quarta-feira, junho 12, 2013

O Conflito FMI - UE


Como já se percebeu, há um “mal-estar” crescente entre o FMI e a União Europeia; o FMI está a dizer que assim não dá mas a UE insiste em que não há outro caminho.

Ambos estão certos; os objectivos de cada um é que são diferentes.

O objectivo do FMI é ganhar dinheiro; ora, para isso é preciso manter o devedor com a corda na garganta mas sem nunca o esganar. Esganar o devedor é matar a galinha dos ovos de oiro.

O FMI está a ficar em pânico porque está a ver que os devedores estão a ser esganados; e assim não só o FMI vai deixar de ganhar dinheiro com eles como ainda se arrisca a perder o dinheiro emprestado.

Isto é óbvio, não é verdade? Qualquer tonto percebe isto.

Então porque é que a UE acha que “estamos no bom caminho”?

Lembram-se de qual é o grande argumento, que repetem incessantemente, para a construção da UE? É o de que a UE existe para evitar a guerra na Europa! Até ganhou um prémio Nobel da Paz, não foi?

Mas pensemos: que guerra na Europa? Quem faz guerra na Europa? Nós? A Espanha? A Itália? A Hungria? A Polónia? A República Checa? A Eslováquia? Chipre? Dinamarca? Suécia? Quem????

A resposta é clara: o único país que faz guerra na Europa é a Alemanha. Fazer guerra não passa pela cabeça de mais ninguém na Europa.

Ou seja, a UE é uma construção cujo objectivo é evitar que a Alemanha tente conquistar os outros países europeus pela força das armas.

Não há nenhuma outra interpretação possível. Quando se diz que a Europa está em paz há quase um século está-se apenas a dizer que a Alemanha não fez nenhuma guerra nas últimas décadas.

Bem, e como é que a UE evita que a Alemanha faça guerra pelas armas? Simplesmente permitindo-lhe que conquiste a Europa sem gastar balas. Que é o que a Alemanha está a fazer.

O objectivo da UE (leia-se Alemanha) é a conquista dos outros países europeus; isso implica a destruição dos seus Estados, porque só pode haver um Estado, o Estado Alemão.

É por isso que a UE acha que estamos no bom caminho e o FMI está em pânico; e pela mesma razão: estamos no caminho da destruição.

Haverá aqueles que pensam que isso não é problema nenhum, porque depois ficaremos todos alemães, a usufruir do desenvolvimento alemão. Os Ucranianos também pensaram isso quando os alemães os “libertaram” dos russos na 2ª guerra mundial; para a seguir serem escravizados pelos alemães como nunca tinham sido pelos russos.

Os alemães querem escravos para trabalharem para eles. Sempre quiseram. Não querem misturas nem igualdades, eles são a raça superior. É assim que pensam há séculos, já consta dos almanaques do século XVIII.

Estou a publicar uma série de posts a dizer como se pode tirar o país da crise económica; mas isso é uma ingenuidade, não há qualquer intenção de tirar o país da crise, a intenção é a oposta, é metê-lo num buraco do qual não haja saída possível. O pós-troika são as condições de rendição à Alemanha.

Estes governantes estão tão convencidos de que já não temos saída que o Gaspar se permite gozar explicando a queda brutal do investimento com o clima e o Governo se permite mandar o TC às urtigas, agora não pagando o subsídio de férias, a seguir despedindo os FP (o Estado é para acabar). A TV pública grega acabou? Claro, TV pública europeia é a Alemã, a Europa não precisa de mais nenhuma, não é? A nossa também vai acabar.


E nós, vamos fazer o quê? 

7 comentários:

UFO disse...

Tão lúcido que até doi.

UFO disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Diogo disse...

Este post roça a imbecilidade (errado, é completamente imbecil).

vbm disse...

Pode interpretar-se o curso político da UE no modo que indicaste. Inverosímil, não é. Porém, mesmo admitindo a teleologia alemã, a história sempre será mais complexa, e a prova encontra-la-emos quer em Inglaterra, quer na América, quer em Portugal, — que não se renderá, nem que "vire árab'ombista".

alf disse...

vbm

A história é sempre muito complexa de facto; é por isso que eu faço estes exercícios de imaginação. Desconfio muito das interpretações lineares dos factos, porque as coisas nunca são nem o que parecem nem o que os líderes dizem ser. Penso mesmo que as coisas resultam geralmente da concorrência de uma multiplicidade de factores. Vou tentando levantar umas "lebres" aqui e ali para ver se no fim sai alguma coisa que se interligue.

Eu tb tenho esperança que Portugal não se renda... mas se olharmos para a 2º guerra mundial vemos que a generalidade dos franceses rendeu-se... portanto, não estou tão certo disso, depende muito de aparecer alguém que assuma a resistência..

alf disse...

vbm, deixo-te um apontamento que és capaz de achar graça: se o Bruno de Carvalho consegue renegociar a dívida do Sporting, porque é que os nossos governantes não conseguem renegociar nada, nem dívida, nem PPPs, nem swaps?

vbm disse...

Sim, os Franceses renderam-se logo no princípio da IIª Guerra. Isso sempre me impressionou, por contraditório com a intensa propaganda, alardeada no fim da guerra, de que os franceses também lutaram arduamente através da Resistência. É verdade, mas a França foi subordinada à Alemanha durante todo o conflito, e vários filmes mostraram como a sociedade francesa continuou a viver o seu dia a dia, sem guerra no seu território, como aliás em Itália, Espanha, Portugal, Polónia, Hungria, Ucrânia, Noruega e todos os que aceitaram a ocupação alemã e até se tornando mais nazis do que os próprios nazis, como os noruegueses e os ucranianos.

Para mim, o resgate de um país falido, com o pagamento da dívida soberana, passa por uma consolidação como a que o Salazar realizou: conversão da dívida existente em dívida perpétua, isto é, obrigações do tesouro da república vencendo um juro periódico perpetuamente. Estas obrigações, com cupões de juro sem fim, denominadas perpetuidades, têm cotação no mercado secundário que sobe ou desce, conforme a taxa de juro corrente diminui ou aumenta, respectivamente. Assim, e segundo a conveniênca do tesouro do estado devedor, as obrigações são amortizadas e resgatadas se a cotação estiver baixa ou permanecem em circulação se estiver alta. No caso português só há quatro ou cinco anos acabaram por ser todas liquidadas, as do Consolidado – 3% do tempo da ditadura.