quarta-feira, janeiro 02, 2008

Educação 1: O Grande Inconsciente



Tenho uma posta do Tulito retida já há algum tempo, pois considerei que não era adequado a este período; apenas a seguir ao dia de reis, depois de as pessoas terem arrumados o presépio, a árvore de natal, os enfeites, acabado os restos do bolo-rei, as últimas filhós e rabanadas, é que publicarei tal posta. Isto porque só nessa altura as pessoas trancam novamente as janelas da alma que se atreveram a entreabrir pelo Natal.

Entretanto, tenho aqui algo diferente para postar. Alguns dos blogues que eu visito são de professores, onde naturalmente vem à baila o problema do “chumbo”. No “
As minhas Leituras” comprometi-me a fazer uma posta sobre o problema. Aqui vai o que eu penso. Creio que ajuda a entendermos um pouco melhor certas caracteristicas do ser humano, pelo que estou certo que a Alita convencerá o Tulipo a perdoar-me... mas notem que eu não sou especialista nesta matéria, não sou o Mário, nem o Jorge, sou apenas o Alf...

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Neste mundo “Plug & Play”, os equipamentos são muito inteligentes – por exemplo, liga-se a “pen”, ou a máquina fotográfica, na porta do computador e ele imediatamente “reconhece” o dispositivo. Ainda há limitações, ainda é preciso ligar um cabito, ou nalgumas situações, como fazer uma rede, é preciso dar algumas instruções. Algumas pessoas reclamam, ainda não faz tudo sozinho, não adivinha todos os nossos pensamentos; mas para lá caminhamos.
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São muito inteligentes? Na realidade não. A inteligência que torna isso possível é a dos milhares de pessoas que trabalham para que assim seja. Todo o “conhecimento” dos nossos equipamentos é fornecido por humanos, descarregado através da internet. Estes nossos equipamentos domésticos são incapazes de comunicar com um dispositivo desconhecido – se não tivermos o “driver”, se ele não estiver disponível na Net, nada feito! E os diversos dispositivos têm de ter “portas” normalizadas, é claro.
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A “inteligência” e o “conhecimento” dos equipamentos que construimos, por enquanto, são a do seu criador, isto é, nós. Face a uma situação não conhecida, não definida previamente, são incapazes prosseguir. Alguns até podem "aprender", mas apenas aquilo que já estão programados para aprender. Lidar com algo desconhecido é ainda impossível para os nossos equipamentos.
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Nós, humanos, não somos assim tão diferentes; afinal, vimos equipados para comunicar uns com os outros, pode-se dizer que temos as “portas” necessárias a esta comunicação e os respectivos “drivers”, que nos permitem criar uma linguagem de comunicação. Mas, contrariamente aos nossos equipamentos, somos capazes de interagir com o mundo exterior em geral. Onde vamos buscar o conhecimento para isso?
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Uma coisa parece certa: não dispomos desse conhecimento a priori. Só sabemos que o fogo queima depois de pormos a mão no lume. Nenhum Criador, nem nenhum gene, nos deu o conhecimento a priori deste mundo em que existimos (o que não quer dizer que, pontualmente, não possamos obter conhecimento de uma forma que não sabemos explicar – pelo menos o Jorge está certo disso).
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Como não estamos dotados de um conhecimento a priori, teremos de estar preparados para descobrir este desconhecido mundo. Somos, portanto, exploradores do Universo.
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Como é que fazemos isso?
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A descoberta do Universo começa à saída do útero materno, quando arranhamos a cara com as unhas; prossegue quando damos uma queda e descobrimos, com surpresa, que faz dói-dói; pomos a mão no fogo, queimamo-nos, aprendemos que não devemos pôr a mão no fogo, não pomos mais a mão no fogo; descobrimos assim que há coisas “más” e percebemos que temos de saber quais são, onde está a fronteira do “mal”.
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Para funcionarmos na nossa sociedade é necessário que aprendamos um conjunto de regras e adoptemos um conjunto de procedimentos complexo. Isto não pode ser aprendido empiricamente, não podemos aprender a não roubar como aprendemos a não pôr a mão no fogo ou a não cair. Como podemos então aprender estas coisas sem ser por via empírica?
