quinta-feira, outubro 04, 2007

O Primeiro Amor


Conta lá então a tua teoria sobre o atraso científico deles, Alita.

Bem, para começar, nós fomos mal informados sobre o estádio de desenvolvimento em que eles se encontram.

Como assim?

Não é habitual a fase tecnológica desenvolver-se tanto antes da fase científica, e isso terá levado a um erro de apreciação do desenvolvimento deles.

Estás a dizer que eles ainda não entraram na fase científica?

Estão na fronteira, quase entraram com Galileu, Newton, Einstein, mas depois resvalaram.

Como assim?

Estás a repetir-te muito Tulito! Ah ah ah, parece que hoje sou eu quem dá as novidades aqui!

Deixa-te de coisas e explica-te.

Bem, temos de voltar à plasticidade do cérebro deles. Como achas que será a primeira percepção que eles têm do Universo?

Então, que o Universo é feito de matéria e espaço vazio, Céu e Terra, um Sol que traz o dia, sei lá que mais... uma percepção antropomórfica e imediatista das informações dos sentidos... como nós, há uns milhares de anos...

Isso tudo e mais uma coisa: eles como que gravam uma fotografia de como vêem o Universo na sua infância e essa imagem estabelece o modelo de Universo que ficará com eles toda a vida.

E então?

Estás distraído? Eu não te falei na grande plasticidade do cérebro deles? Este primeiro modelo do Universo vai estruturar o seu cérebro. Tão marcadamente como o conceito de linha recta, por exemplo.

Não sei, eles desenvolveram outros modelos do Universo, disparatados mas diferentes desse, não estou a ver que estejas certa, Alita.

Parece-te que são diferentes. Podem até nascer diferentes. Mas depois tendem sempre para esse modelo.

Por exemplo?

Bem, o de Aristóteles corresponde exactamente ao modelo primitivo que descreveste, não é verdade?

Sim, mas e o modelo actual, o tal do Big Bang? É verdade que é estupidamente antropomórfico, mas as outras características não estou a ver...

Repara no que se tornou o modelo: segundo ele, o Universo será feito de matéria, matéria negra e energia negra. Mas na vizinhança deles não existe matéria negra nem energia negra, nem expansão do espaço, nada disso, apenas matéria ordinária e espaço ordinário, invariante; à distancia, ou seja, no “céu”, ao contrário, quase que só existe matéria negra e energia negra, representando 96% do Universo! E isso é por enquanto, porque à medida que forem aumentando o rigor das medidas terão de concluir que a matéria ordinária é incompatível com o modelo.

Estou a perceber, é a mesma visão dicotómica do modelo de Aristóteles, que é a mesma do modelo primitivo. E estou a gostar de ver esse teu ar de olhos esbugalhados de espanto, ficas muito bonita assim!

Cala-te! Tinhas de acrescentar um disparate à coisa certa que disseste. Mas é isso. A geometria é diferente, claro, mas a natureza conceptual do modelo é a mesma. O conceito de “Terra” alargou-se à galáxia e, tal como no modelo de Aristóteles, tem um “céu” distante onde existe uma coisa desconhecida e com propriedades inimagináveis, a matéria negra, e onde existe uma coisa que suporta os astros, impedindo-os de colapsarem, a energia negra. O conceito cósmico é basicamente o mesmo, apenas os nomes são outros.

Bom, isso que dizes faz algum sentido, eu já me tinha interrogado como tinha surgido um disparate assim.

Mas repara que um disparate destes só é possível porque eles se encontram ainda na fase tecnológica, fazem apenas modelos matemáticos dos dados, não fazem modelos físicos, como Galileu, Newton ou Einstein tentaram fazer, ainda que primitivos.

Pois, isso já eu percebi.

O aspecto importante para a nossa missão é o seguinte: o modelo primitivo que fazem do Sol, como algo que é fonte da luz, do calor, da vida, eterno e protector, impede-os de descobrir a verdade. Já viste a teoria deles para a formação do Sistema Solar?

