[Geração Aleatória de Hipóteses + Selecção].
Este nível de Inteligência é o mais eficiente quando a capacidade de geração de hipóteses é da ordem de grandeza do número de hipóteses possíveis. Por exemplo, como qualquer apostador do euromilhões sabe, as suas chaves, geradas aleatóriamente, nunca acertam – o número de hipóteses que um apostador pode produzir não é significativo. Mas, por outro lado, quase todas as semanas há quem acerte – o número total de apostas é significativo em relação ao número de combinações possíveis. O método é eficiente considerando a totalidade de apostas geradas mas ineficiente a nível individual.
Um caso onde a Natureza teria usado este método foi na geração da Vida. No cenário que apresentei (ver etiqueta «Origem da Vida»), ter-se-ão produzidas combinações dos átomos que formam a vida em número significativo em relação ao número de combinações possíveis. Nesse cenário, este método elementar é tão capaz de produzir Vida como o conjunto dos apostadores de produzir uma chave ganhadora no euromilhões. Este é o método mais eficiente para um problema deste tipo.
Depois, a Vida, para evoluir, carece de outros métodos de Inteligência porque a capacidade de gerar hipóteses em número significativo deixa de existir; e quanto mais a vida evolui, menor é a capacidade de gerar hipóteses, porque cada vez é menor o número de indivíduos e maior o tempo de reprodução; e maior é o número de combinações possíveis. A Evolução da Vida suporta-se certamente em processos de Inteligência altamente sofisticados. Não podemos esperar entendê-los imediatamente, teremos de ir dando os passinhos que as nossas pernas permitem.
Vamos, por isso, analisar processos de Inteligência sucessivamente mais sofisticados.
Um processo de inteligência completamente diferente é o da Aprendizagem.
Os seres vivos usam extensivamente este processo na seguinte combinação de acções:
[(Aprendizagem+Arquivo) + (Identificação Situação+Selecção Solução)]
Este processo é imbatível em velocidade de resposta, que é essencial à sobrevivência.
O cérebro recolhe continuamente dados do mundo exterior, testa sistematicamente as possiveis soluções para cada situação que experiencia ou que imagina, e arrruma em memória as situações e as soluções correspondentes.
Durante o período de vigília, identifica as situações que vai encontrando e aplica as soluções que tem em memória;
Portanto, durante a vigília o cérebro «enche» uma base de dados temporária com informações da experiência diária; durante o sono, processa toda esta informação, actualiza e arruma o seu arquivo de situações-soluções, e «limpa» a base de dados temporária. A necessidade de sono é, por isso, um pouco como a necessidade de esvaziar periodicamente a bexiga.
A nossa actividade mental resume-se a isto em mais de 99%. Porém, quando temos de enfrentar um problema completamente novo, este sistema fica incapaz de encontrar uma solução, ficamos desorientados, sentimo-nos «estúpidos». Em parte por isso, toda a mudança nos causa grande ansiedade, pois ela representa a necessidade de modificarmos o nosso «arquivo de situações-soluções».
Este processo tem a vantagem da rapidez de resposta mas para enfrentar um problema novo é totalmente ineficaz. Aí, é preciso recorrer a outros processos de Inteligência. Note-se que mesmo este processo se apoia noutros processos de inteligência para gerar tentativas de solução no processamento noturno.
O sistema de ensino funciona quase exclusivamente com base neste processo. Um grave inconveniente desta exclusividade é que conduz à atrofia da capacidade de usar outros sistemas. É isso que ilustro no post « Um Burro carregado de Livros».
Bem, agora que referimos um pouco a importância e as limitações da Aprendizagem nos processos de Inteligência, estamos em condições de observar como é que a Natureza usa a Aprendizagem para nos fazer como somos.
17 comentários:
Que posso eu dizer de quem acha que o sonho é uma necessidade fisiológica tão inconsequente como aliviar a bexiga?