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Esta aprendizagem é o que se chama de “educação”. Basicamente, aprendemos isto associando a cada comportamento um prémio ou uma penalização. Ou seja, por via empírica na mesma, mas indirecta, tipo “reflexo de Pavlov”.
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Um prémio ou uma penalização??? Então não temos nós a Razão para nos dizer o que devemos ou não fazer?
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A Razão é muito importante, mas não tem o poder de nos comandar. Quem nos comanda é o Inconsciente – uma espécie de computador que temos na cabeça que opera numa linguagem-máquina que desconhecemos e que decide se fazemos isto ou aquilo. Através da Razão podemos aprender Matemática, Ciências, Contabilidade, muitas coisas, mas não é a Razão que determina o nosso comportamento.
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Isto é algo que a generalidade das pessoas se recusa a aceitar, o elevado conceito que fazemos de nós próprios não o permite.
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O Inconsciente não obedece à Razão; tem os seus mecanismos próprios de obter informações do mundo exterior, de construir o seu modelo de realidade, e de decidir em função desse modelo e da sua matriz afectiva, definida geneticamente ou dependente de factores que a Razão desconhece.
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A Razão pode ser usada para tentar convencer o Inconsciente disto ou daquilo, mas o Inconsciente não se deixa enganar facilmente: ou o que a Razão diz corresponde às suas informações e às coisas que o Inconsciente já anteriormente aceitou como verdade, ou então ele rejeita. Note-se que o Inconsciente não é casmurro, simplesmente desconhece o que seja obediência – não aceita um “porque sim”, tudo tem de ser logicamente consistente, no quadro do seu Modelo de Realidade. O pavloviano reflexo condicionado não é uma resposta estúpida e automática, é uma resposta inteligente, que mostra a existência de um processo de aprendizagem.
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É por isso que, por exemplo, se torna difícil deixar de fumar: para o Inconsciente o tabaco não faz mal, os seus sentidos não lhe dão essa informação relativamente ao tabaco, é apenas a Razão que lha dá, logo o Inconsciente ignora essa informação da Razão. E é por isso que uma forma de ajudar as pessoas que querem deixar de fumar é através de exemplos de malefícios do tabaco que penetrem directamente no Inconsciente. O mesmo em relação ao uso do preservativo.
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Um problema das normas de segurança é que as pessoas têm de ser sistematicamente treinadas no seu uso e penalizadas pelo seu incumprimento. Um trabalhador que usa capacete há uns anos e nunca serviu para nada, “aprendeu” que o capacete é inútil e deixará de o usar a menos que esteja sujeito a uma penalização imediata.
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Todos sabemos que o cinto de segurança salva vidas. Mas digam-me: usariam sistematicamente o cinto se a polícia não multasse? Alguns até poderão pensar que sim, mas não é verdade, ao fim de algum tempo deixariam de usar. Precisamos de sobreviver a um acidente para que o Inconsciente possa aprender, pelos seus mecanismos próprios, que o cinto faz falta. Na ausência disso, é preciso a Penalização pelo seu não-uso. A Razão é praticamente irrelevante no processo.
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Lembram-se dum filme recente em que um homem se torna invisivel e depois começa a fazer todo o tipo de crimes? Isso não é propriamente ficção, é assim que nos comportamos quando nos sentimos impunes. É por isso que as claques assaltam as estações de serviço onde passam, ou grupos de turistas tendem por vezes a actos de vandalismo no estrangeiro. É por isso que o Poder corrompe.
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O que a Razão faz é sobretudo construir argumentos que justifiquem as decisões que o Inconsciente já tomou. A Razão funciona a posteriori, mas cria-nos a ilusão de que o nosso comportamento tem a base racional que construímos para o justificar.
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Esta é a primeira coisa que é preciso ter presente: a Razão do educando quase não conta no processo educativo básico! Educar é estabelecer um diálogo com o Inconsciente. Para educar é preciso ser capaz de comunicar com o Inconsciente dos educandos, saber usar as “portas”, ter os “drives”.

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Vamos agora alinhar umas ideias sobre “educação”.

21 comentários:

antonio ganhão disse...