Pois, tão inacreditável como o modelo do Big Bang.

Exacto. Mete-se pelos olhos dentro como é que o sistema solar se formou. Está escrito em todos os seus detalhes, são inúmeras as evidências que mesmo isoladamente dizem logo como é que os planetas se formaram. No entanto, eles como que se recusam a ver isso e insistem numa hipótese obviamente impossível, que eles sabem que é impossível porque andam há décadas a tentar modelar e não conseguem.

Estou a perceber, a verdade é contrária ao modelo primitivo que eles têm do Sol. A hipótese correcta é logo eliminada nos níveis profundos do seu cérebro, pois entra em conflito com as ligações neuronais que a percepção primitiva estabeleceu. Como eles se encontram ainda na fase tecnológica, nada sabem de geração de hipóteses e não têm forma de tornear isso.

Bingo. Já percebeste porque é que eles vão falhar a previsão do próximo Evento Solar!

Sim, preocupante.

Preocupante? Ah, mas espera aí porque eu descobri algo ainda mais preocupante!

Mau... deixa-me digerir isto primeiro, tenho de pôr as ideias em ordem porque esta informação vai alterar os meus cenários. Vou usar a máquina de inteligência artificial para verificar umas coisas.

Está bem. Mas despacha-te porque o outro assunto é importante.

17 comentários:

Patrícia Grade disse...

maaaaaauuuuu... vá lá ver...
Se a coisa é assim importante não nos deixes expectantes por muito tempo!

Patrícia Grade disse...

Já agora... só mais uma coisinha...
Eu recordo-me, há um milhar de anos atrás quando tinha ciências da natureza nos bancos da escola, de ouvir o professor falar alguma coisa sobre método científico... qualquer coisa como tentativa experimental, experimentação ou algo de semelhante... terei sonhado?
Isso não parte da observação da natureza? esse modelo foi deixado para trás em que fase? Porque é que os cientistas não o seguem? É mais fácil seguir modelos matemáticos?
Com tantos números?
Eh pá uma gaja burra como eu não entende isso. Já estou como diz a abobrinha - devo ser loura por dentro...

alf disse...

Ola Indomável
Ouviste muito bem - os cientistas obtem dados muito rigorosos da observação da natureza. Mas a obtenção dos dados, a experimentação, é só a primeira fase. A segunda fase é construir um modelo que esteja de acordo com esses dados. E aqui é que está o busílis da questão.

A forma "tecnológica" de construir o modelo é estabelecer um conjunto de equações e regras que acertam com os dados tal como eles são obtidos da natureza. É um processo matemático. Foi assim que o Ptolomeu construiu o modelo cósmico dele, que é uma brilhante realização humana. Só foi suplantado muitos séculos depois.

Este tipo de modelos é muito eficiente mas também tem sérias limitações. No post anterior puz um comentário sobre educação, tecnologia e ciência que me parece apresentar uma boa imagem entre Tecnologia e Ciência.

Nos links ao lado tens também um post "A Metodologia Científica" em que eu falo da diferença entre a metodologia de Ptolomeu e a de Galileu ou Newton.

A chamada "metodologia científica" actual é exactamente a mesma do Ptolomeu - recolha de dados e elaboração de modelos matemáticos. A única diferença está na qualidade da obtenção de dados. E há a ideia que esse é que é o ponto crítico, aquilo que permitiu a Galileu ultrapassar Ptolomeu.

Mas não é. Galileu, de facto, deu um salto na experimentação; mas não foi por causa dos dados que obteve que a revolução científica se fez. Quem a iniciou foi Copérnico, e não precisou de experimentação nenhuma. Precisou foi de ser capaz de interpretar os dados existentes. Construir um modelo lógico integrando todos os dados. E é aqui que está a diferença - nos dados que se integra ou despreza.

