terça-feira, novembro 22, 2011
Política e Economia
A Política visa a
felicidade humana; a política visa criar o paraíso na Terra. A Política é o
combate a tudo o que causa sofrimento.
A satisfação das
nossas necessidades de sobrevivência exige a produção de bens e a prestação de
serviços. O Conhecimento específico deste objectivo parcelar da nossa
felicidade constitui a Economia.
A Economia visa
maximizar a produção de riqueza. Podem dar-se muitas definições de Economia,
mais ou menos sofisticadas, mais ou menos apetecíveis, mas a verdade essencial
a respeito da Economia é esta: a Economia visa maximizar a produção de riqueza.
A produção de
riqueza exige “trabalho”. Aqui,
“trabalho” é basicamente a cedência das capacidades do corpo e da mente
durante um determinado período de tempo por um determinado montante de
dinheiro. Por exemplo, oito horas diárias a troco de um salário. Mas o trabalho
pode facilmente resvalar para a escravatura. Quando essas oito horas são
passadas em frente a uma máquina, por exemplo, de costura, com ritmo máximo,
sem pausas a não ser quando a linha encrava, com a ameaça de que no fim do mês
os empregados que cozerem menos quilómetros são despedidos, do tipo do que
acontece nos concursos de televisão muito em voga, isso é escravatura. Também é
escravatura quando as horas de trabalho são 10 ou 16 ou mais, como acontece com
consultores, mesmo que seja um trabalho muito bem remunerado.
A maximização da
produção de riqueza passa necessariamente pelo trabalho escravo, ou seja, pela
obtenção da máxima produção por uma pessoa pelo mínimo custo. O objectivo é que
o salário seja apenas o essencial à sobrevivência do escravo enquanto ele for
capaz de produzir com o ritmo pretendido. A Economia conduz à escravatura.
Sempre. Apenas a Política se opõe a isso. A Política é que estabelece limites à
relação empregador-empregado
Por isso, a
Economia é uma ferramenta indispensável da Política mas é uma ferramenta
perigosa, que tem de estar sempre subordinada à Política. Quando a Economia se
sobrepõe à política, temos uma catástrofe social, temos a sociedade
reduzida a escravos e senhores (muitos escravos e poucos
senhores).
O drama é que
quando isto acontece, não é facilmente reversível: os Senhores tomam conta do
poder e os Escravos nada podem fazer.
O facto de a
Economia ter tomado conta dos destinos dos povos europeus do Sul só augura o
regresso da escravatura com toda a força. A Economia nada sabe das necessidades
das pessoas, nada conhece da cultura, da História, não distingue um humano duma
máquina. Ou melhor, vê um humano como uma máquina imperfeita.
Um exemplo disso
é actual projecto de extinção de feriados. Ridículo nos seus efeitos práticos
mas muito importante para destruir o lado humano. Os feriados de um povo são
sua propriedade, fazem parte da sua História; muitos deles são celebrações
anteriores às religiões e aos países; não são propriedade nem de governantes
nem de religiões e não podem ser alterados sem a concordância do povo. Só os
escravos não têm feriados porque os escravos não são pessoas, não têm passado
nem futuro, não têm História. O dia em que não tivermos feriados é o dia em que
seremos escravos. O facto de termos um Governo que pretende acabar com os
feriados (eliminar 4 e passar os outros para o Domingo) deixa-me muito
preocupado.
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6 comentários:
Pensamento elaborado, expressão simples: parabéns.
Sem dúvida mais um passo em frente no cerco ás liberdades, um pouco mais escravos em nome da alta finança.
Se temos 600 mil desempregados e é preciso produzir mais então porque é necessário trabalhar mais meia hora e alguns feriados???
Para passar a ter 800 mil?
Abraço livre
José Luís Sarmento
Obrigado. Vindo de quem vem, esse é um elogio muito gratificante. Sei que não corresponde à inteira verdade, mas reconforta.
É meu objectivo conseguir chegar a ideias muito simples que expliquem o que se passa pois a minha experiência de vida e profissional é essa: por detrás de coisas que parecem muito complexas está sempre algo muito simples. O difícil é descobri-las, tantas são as camadas sob as quais se escondem.
HORIZONTE XXI
é um raciocínio estúpido: não se trata de produzir mais, trata-se de conseguir vender mais e de importar menos. Não se vende mais por aumentar as horas de trabalho - se houvesse falta de horas de trabalho não havia tanto desemprego.
Ao contrário, ao reduzir-se os rendimentos das pessoas, reduz-se o mercado interno e isso afecta a indústria nacional
A quem interessa estas medidas: apenas às empresas estrangeiras que vêm cá usar mão-de-obra barata. A mais ninguém.
«A Economia conduz à escravatura. Sempre.»
A Economia implica produção e distribuição (ou o comércio não faz parte da Economia?)
Também é quase certo que entregue a si mesmo, com cada empregador e tentar pagar o menos possível, a Economia implode por falta de compradores.
Mas o factor produtivo mais importante de hoje é a evolução tecnológica exponencial. O trabalho produtivo humano tem os dias contados. Resta ao homem o lazer.
Diogo
O comercio faz parte da economia porque é um comerciante visa a obtenção de riqueza; é por isso que em vez de estar a descriminar as actividades que se exercem para a obtenção de riqueza, digo simplesmente que a economia visa a geração obtenção de riqueza.
Diogo, vocês pensa que a evolução tecnológia se faz a si própria? A evolução dá uma grande trabalhêra...
O homem não pode sentar-se à sombra da bananeira - tem muito que descobrir sobre o Universo, tem de se dedicar intensamente à investigação e ao desenvolvimento tecnológico. Se o não fizer, se se atrasar, não sobreviverá... digo-lhe eu que sou viajante do tempo...
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