É um inconsciente, não ouve a voz da razão… Oh! Alf isto é sabedoria popular! Até o Manuel, enxotador de ovelhas, sabe isso.

E obviamente a razão funciona à posterior, chama-se arrependimento.

“Razão faz é sobretudo construir argumentos que justifiquem as decisões que o Inconsciente já tomou”, pois a tão famosa desculpa esfarrapada.

E finalmente: “a Razão do educando quase não conta no processo educativo básico! Educar é estabelecer um diálogo com o Inconsciente.” Alf isto também não é novidade, a actual ministra da educação não tem feito outra coisa.

Mas, talvez a verdadeira sabedoria esteja nos lugares comuns da sabedoria popular! Quem sabe? Vou ter que estabelecer um diálogo com o meu inconsciente…

alf disse...

Ola António

uuff, pelo seu comentário vejo que consegui o meu objectivo, ou seja, passar uma ideia contrária àquilo em que as pessoas acreditam como se estivesse a dizer uma banalidade eheheh

Quando eu digo que a Razão funciona à posteriori não me refiro ao arrependimento - a nossa mais pequena e simples decisão, como escolher o prato no restaurante, é tomada pelo Inconsciente mas é-nos apresentada como se fosse uma decisão consciente, embrulhada em razões que a razão construiu depois de o Inconsciente lhe ter comunicado a sua decisão.

Está muito certo qd diz que a ministra não tem feito outra coisa. É que não pode ser feito de outra maneira. Eu explico:

Nós somos seres racionais porque temos Razão, mas o nosso comportamento não é determinado pela Razão mas pelo mesmo sub-sistema cerebral que determina o comportamento do cão ou do gato. Ou seja, comportamentalmente somos seres irracionais. E ainda bem, pode crer.

Se fossemos racionais no comportamento, certamente que os Juizes não protestariam por deixarem de ter dois meses de férias, ou muitos médicos por terem de passar a cumprir o horário em vez de irem ao hospital uma hora por dia, não lhe parece?

Como vê, o uso da Razão é irrelevante para alterar comportamentos. De juizes, médicos, professores, alunos, seja de quem fôr.

Quem quer fazer mudanças não faz pois apelo à Razão, mas recorre a outros processos. É uma verdadeira "engenharia" meu caro!

E devo dizer-lhe que o Sócrates é um bom engenheiro desta área. Mesmo que o seu diploma possa dizer que é de Civil.

Fátima Lopes disse...

Quanta versatilidade Alf!

Concordo inteiramente consigo. E pessoalmente acho que a coisa não pode funcionar pelo seguinte: todos temos motivações e aptidões inconscientes distintas, mas na escola somos obrigados a "empinar" as mesmas matérias e pelos mesmos métodos como se fossemos robôts numa linha de montagem a receber doses iguais de lubrificante para as dobradiças.

Mas há outros métodos, como a pedagogia: Waldorf simplesmente não são acessiveis.

antonio ganhão disse...

O Alf acaba de nos condenar à irracionalidade! Ora aí está um legado para o futuro da humanidade! Freud já nos tinha roubado um pouco a vontade própria...

alf disse...

Pink

Muito interessante o Waldorf!

Parece-lhe que sou versátil? Eh eh ... se calhar não! Ora repare: porque é que o Ptolomeu não fez o mesmo modelo de Universo que fez o Copérnico? O Ptolomeu já tinha todos os dados necessários, tanto que houve quem na altura o tivesse proposto, como o Aristarco; mas foi ridicularizado. Porquê?

A resposta só pode estar num sítio: na nossa cabeça!

O cérebro é o mais importante instrumento de exploração do Universo e o mais desprezado.

Temos hoje imensos dados sobre o Universo; mas como não sabemos usar esse instrumento que é o cérebro, fazemos os mesmos erros do Ptolomeu. E não adianta aparecer alguém a dizer como é de facto o Universo porque, tal como o Aristarco, será simplesmente ridicularizado.

Compreender algumas caracteristicas básicas do nosso cérebro é que nos abre portas e janelas para entendermos o Universo e a nós próprios.

Porque que os métodos de ensino resultam mal? Porque ignoram o que nós somos, como muito bem diz, não somos robôs mas o ensino é feito como se fossemos.

alf disse...

