quarta-feira, novembro 20, 2013
O "Milagre" Irlandês
Vamos lá a ver a Verdade
sobre a Irlanda
Nesta interessante página
do Google podemos ver como tem variado a dívida pública irlandesa. Surpresa! Em
2007 era de apenas 24,9% do PIB! Uma dívida sem expressão. Mínima! E em 2012,
depois desta fantástica intervenção da Troika? 117, 4%!!! Aumentou 4,7 vezes.
Agora reparem. Afirmam os
“sábios” que a Irlanda está numa situação ótima, pois os juros da dívida
pública caíram para os 3,5%; ora bem, se abrirem a máquina de calcular e
multiplicarem pelo aumento da dívida (4,7) concluirão que o encargo da dívida
irlandesa será agora o mesmo que tinham em 2007 se estivessem a pagar juros de
16,5%!!!! (este lindo resultado foi conseguido em cima de sacrifícios
pesadíssimos do povo irlandês, enquanto os ricos enriqueciam em toda a Europa;
os irlandeses foram roubados no presente e continuarão a ser roubados no futuro).
Estão a ver como a banca
consegue enriquecer facilmente? O montante da dívida é irrelevante para a banca
(o dinheiro que emprestam nem chega a sair). Os juros é que são o ganho dos
bancos! Esta “bem sucedida” operação teve como resultado aumentar enormemente
aquilo que o povo irlandês vai passar a pagar à banca, sem que disso tenha tido
qualquer benefício.
Porque reparem: quando se
contrai uma dívida para fazer um investimento, há um retorno. Quando uma empresa
pede um empréstimo, não é para comprometer o seu futuro, é para o assegurar. Um
Estado, tal como uma empresa, tem de investir e deve usar para isso mais
dinheiro do que o que tem, pois esse investimento pagará o custo desse
empréstimo com lucro. Se o Estado não investir, acontece-lhe o mesmo que às
empresas que o não fazem: não crescem e desaparecem. Vivemos num mundo em
competição, quem não se esforça por ir para a frente vai ser eliminado. É por
isso que todos os países têm dívidas públicas (a da Alemanha era muito maior do
que a da Irlanda quando isto começou, e continua a crescer apesar de todos os
seus “superavit”).
Mas aqui acontece que a
Irlanda não contraiu esta fabulosa dívida para investir! Não há retorno! Contraiu dívida para emprestar aos
bancos para estes lhe emprestarem a ela…Confusos? Não admira, estamos perante o
maior esbulho da história…
Contrariamente ao que
dizem esses economistas e políticos da linha do governo, o que compromete o
futuro das próximas geração é esta dívida contraída agora, não é a dívida que
existia antes de 2008 – essa era para assegurar o futuro, não para o
comprometer.
Em resumo, o que
aconteceu à Irlanda é que ficou com um enorme encargo bancário que não
corresponde a nenhum dívida para investimento que tenha contraído. Esta
situação impede que ela possa continuar a investir. É um país condenado.
Veem como temos sido
enganados? Como estamos todos a ser roubados? Veem como o futuro dos nossos filhos
foi roubado com a nossa complacência? Como as frases feitas que nos repetem são
mentiras descaradas, construídas de propósito para conseguir a nossa anuência
ao roubo? Para nos tornar cúmplices do roubo do Futuro?
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9 comentários:
Só vão levar-nos a sério quando nos recusarmos a pagar. Não seríamos os primeiros a sobreviver a essa atitude.
Um abraço.
Parabéns Alf, (não estou a ser irónico, eu sei que isto é um jogo diabólico), é um prazer ver um indivíduo perceber a enorme fraude de que estamos todos a ser vítimas.
UFO
Não é preciso recusar a pagar, basta querer negociar.
As receitas do Estado são excedentárias em relação à despesa se excluirmos os juros da dívida; e os credores são os mesmos que emprestam o dinheiro. Ou seja, só precisamos de ir buscar dinheiro aos "mercados" para lhes pagar a dívida para eles - se não emprestarem, não recebem!
Mas os mercados são os mesmos que têm as PPP, as SWAP, que fazem as operações financeiras que o Estado pode taxar, etc. Portanto, o Governo tem muitas maneiras de negociar os juros, querendo!
Além disso, dado que o BCE não é garante das dívidas soberanas nem há nenhum mecanismo europeu que o seja, o Estado tem de pensar em financiar-se sem ser por empréstimo. Tem de fazer o mesmo que fazem as grandes empresas emitir acções.
Os recentes títulos de Aforro já são um passo nesse sentido por conterem um juro que tem uma componente dependente do PIB.
Creio que o caminho agora será este: os portugueses como accionistas de Portugal.
Diogo
Obrigado. A fraude é tão grande que nem há forma de a descrever em pequenos posts...
Vejam este post sobre a Irlanda, que é muitíssimo esclarecedor das tretas que andam a contar:
http://jugular.blogs.sapo.pt/3653363.html
Bem!
Abraço livre
Reli o seu post. Não há dúvida de que você já compreendeu a mecânica da coisa. Não me venha agora tentar vender o Sócrates...
Horizonte XXI
Obrigado. Abraço!
Diogo
Como mostrarei num próximo post, o Sócrates atacou bem uma parte do nosso problema, a parte não-financeira, mas não foi capaz e não soube tratar da financeira - foi um anjolas aqui, completamente enrolado pelo sinistro colega de partido Constâncio.
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