Um verdadeiro cientista tem de ser como o Poirot. O que torna um Poirot ou um Sherlok especial? Dar a devida atenção aos dados que os outros desprezaram!

Anónimo disse...

details, dear Watson, details.
É... os homens acusam as mulheres de serem picuinhas, mas pensa lá bem que na espécie humana presta mais atenção a todos os pormenores?
Hã? que disseste? Os génios do sexo feminino? Pois! acertaste.
É como em tudo, ninguém diria que uma boa salada de tomate fica uma obra prima se lhe juntares uns pózinhos de orégãos, ou que um perfume é realmente espcial quando lhe misturam uma especiaria especial... pormenores... picuinhas, eu?

alf disse...

Anónimo (indomável?)

eeeexactamente. O problema é a nossa tendência em só vermos aquilo em que já acreditamos. Temos de ver os detalhes. Mas não os vemos. Só seremos capazes de os ver depois de saber da sua importância; mas só sabemos da sua importância depois de os vermos. Como ultrapassar isto? Esta é a chave para passar do conhecimento tecnológico para o científico.

Um detalhe: qd só puderes entrar como anónima, assina o texto (vês como os detalhes nos fogem?)

alf disse...

Ir ao fundo

... da questão evidentemente!

A partir de um conjunto de dados, pode-se contruir um número ilimitado de diferentes modelos matemáticos que "fitam" os dados. Qual será então o critério a usar para escolher o modelo A em vez do modelo B?

Em Física cita-se muito a Occam Razor, que diz que se deve escolher o modelo mais simples.

Mas o que é ser "simples"? Na prática, acaba por ser o que introduz menos alteração ao conhecimento pré-existente. Ora isto não é ser simples, é ser SIMPLÓRIO.

A minha definição de "simples" é a seguinte: é o modelo que usa menos parâmetros para descrever o mesmo universo de acontecimentos.

O modelo de Newton usa muito menos parâmetros do que o de Ptolomeu para descrever o mesmo universo de acontecimentos. É por isso que ele é melhor. Mas para os conterraneos de Newton o modelo de Ptolomeu era muito mais simples porque não obrigava a alterar todos os conceitos sobre o universo. Ou seja, o modelo de Ptolomeu era mais simplório.

O modelo do Big Bang, conforme está definido na Wikipedia, é um modelo matemático de 6 parâmetros. Para descrever só o "céu", porque para descrever o sistema solar é preciso recorrer a Newton ou à Relatividade Geral.

Temos então um critério objectivo para dizer se a teoria A é melhor ou pior que B: o número de parâmetros. A questão agora está em saber como procurar o modelo que usa menos parâmetros.

Heisenberg disse que por detrás de toda a nova teoria está um novo conceito do Universo. Isto significa que para gerar um novo modelo matemático precisamos de uma nova hipótese sobre o Universo.

É por isso que a geração de hipóteses é o conhecimento crítico que permite o salto da fase tecnológica para a científica.

Não dominando isto, ou usamos as hipóteses anteriores (somos simplórios)ou caímos no conceito primordial do Universo, estabelecido pelos sentidos nos primeiros tempos de vida. Qualquer das duas coisas só leva ao erro.

Patrícia Grade disse...

É... Alf... eu tinha a intenção de assinar o texto, mas adesqueci-mi...
Gostei desta explicação que deste do número de parâmetros ser condicionante para o modelo explicativo ser simples ou simplesmente simplório.
Ahahah, isto de ler a abobrinha anda a fazer-me cá um bem!!!

ablogando disse...

Oi!
Sobre essa questão dos parâmetros, fartou-se o Popper de insistir. Mas nem por isso o tiveram muito em conta...

alf disse...

Ola Joaquim Simões

Não sabia, o filósofo que conheço nesta área é unicamente o Poincaré.