António

Exactamente! Continua em grande forma essa sua capacidade de VER!

A palavra "irracionalidade" tem é um sentido actualmente que é errado. Agimos irracionalmente porque não somos comandados pela razão consciente; mas não agimos estupidamente, pelo contrário.

Anónimo disse...

Meu caro Alf, você é um filosofo eu nunca tinha reparado...
Isto vai de encontro ao que você já tinha dito outras vezer: para mudar ou convencer temos de apelar ao inconsciente.
Faz sentido =)

alf disse...

raiz

Pois é. O primeiro passo é percebermos a enorme importancia do Inconsciente. Ele comanda os nossos comportamentos e comanda mesmo os nosso pensamentos - o consciente recebe do Inconsciente as ideias que depois justifica com a construcção de argumentações a posteriori. Mas raramente as pessoas percebem que assim.

É por isso que os adeptos de dois clubes de futebol têm necessariamente opiniões diferentes
sobre o mesmo jogo.

É por isso que as pessoas são de um determinado partido ou de um clube, ou estão sempre do lado do mais forte ou do lado do mais fraco.

Nada disto é "racional", são decisões do Inconsciente, mas cada um está convencido de que as suas escolhas são perfeitamente racionais.

Depois de perceber a importancia avassaladora do Inconsciente no nosso comportamento e pensamento, podemos começar a perceber como é que ele funciona. Porque ele tem regras rigidas, é uma máquina afinada para maximizar a nossa capacidade de sobreviver em ambiente hostil. E, como é limitado, em velocidade, em memória, como qq computador, tem estratégias de decisão que lhe permitem decidir em tempo útil.

Já tenho dito que as hipóteses que os cientistas colocam são as que satisfazem o modelo de realidade primitivo feito pelo inconsciente.

Esta é uma grave limitação do nosso cérebro para o trabalho científico. Decorre de ser a melhor estratégia de sobrevivência, mas não a melhor estratégia de descoberta.

Einstein disse que a diferença entre ele e os outros cientistas é que ele pensava nos assuntos durante mais tempo. Esta questão é fundamental, porque o cérebro está organizado para decidir no mínimo tempo - mesmo um cientista que queira ficar mais tempo a pensar num assunto, na realidade não o consegue porque o seu Inconsciente adopta rapidamente uma decisão e depois já não pensa nada de novo, repete apenas os mesmos pensamentos, e isso não é pensar mais tempo.

É por causa destas características do Inconsciente que foi preciso esperar por "génios" como o Copérnico, o Galileu e o Newton para perceber que a Terra não estava parada no centro do Universo.

Mas ainda só começamos a vislumbrar a verdade e não seremos capazes de dar o passo seguinte enquanto não percebermos como o Inconciente determina as hipóteses que fazemos.

depois disso, podemos perceber como podemos utilizar as regras do inconsciente, logo, toda a sua imensa capacidade de processamento, ao serviço da descoberta e não apenas da sobrevivência.

E é só aí que começamos a ver a luz.

Diogo disse...

Caro Alf,

«(As máquinas) são muito inteligentes? Na realidade não. A inteligência que torna isso possível é a dos milhares de pessoas que trabalham para que assim seja.»

Errado meu caro. As máquinas são cada vez mais inteligentes e capazes de tomar decisões em ambientes desconhecidos. O Deep Blue da IBM já venceu Kasparov em torneios de xadrês. O programa não contém em si todas as combinações possíveis. Teve de raciocinar sobre hipóteses nunca formuladas. E posso dar-lhe muitos outros exemplos.


O inconsciente (teimoso) continua a dizer-nos que a vizinha da frente é boa como o milho e aconselha-nos (teimosamente) a saltar-lhe para a cueca.

É o consciente que nos trava e obriga a comportar civilizadamente (e o medo inconsciente dum enxerto de porrada do vizinho). O inconsciente é animal (não está certo nem está errado). O racional é o verniz que nos dita as regras de uma convivência «sã». Essa educação do inconsciente garantia-lhe o Nobel da Psicologia, meu bom Alf.

alf disse...

