quinta-feira, dezembro 01, 2011
Há uma solução testada com sucesso: as “MEFO BILLS”
Neste sarilho da
dívida soberana, sempre que precisarmos de ir ao mercado os juros dispararão –
porque os juros dependem do poder negocial e não do montante da dívida.
Infelizmente, temos um PM completamente ingénuo (ou será fingimento?) que diz
que o juro é uma questão de «confiança dos mercados». Pior do que isso, afirmou
há pouco que não há outra opinião sobre o assunto. Posso talvez sugerir-lhe que
consulte sobre o assunto o nosso PR... ou que veja o que tem dito o Obama ou o
Mário Soares... será que ele sofre de autismo??
As medidas que
estão a ser adoptadas não melhoram a nossa capacidade negocial, logo não vão
resolver o nosso problema. O problema prioritário, o juro, só se resolve
adquirindo capacidade de dizer “não” a juros altos. Como fez a Alemanha
recentemente. (a propósito, a subida dos juros na dívida pública da Alemanha
também é por causa da falta de «confiança dos mercados»?)
Resolver esta
situação é fácil - é só o BCE ligar as impressoras sempre que o juro
ultrapassar um valor considerado razoável. Ou seja, existem decisões políticas
que resolvem o problema. Propositadamente, mantém-se o problema no campo
económico, onde ele não tem solução com as actuais regras. Isto é, foi tomada a
decisão política de não resolver o problema. Quem tem o poder de mudar esta
decisão são a França e a Alemanha, mas acontece que elas têm vantagem na actual
situação, como mostrarei no próximo texto. Nós também poderíamos aproveitar
alguma coisa com a crise, uma oportunidade de ouro para combater a corrupção em
todas as suas formas. Mas, até agora, só se tem visto combater as pessoas
honestas.
Como não sabemos
se a França e a Alemanha vão tomar a decisão política de acabar com a crise
pelos tempos mais próximos, a cautela manda que tenhamos uma solução preparada
para pôr em acção caso não haja grandes mudanças até ao fim de 2012.
Num texto
anterior eu propus que o Estado emitisse umas obrigações com a capacidade de
circular como dinheiro – uma emissão paralela de dinheiro, mas legalmente
enquadrada. Assim, o 13º e 14º meses não seriam cortados mas pagos desta forma.
E estas obrigações seriam aceites pelo Estado para o pagamento numa percentagem
adequada de dívidas ao estado – IRS, segurança social, IRC, IVA.
Foi uma ideia.
Uma coisa estranha porque, como me disse há muitos anos um director duma
importante empresa alemã em Portugal, nós, portugueses, não temos ideias, não
pensamos, quem pensa são os alemães. Um frémito de orgulho percorria-lhe a
espinha por ser empregado desse ilustre povo que era capaz dessa coisa
espantosa, desconhecida dos portugueses: pensar! Na altura, risquei logo essa
empresa das minhas opções, não imaginando que um dia iria ter como PM alguém
que parece esse director.
Agora, mão amiga
fez-me chegar o seguinte link.
Muito
interessante!! Não é que os alemães já usaram este processo? E com enorme
sucesso?
A seguir à
primeira guerra mundial estavam proibidos de fabricar armas e não tinham
financiamento para o desenvolvimento das suas indústrias pesadas; então o
ministro das finanças alemão inventou uma sociedade “de investigação
metalúrgica”, fictícia, com o capital de 1 milhão de marcos, cujo nome
abreviado era MEFO; esta empresa fazia pagamentos à indústria pesada e de
armamento com “MEFO BILLS”, que podiam ser convertidas em marcos em qualquer
banco alemão, que por sua vez as podiam descontar no banco central a partir do
3º mês da sua emissão. Estas notas de crédito tinham uma validade de 6 meses
prorrogáveis indefinidamente por períodos de 3 meses. As MEFO BILLS permitiram
ao governo insuflar a sua economia com resultados tão brilhantes que em pouco
tempo estavam de novo em guerra. Em 1939, as MEFO BILLS totalizariam 12 mil
milhões de marcos contra os 19 mil milhões de obrigações do Tesouro.
Isto é uma grande
lição: os alemães tinham um problema e resolveram-no. Não ficaram à espera que
alguém resolvesse por eles. Não se deixaram ficar em becos sem saída,
dependentes de outros, que é onde nós estamos agora. Pensaram!!!!
