguém ande por aí, vamos amadurecendo as ideias que podem alimentar o seu sonho...

antonio ganhão disse...

Nos dias de hoje a melhor forma de enriquecer é à custa da pobreza generalizada. A posse dos recursos já não é mercado apetecível.

alf disse...

António

é isso; "a trabalhar ninguém enriquece" diz-se, como desculpa para os esquemas que se arranjam para se enriquecer sem dar nada em troca - ou seja, há muita gente que enriquece criando... pobreza!!!!

Diogo disse...

Absolutamente de acordo, meu caro. A organização social está profundamente doente.

Agora, estou curioso de ver quais vão ser as suas soluções.

Abraço

UFO disse...

Sou todo ouvidos meu amigo.

ablogando disse...

Alf:

Até aqui, ambos de acordo. Espero agora pelo resto. Fico à espreita.
Abraço.

alf disse...

Diogo, Ufo, Joaquim Simões

Eu sei que estão de acordo, têem-no escrito, sobretudo o Diogo, que muito me fez pensar sobre o assunto.

Temos agora de juntar as nossas cabecinhas e procurar entender e solucionar o problema.

Há umas regras que temos de seguir para chegar a uma solução. Uma é que a humanidade é como é, apontar culpados não adianta nada, o objectivo é conseguir regras de organização da sociedade, um modelo de sociedade, que funcione com as pessoas tal como são e que atinja determinados objectivos, que também temos de compreender quais devem ser.

para mim, as pessoas têm diferentes caracteristicas e buscam coisas diferentes na vida; como qq ser vivo, buscamos o nosso nicho onde consigamos ser melhor, relevante,e apreciados pelos outros. Como queremos todos ser reconhecidos, precisamos de tantos nichos como as pessoas e precisamos de usar essa necessidade para fazer evoluir a sociedade.

Bem, isto são só uns pensamentos iniciais... como vêem, a solução tem de ser construída; mas vão ver que existindo um esforço de procura alguma coisa vai ser encontrada.