A questão dos parâmetros é importante para mim porque eu posso dizer: tenho uma teoria muito melhor porque usa menos de metade dos parâmetros que usam as teorias existentes. Mas também sei que, como o Planck disse, só quando esta geração de cientistas morrer e uma nova geração crescer em contacto com as novas ideias é que elas poderão vingar.

O problema do ponto de vista metodológico consiste em ser capaz de produzir melhores hipóteses. Como conseguir uma teoria com menos parâmetros? No fundo, como ser um Sherlok em vez de um Watson?

Esta é a questão essencial. Sobre a qual não existe nenhum conhecimento estabelecido, nenhuma metodologia consistente salvo algumas técnicas elementares como o advogado do diabo, o brainstorm, a caixa de sugestões.

Os cientistas da actualidade presumem que podem realizar modelos sem recorrer a hipóteses. Fazer hipóteses é o que fazem os ignorantes, os religiosos, os bruxos - os cientistas fazem modelos matemáticos baseados nos dados.

Esta ideia está completamente errada. Para qualquer conjunto de dados pode-se fazer uma infinidade de modelos matemáticos. O modelo realizado é o que corresponde a uma ideia do universo, a uma hipótese. Ao não reconhecer isto, ao não reconhecer a importância da Hipótese, a Ciência fica refem das hipóteses mais primitivas. É isso que eu pretendo mostrar neste post.

O Newton foi acusado de fazer hipóteses fantasistas. O que Copérnico fez foi analisar uma hipótese: a hipótese do heliocentrismo. Induzida/deduzida pela análise dos dados evidentemente, como todas as hipóteses.

Entender o processo de geração de hipóteses é o salto crucial para se entrar numa era verdadeiramente científica.

ablogando disse...

Suciiiintamente:
o que o Karl Popper diz é que uma teoria terá tanto mais hipóteses de ser verdadeira quanto mais
1) utilizar o número de elementos estritamente necessário para a explicação dos fenómenos a que respeita;
2) resistir a todas as restantes teorias possíveis que a contrariem, mantendo-se como a melhor teoria explicativa.
Chamou a isto o princípio do falsificabilismo. Os cientistas devem preocupar-se não em defender uma teoria, mas em atacá-la o mais possível; quanto mais ela resistir, mais possibilidade terá de ser verdadeira. Se outra teoria se revelar melhor nesse sentido, deverá ser aceite como com mais possibilidade de reflectir a realidade... para logo de seguida passar a ser ela o alvo do falsificabilismo e assim sucessivamente.

alf disse...

Joaquim Simões

O ponto 1 foi o que referimos. O ponto 2 é uma ideia comum mas que não traduz um critério mas uma prática.. ou nem isso.

Vejamos um caso prático: o modelo de Ptolomeu era um modelo errado da realidade e o modelo de Copérnico era uma descrição menos errada: no entanto, segundo li, o modelo de Ptolomeu era mais exacto do que o de Copérnico (as órbitas dos planetas não são circulares e modelo matemático de Ptolomeu lidou melhor com isso). Com base no ponto 2, a teoria de Copérnica sairia claramente derrotada. E, no entanto, era o caminho certo.


Um teste para mim da falsidade de um teoria é o seguinte: uma teoria está errada se para cada nova observação (novo tipo de observação) se torna necessário acrescentar um novo parâmetro à teoria.

É o que acontece com o Big Bang - as novas observações impuseram a invenção da matéria negra e da energia negra, dois novos parâmetros. Isto permite concluir, de acordo com o meu critério, que esta teoria está errada, errada na sua essência profunda.

O mesmo acontece com a teoria atómica - falta sempre uma partícula para concluir o modelo; qd se faz um ensaio para encontrar essa partícula, o resultado nunca é o previsto, obrigando à introdução de uma nova partícula.

Isto significa, no meu critério, que esta teoria está errada nos seus conceitos essenciais.