O esquema que os
alemães usaram para financiar o seu esforço militar podemos nós usar para
financiar o estado social. Ao conseguir isso, obtemos poder negocial porque
deixamos de estar com a corda na garganta – se forem exigidos juros excessivos,
o estado pode fazer como a Alemanha fez há dias, rejeitar o empréstimo, porque
pode pagar parcialmente os ordenados e as pensões com estes títulos de dívida.
Mas essa situação extrema nunca acontecerá porque não tem vantagem para os
financeiros – é preferível emprestarem o dinheiro a 4,5% a não emprestarem.
E vejam o melhor
de tudo: nem sequer temos de pensar! Os alemães já pensaram por nós, só temos
que ser «bons alunos»!
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4 comentários:
Caro Alf,
É com sincero prazer que o vejo a começar a compreender como funciona a finança. Posso-lhe sugerir novamente que veja os vídeos “Money Masters” e “Money as Debt”. Já há versões legendadas em português. Faça esse favor a si próprio.
Abraço
Agora uso o liberte linux http://dee.su/liberte
porque nao sei se ou quando teremos de passar a clandestinos. Este post vai ser identificado com origem num pais estrangeiro.
Na manha em que postaste este post ja estava a neuronar o assunto. Demorei no comentario para continuar a neuronar.
Aquando da transicao para o euro os softwares das grandes empresas ficaram aptos a trabalhar com duas moedas : euros e escudos. Nao chegou a ser usado e testado na pratica mas a base de codigo ja deve estar quase pronta.
A principal dificulade: Precisamos de uma instituicao emissora credivel. Aqui o governo nao presta por falta de credibilidade,
Acho dificil levar a ideia adiante apenas com os cidadaos organizados.
Para evitar impressao de notas teriamos de envolver a SIBS e criar um banco virtual com software e emitir cartoes de pontos/escudos. O numero de conta pode ser o NIF, por ex.
Outro assunto:
O estado pode apropriar-se de muito dinheiro que permanece depositado por pessoas falecidas nos bancos. Estes nao se esforcam nada por limpar estas contas. Suspeito que pode ser mais de mil milhoes de euros.
Faz-se com software.
o BPN custa 40 milhoes e vai para o lixo. Talvez possa ser aproveitado para levar este projecto para a frente.
Ou a CGD ...
Diogo
Esses videos são facciosos na minha opinião. Você tem tentado pôr de pé uma teoria alternativa ao actual esquema bancário, mas ainda não conseguiu, não é verdade? Talvez você pense que tem uma alternativa, mas duvido muito.
Ou seja, aquilo que você pensa que são vigarices, não são. Os banqueiros não fabricam dinheiro «out of the thin air», o dinheiro não se multiplica, circula; é como se tivesse um carro às voltas numa pista e cada vez que ele passasse na meta você contasse como se fosse um carro diferente -não é.
O que está a acontecer é que quando não é possivel a entrada de novos concorrentes, os existentes cartelizam e aumentam os seus lucros como podem. Não há concorrência nem lei da oferta e procura no estabelecimento dos juros das dívidas soberanas, é por isso que elas sobem.
Nestas situações, a única solução conhecida é a regulação, é o poder político estabelecer os juros máximos e as regras dos empréstimos - quem quer aceita, quem não quer sai de jogo. Só que estes políticos ainda não perceberam a situação, pensam que a subida dos juros se deve a «desconfiança dos mercados».
Abraço
Anonimo
Interessante isso do liberté...
vejo que estás a neuronar bastante...
O esquema das mefo bills é genial - a emissão é feita por uma empresa privada para não aparecer nas contas do estado; mas é depois avalizada pelo estado - se não fosse isso não poderia ultrapassar em muito o milhão de marcos do capital da empresa e ultrapassou isso em 12.000 vezes! é uma emissão de dinheiro que não aparece nas contas do Estado!
O que eu propuz é diferente : é um empréstimo sem juros. Não diminui a despeza como o faz o cortar nos subsídios. Por outro lado, tem enormes vantagens: evita a recessão, logo vai manter as receitas. Cortar nos subsídios corta despesas e corta receitas, e o balanço final pode ser negativo (vai ser... a recessão prevista é maior que o corte nas despezas!; ao contrário, a emissão destas obrigações evita a recessão, logo mantem as receitas.
Mas a grande vantagem é que dispondo o Estado de um mecanismo de conseguir empréstimos sem juros, ganha poder negocial - assim se lhe vierem pedir 7% pelos juros, o Estado pode recusar e emitir este tipo de obrigações.
Só que teria de começar a fazer isso agora, com os próximos subsídios, antes de estar com a corda na garganta; e, infelizmente, tirando eventualmente o Cavaco, não vejo nenhum político capaz disso.
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