Diogo

Fazer máquinas inteligentes é um desafio importante mas ainda distante. As máquinas de jogar xadrez não são nada inteligentes nem sequer o xadrez é propriamente um jogo de inteligência. Isto porque o universo de hipóteses é fechado, limitado, conhecivel desde que haja capacidade de cálculo suficiente. Ou de memória.

Uma máquina inteligente é uma máquina capaz de resolver problemas que não estão equacionados no seu programa. Isso ainda não existe.

Está enganado quando pensa que é o consciente que o impede de saltar para a cueca da vizinha. É o inconsciente que o impede, como muito bem refere - medo da porrada do marido...tschh tschh, que ideia machista... não será antes medo de levar tampa da vizinha?

Como eu digo, o consciente arranja sempre argumentos para parecer que a decisão é dele e não do inconsciente. É aqui que o Diogo está enganado - autoconvence-se que não salta para a cueca da vizinha porque não quer, mas na verdade é o seu inconsciente que decidiu que esse comportamento não lhe convém.

O seu inconsciente decide isso, como decidiria que usar o cinto de segurança não serve para nada se a policia não multasse, como decidiria mesmo saltar para a cueca da vizinha se voce fosse o homem invisivel e, portanto, imune às consequências.

Claro que isto é uma novidade para si, se não fosse eu não o estaria a dizer - afinal, eu, viajante do tempo, iria perder o meu tempo e o dos leitores com banalidades? E claro que é uma novidade chocante, como diz o António.

anonimodenome disse...

Diogo
Algum computador lhe fez uma pergunta que não seja banal?
A mim nunca.
A Inteligência Artificial dá respostas para as quais tem métodos de pesquisa num dado espaço de procura. Quando se considera algoritmos genéticos avança-se um pouco mais e encontra-se respostas mais rapidamente.
Inteligente digo de um miúdo que me surpreende com uma pergunta inesperada para a idade dele. Associa padrões já conhecidos dele e pretende inferir sobre respostas a outros problemas parecidos.

O receio da tampa dada pela vizinha e de tantos outros receios é porque temos um medo terrível de cairmos em ridículo perante os outros. Este medo do ridículo é um denominador comum que condiciona fortemente a nossa parte social. Pessoas há que são mais descaradas i.e. não têm
demasiada carga no lado das coisas que consideram ridículas.

Diogo disse...

Alf «Uma máquina inteligente é uma máquina capaz de resolver problemas que não estão equacionados no seu programa. Isso ainda não existe.»


É aqui que você está redondamente enganado:

http://garage.cse.msu.edu/hfc/media/ai-figures.htm

For his post-graduate thesis in 1975, Lenat invented AM. This thesis earned him the bi-annual IJCAI Computers and Thought Award in 1977. AM was a computer program whose aim was to "develop new concepts under the guidance of a large body of heuristic rules" (Davis, Lenat p.1).

AM was Lenat first attempt to get machines to learn by discovery, and this has continued to be Lenat main field of study during his career. Specifically, AM was made to propose interesting mathematical theorems, however, no proof of these theorems was included in the program. Lenat accredits AM success to its ability to "make simple, interesting statements about mathematics" (betz.biostr.washington.edu/~jsp/muq/muf3_21.html).

The AM program rediscovered the Unique Prime Factorization Theorem and Goldbach conjecture. Overall, Lenat said that AM "rediscovered many well-known concepts, a couple interesting but not-generally-known ones, and several concepts which were hitherto unknown and should have stayed that way" (Davis, Lenat p. 103).

The AM program worked by modifying LISP code. Lenat believed AM main strength was "syntactically mutating small LISP programs"(Brown, Lenat p.292).

Because of LISP strong relationship with mathematics, this approach was successful. Lenat stated that AM "exploited the natural tie between LISP and mathematics" (Brown, Lenat p.291).


2.2 Eurisko

In 1977, the Eurisko project was commenced, a descendant of AM. The main difference between the two was that Eurisko task was to learn new heuristics as it learned new math concepts.

For the first four years, progress on Eurisko was slow. This improved gradually as the representation of heuristics changed into a new language form. The statements became similar to natural language, an improvement on AM-LISP code which was long and convoluted.