Este homem não só é um descrente, como incapaz de sentir a poesia! A grandeza do número de geração de hipóteses não é uma expressão estatística, mas sim uma pequena fracção da nossa capacidade de sonhar!
antónio :
o alf não refere o sonho mas sim o sono é como...fisio...
todos os dias aqui venho, e o alf tem o condão de nos deixar com água na boca, à espera da continuação.
eu queria escrever algo de jeito, mas é mentira, estou a precisar de sono, aliviar...acho que agora é o mais inteligente.
entretanto o amigo antónio, já deve estar a sonhar neste momento com a grandeza do nº de geração de hipóteses.
Entretanto eu vejo muita poesia na comparação do inicio da vida com o ganhar o euromilhões.
Certo que se me saísse o euromilhões eu tinha hipóteses de, pelo menos, iniciar uma nova vida.
Quase completamente de acordo, até agora. Vamos ver o que se segue…
Quem nunca encontrou soluções para um problema durante um sonho?
Já me aconteceu várias vezes.
Outras vezes acordo e vem-me a solução à cabeça, embora não me lembre de sonho algum.
Mas não são só soluções. Por vezes, quando tenho problemas mais intricados para resolver, sonho não com as soluções mas com novas formas de analisar/explorar o problema na busca da solução.
É por isso que é bom "dormir sobre o assunto" :)
(aparte: o comentador CSousa sou eu)
António
Aliviar a bexiga é inconsequente??
Sonhar não é uma necessidade fisiológica? É capaz de viver sem sonhar?
Como esclarece o UFO, eu referia-me ao sono, mas o sonho também faz parte do processo. Não há falta de poesia aqui, pelo contrário: eu vejo muita poesia nas necessidades fisiológicas rsrs.
anonimodenome
estabeleceste uma relação indesmentível entre o euromilhões e a origem da Vida!
Mas nota: eu conheci dois que ganharam uma boa maquia e melhor fora para eles que não tivessem ganho... é uma sorte não ganhar, o azar é ganhar!!!
Diogo
Obrigado, embora tenha ficado um pouco preocupado rsrs... você anda melancólico ou quê? Pessoal reguila como você ou eu não dá o acordo assim tão fácil quando está em plena forma!
Cristovão de Sousa
Isso mesmo. E o interessante é que podemos tirar partido dessa capacidade, aprender a usar mais eficientemente as nossas capacidades.
Mas para isso é preciso poder eliminar o despertador...
"Mas para isso é preciso poder eliminar o despertador."
É melhor quando se acorda espontaneamente então, certo?
Alfiezinho, meu querido, não te tenho lido pá e agora não li ainda o teu post, mas já vou ler com atenção.
Serve o presente, para informar que o seu blog foi premiado pelo meu.
Queira fazer V. Exa o favor de se dirigir à biblioteca para saber como recolher o selo...
Cristovão de Sousa
Bem... fica prometido um post sobre o assunto! Não será para já, mas irei falar no assunto. Não é nada de transcendente, mas é longo demais para um comentário
Indomável, obrigado pela distinção!
Tenho no entanto uma coisa a declarar: receber prémios ocupa tempo e eu ando completamente sem tempo; por isso, decidi, anteriormente, não aceitar prémio nenhum. Já rejeitei anteriormente e tenho de manter a coerência, mesmo que a fonte de tal distinção seja a tua excelsa e indomável pessoa, muitas vezes musa das minhas inspirações.
Perdoa-me, não tenho nada contra os prémios, para além do facto de eles poderem fazer inchar o meu ego, o que é altamente contrário aos meus objectivos.
Ahahah! Só podia, não é?
Pois, para mim também foi o 1º aceite e foi porque quem o ofereceu é alguém a quem não podia recusar, mesmo...
Compreendo a tua recusa e até te digo que não estava à espera de algo diferente... Também não sou moça de prémios bloggeiros, mas pronto, fica a lembradura.
Agora estou a ler os teus posts que ainda não li, não me interrompas com conversas de prémios, está bem?
Giiiro! Continua...
Quanto ao sono e ao sonho não podiamos estar mais de acordo.
beijos
Obrigado Joaninha. Eu vou continuando...devagarinho, haja paciência...
Então Alf? Estamos a 29 de Abril. Não se posta?
Pois é, Diogo, invejo a sua extraordinária capacidade de produzir continuamente extensos e profundos posts; mas com o estímulo do seu interesse, vai já sair um, dê-me mais umas horitas!
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