Estão erradas como teorias físicas, não deixam de ser modelos matemáticos que fitam os dados das observações e utilizáveis na prática. Mas são como o modelo de Ptolomeu - não são representações da realidade física.

Saber isto permitiu-me partir à procura de uma outra concepção do Universo, ir à procura do erro.

É, por isso, importante termos um critério que nos diga claramente que tal teoria está errada, única forma de nos metermos a caminho decididamente.

Este foi o melhor critério que arranjei.

A ideia de que se uma teoria estiver errada existe um resultado experimental que o demonstra é falsa: não há nenhum resultado experimental que não possa ser ultrapassado com a introdução de um parâmetro.

Ou, vendo as coisas de outro modo, a necessidade de introduzir um parâmetro é a prova de que a teoria está errada...

O meu amigo já leu o Poincaré? Foi por aí que o Einstein começou... aconselho vivamente.

Muito interessante esta discussão...

alf disse...

Um esclarecimento: como está escrito na banda lateral na secção Sobre Mim, eu sou um Aquário, que o texto no pacote de açucar caracteriza pela frase "Eu Sei".

Nem todos os aquários são assim, mas eu sou; ou seja, tenho um modo afirmativo de exprimir as minhas ideias que soa a arrogância. Não é, só parece ser. Não se irritem comigo, contestem-me.

Patrícia Grade disse...

Como aquário que és, sabes albergar um peixe como eu relativamente bem, embora eu goste de, de vez em quando, atirar-me às paredes e fazer buracos... Instinto suicida ou pura rebelião?
Venha o diabo e escolha... António estás por aí?

RioDoiro disse...

Escrevi um artigo relacionado com um comentário seu no Rato de Biblioteca.

http://range-o-dente.blogspot.com/2007/10/as-moscas.html

Chapelada,
RoD

alf disse...

Amigo RoD
Esse seu post e o que pôs depois
http://range-o-dente.blogspot.com/2007/10/kid-raised-by-dogs.html

são muito importantes para mostrar como o nosso cérebro se molda em função da percepção que tem do exterior.

Perdemos a capacidade de ver se não usarmos o olho no sprimeiros anos de vida, tal como adquirimos uma cultura canina se vivermos com os cães. E aquirimos também a nossa cultura humana por vivermos entre os humanos e a percepção do universo que resulta da informação do sentidos.

é por isso que a ideia de um universo de partículas e espaço vazio, ou de "céu" e "terra", que moldou os nossos neurónios nos primeiros tempos de vida, vai depois influenciando a geração de hipóteses e conduzindo-nos sempre aos mesmos conceitos de Universo, embora de formas sucessivamente mais sofisticadas.

E isso tem ainda a ver com outras características comportamentais dos humanos muito importantes de que a Alita irá falar num próximo post...

antonio ganhão disse...

Oh! Alf, "os ignorantes, os religiosos, os bruxos" assim todos metidos no mesmo saco?

E no entanto, você recorre à autoridade dos extra-terrestres, como os religiosos recorrem à de Deus.

alf disse...

Olá António

Não são eu quem os mete no mesmos saco - essa é a posição de muitos cientistas. Um cientista "não faz hipóteses", presumem os cientistas. O próprio Newton foi acusado de não ser um cientista por fazer hipóteses, teve de afirmar "hipotesis no fingo" (estou a citar de ouvido, não dei latim...).

Eu estou a querer mostrar com está errada esta presunção - à força de não quererem fazer hipóteses, acabam por seguir a mais primária de todas as hipóteses, aquela que o nosso cérebro faz sobre o universo qd somos crianças!

Há muitos "sites" pretensamente cientificos de inspiração religiosa; se vir algum, logo encontra abundantes raciocinios lógicos, presunções e hipóteses que poem Deus em todos os fenómenos da natureza; como se fossem verdades incontestáveis. É esse tipo de coisas que os cientistas contestam, hipóteses não derivadas dos resultados observacionais, mas eles mesmo acabam por cair nesse erro.