Upon completing Eurisko, Lenat commenced his biggest project to date, CYC. Lenat envisioned the program to know everything humans do and be able to think and learn like humans. Work on the CYC project is still continuing today.

Diogo disse...

Alf «Está enganado quando pensa que é o consciente que o impede de saltar para a cueca da vizinha.»

Você está a simplificar em demasia o problema e a baralhar conceitos, Alf.

A consciência é um resultado: é a relação entre as inibições, que resistem, e os impulsos que insistem.

As grandes escolas de psicologia “forneceram-nos” três grandes inconscientes. O inconsciente animal, onde está impresso o nosso percurso animal, que contém as mais poderosas pulsões do nosso ser. O inconsciente colectivo, onde está inscrita a nossa experiência como espécie e o inconsciente pessoal que contém a nossa experiência pessoal.

O inconsciente animal e colectivo é comum a todos os indivíduos da espécie. O inconsciente pessoal reflecte a experiência de cada um.

Freud e os seus discípulos tentaram, com pouco êxito, em sessões individuais num divã, “mexer” no inconsciente animal. Você pretende fazer o mesmo numa sala de aula com turmas de trinta alunos? Será ingenuidade?

Diogo disse...

Errata: Freud e os seus discípulos tentaram, com pouco êxito, em sessões individuais num divã, “mexer” no inconsciente PESSOAL. Você pretende fazer o mesmo numa sala de aula com turmas de trinta alunos? Será ingenuidade?

alf disse...

diogo

obrigado pela sua discussão dos meus temas.

Sobre " inteligencia" tenho alguns posts já antigos mas que poderá ver na etiqueta "inteligência". Nada de extraordinário, apenas conceitos básicos, mas que às vezes importa ter presentes.

Nest post não se discute "Inteligência", apenas o facto de os nossos equipamentos usuais, como os nossos computadores domésticos, partecerem ter inteligência própria mas não terem. Isto para salientar melhor as especificidades dos seres humanos.
Não é relevante para esta discussão se existem ou não umas máquinas muito extraordinárias num qualquer laboratório que já conseguem alguma forma desta inteligência que possuimos.

Mas continuo a considerar correcta a minha afirmação de que não existem máquinas com uma inteligência do tipo da nossa. Como disse alguém ligado ao computador que derrotou o Kasparov, "o verdadeiro desafio é fazer uma máquina que consiga substituir uma dona de casa nas tarefas domésticas".

A aplicação da Inteligência Artificial à resolução de teoremas matemáticos, que cita, continua a ser a aplicação de um programa desenvolvido por humanos, que segue caminhos definidos na obtenção de um resultado num universo muito limitado.

Note que eu não afirmo que não é possível fazer máquinas inteligentes como nós. Tenho a convicção que é possível!

Mas, como já lhe disse, tratou-se apenas de marcar as semelhanças e diferenças entre nós e os nossos computadores domésticos.

alf disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
alf disse...

diogo

quanto a mexer no inconsciente colectivo, é isso que os lideres fazem. Até convencem facilmente as pessoas ao suicidio não é? Aconteceu com os Kamikase, com os pilotos alemães no fim da guerra, com o bombistas suicidas... Portanto, é possivel convencer as pessoas a fazer as coisas mais extraordinárias, desde que se saiba manipular o inconsciente.

Quanto a interferir com o inconsciente pessoal de 30 alunos, o professor que refiro no post "educação 3", de certa forma, fazia isso numa turma de 40 alunos. Mas claro que isso não está ao alcance do comum dos mortais, não pretendo que professor algum seja capaz disso.

O que eu pretendo acentuar é que não é usando argumentos racionais que se conduz as pessoas, é com o inconsciente que temos de lidar porque é este que comanda; logo, as estratégias têm de ser estabelecidas tendo em atenção as nossas caracteristicas afectivas e instintivas e não a coerencia lógica duma argumentação.

(óbvio, não é? se a pessoas obedecessem à razão, não havia problema nenhum, não é?)

alf disse...

diogo

No que se refere ao Inconsciente, eu apenas pretendi salientar que as nossas decisões são tomadas essencialmente a um nivel inconsciente. DEcisões, opções, ideias, ideologias.

