domingo, fevereiro 26, 2012

O TABU

(foto tirada do blogue tabusdecavaco; origem desconhecida)


Lembram-se daquele episódio das escutas do Cavaco? Não estranharam tanta histeria? O que é que o Cavaco não quereria que fosse escutado? Se só havia uma suspeita, baseada nem se sabe em quê, não seria aconselhável alguma investigação antes de se pôr a fazer comunicações ao País, como se alguém nos tivesse declarado guerra, ou uma qualquer catástrofe natural tivesse assolado o território? Compreende-se a indignação mas não tanto a histeria; como se explica isto?

Depois soube-se a história do BPN, o Dias Loureiro, as acções, a casa no Algarve; pode-se imaginar as conversas entre o Cavaco e o Dias Loureiro e os outros amigos premiados com vivendas no Algarve. Isso sim, isso é motivo para pânico. Basta passar os olhos sobre a matéria aqui exposta. Na dúvida de estar a ser escutado, certamente que uma boa estratégia seria vir a público bramar que estava a ser alvo de uma tramóia qualquer – quem quer que estivesse a escutá-lo temeria divulgar essas escutas de forma assumida uma vez que a sua ilegalidade já estava declarada (no caso do Sócrates, a ilegalidade das escutas já não serviu de nada porque só foi “descoberta” depois da sua divulgação).

Esta história do BPN também nos ajudou a perceber a política do TABU do Cavaco. Vejamos: com os seus colegas economistas a nadarem em dinheiro, o Cavaco devia estar a sentir-se algo estúpido em optar por cargos políticos de responsabilidade. Até estou a ouvir a Maria a dizer: “então tu é que és o líder, o chefe, o mais competente, e são os outros que andam a encher-se de dinheiro enquanto tu pensas em candidatar-te a Presidente de República para teres imensas responsabilidades e ganhares quase nada?” E agora, depois da nomeação do Catroga, dirá: “Estás a ver? Os portugueses acham que tu ganhas muito, mas pagam dez vezes mais ao Catroga, através da continha da electricidade, para ele não fazer nada, e não refilam!!!” Sempre achei a Maria uma primeira-dama muito contrariada e compreende-se: teve de prescindir da vida de professora, da sua liberdade e de uma vida faustosa por causa da vontade política do marido. Ao contrário de outras primeiras-damas, a Maria só perde em sê-lo. Ou seja, os tabus do Cavaco não foram tabus, ele simplesmente não sabia o que decidir, se optar pela política e condenar-se a si e à família a ser o “parente pobre” e sem vida pessoal, ou mandar passear a política e viver à grande e à francesa. Decisão difícil, de facto. Respeito-o pela decisão que tomou porque ele tinha outras opções, claramente vantajosas do ponto de vista pessoal.

Tudo isto faz algum sentido, tanto o pânico com as escutas como as penosas decisões que aparentaram tabu. A verdade, porém, é sempre algo subtil, para além da lógica aparente das coisas. Temos de procurar mais fundo. E, procurando mais fundo, surge-me uma outra coisa: quem passou pelo Banco de Portugal está obrigado a Sigilo para toda a vida. Sigilo indiscriminado, sobre tudo. Não será um pouco excessivo? O Banco de Portugal não tem segredos comerciais, a sua actuação deveria ser transparente, clara. Sigilo como os maçons? O Banco de Portugal é alguma sociedade secreta?

É isso que veremos no próximo post.

3 comentários:

Diogo disse...

O Banco de Portugal não é nenhuma sociedade secreta mas está ao serviço da Banca Internacional. Daí o sigilo do Sr. Silva de Boliqueime.

alf disse...

Diogo
e a banca internacional não será uma sociedade secreta?

Já viu o Inside Job? O Obama nomeou para todos os cargos financeiros os próprios responsáveis pela crise, que sairam dela com os bolsos cheios. Como é isto explicável a não ser pelo facto de ...serem eles quem verdadeiramente tem o poder? E, se o têm, fingem que não têm, não é? Têm portanto um poder oculto...

Diogo disse...

Já vi e tenho o DVD do Inside Job.

Visto assim, de acordo. A meia dúzia de famílias que controla a finança mundial é uma sociedade secreta.