Quando fala das grandes escolas de psicologia refere-se às escolas ocidentais. Lamentavelmente, o conhecimento oficial ocidental sobre o assunto é extremamente primitivo.

Eu conheço quem seja capaz de acertar no mês de nascimento de pessoas desconhecidas apenas pela sua mera observação durante alguns minutos, segundos às vezes - coisa completamente impossivel para a psicologia ocidental. Não é em relação a toda a gente, é só quando ele entende que sabe, mas ainda o não vi errar vez nenhuma.

No Inconsciente eu distingo o nível mais básico que é o que comanda os musculos, evidentemente genético; depois temos o nivel dos conhecimentos transmitidos geneticamente, os instintos; depois temos o nível dos conhecimentos adquiridos pelo inconsciente, pela análise que ele faz das informações recebidas através dos sentidos. Sobre isto tudo temos um complexo sistema de processamento de informação, com algumas rotinas identificaveis que tornam previsivel o comportamento das pessoas.

porque estas rotinas condicionam a formulação de hipóteses, elas condicionam a nossa capacidade de descobrir o Universo. É por isso que eu já disse que os cientistas caem sempre no modelo de realidade que o Inconsciente estabelece.

Para serem capazes de ultrapassar esta limitação, é preciso ter disto consciencia e conhecer formas de libertar o pensamento.

Se não fosse assim, porque é que pensa que foram precisos tantos séculos para se aceitar que a Terra se move? Porque é que pensa que depois do auge da civilização romana se regrediu durante mais de um milénio? Porque é que pensa que as teorias fundamentais da física são actualmente um caos?

(não acredita? irei mostrar detalhadamente a face do Universo e depois me dirá... um pouco de paciência, não adianta dialogarmos sobre isto, terá oportunidade de confrontar os factos)

Diogo disse...

«(não acredita? irei mostrar detalhadamente a face do Universo e depois me dirá... »

Também eu sou um curioso da matéria. Vamos ver até onde é que você vai...

el.sa disse...

Alf,

Este texto agarra duas ideias distintas: o behaviorismo, que considero demasiado redutor. A mente humana não funciona por puros actos reflexos... isso é uma forma um bocadinho simplista de perceber o comportamento humano.
Por outro lado, falas no inconsciente, essa instância freudiana que tem um papel determinante nas acções do Homem. Vou ler o próximo post antes de me por a opinar...

Beijinhos conscientes***

alf disse...

feitixeira

O que eu quero salientar é que a Razão, o Consciente, não determina directamente os comportamentos humanos.

O essencial do processamento mental é puramente inconsciente; e essa máquina poderosa que temos no cérebro tem os seus mecanismos próprios e autónomos de aprender, construir modelos da realidade e de decisão. É ele que decide o que fazemos, o Consciente apenas arranja argumentos a posteriori para justificar o que já foi decidido pelo inconsciente.

Não somos comandados pela Razão, esse é o grande engano que eu procuro denunciar aqui;

mas podemos usar a razão para interferir nos processos inconscientes. Para o bem e para o mal.

Ao longo deste blogue vou dizer coisas que vão provar isto à saciedade; porque são coisas tão óbvias que o facto de ninguém ser capaz de as perceber prova que o nosso cérebro tem limitações espantosas, que lhe advêem de ser comandado por um inconsciente desenhado para a sobrevivência.

Como verás, as coisas completamente óbvias que eu vou dizer, e que tu irás compreender porque não são da tua área de conhecimento, serão impossíveis de aceitar para as pessoas do "métier"; isto porque a "verdade" que está aceite pelo seu inconsciente é outra, e o inconsciente rejeita tudo o que contraria o que já aceitou.

Conhecer como funciona o Inconsciente tem muitas vantagens; por exemplo, muitos assuntos deixo para o inconsciente analisar e simplesmente fico à espera da resposta enquanto trato doutras coisas com a "razão". O 6º sentido das mulheres não é mais do que isto.

Mas tens razão quando dizes que estarei a ser um bocado redutor; mas é de propósito, para frisar que o ponto de partida para a análise destas questões tem de ser este, que ele é inultrapassável.

Obrigado pela visita, pelo comentário e pelos beijinhos!