sexta-feira, novembro 30, 2007

O que sabemos e o que não sabemos



Imagem: a experiência de Miller (de “À Descoberta da Vida”)

Bem, o Mário começa sempre da mesma maneira, acho graça ao modo como coloca as mãos em oração no seu esforço de concentração, “ a primeira questão que se coloca sobre a origem da Vida é perceber se esta se forma espontaneamente hoje ou não. Claro que vocês já sabem que a Vida não se forma espontaneamente na Terra actualmente, mas não se esqueçam de que foi preciso chegar a essa conclusão. Até recentemente pensava-se que a vida surgia por geração espontânea. Quem primeiro o contestou terá sido Francesco Redi, no sex XVII, iniciando uma polémica que só terminou no sec. XIX, quando Louis Pasteur fez uma série de experiências na linha das que Redi tinha feito. Ora o que é que podemos concluir do facto de a Vida existir mas não se formar espontaneamente hoje?”

Que a Vida vem do espaço, como diz o Fred Hoyle?”

O Fred Hoyle e não só Luisa, essa ideia é anterior a ele, a Panspermia e a teoria Cosmozónica propuseram que viesse na forma de esporos; Fred Hoyle propôs a hipótese das bactérias e vírus, não só como explicação para a origem da Vida na Terra mas também para a sua evolução. Mas reparem que essa hipótese não tem grande interesse do ponto de vista da Ciência, pois apenas remete o problema para outros locais do Universo. A Ciência é uma metodologia de investigação e, nesta altura, não podemos investigar como a Vida se pode ter formado noutros lados. Essa hipótese pode interessar à Filosofia, pode ser verdadeira, mas não interessa à Ciência porque a metodologia científica não lhe pode ser aplicada com os conhecimentos actuais.”

Agora é que me estás a baralhar! Então pode ser verdade mas não interessa à Ciência? A Ciência não busca a verdade sobre o Universo?

Claro que busca! Mas dentro da sua metodologia e recursos. A Filosofia também busca a verdade, com outra metodologia. A própria Teologia não deixa de ser uma busca de Verdade. Minha cara Luísa, o Pensamento busca incessantemente a Verdade, mas usando diferentes caminhos ou metodologias. O trabalho do Fred Hoyle, que tão bem expuseste, pertence ao campo da Filosofia porque extravasa as condicionantes do método científico mas não do filosófico”.

Mas ele era um cientista...”

Claro! Ora essa! O pensamento não tem de estar prisioneiro de uma metodologia. O Poincaré era um matemático e no entanto foi, para mim, talvez o maior filósofo de todos os tempos!

Esse não conheço”, Luísa ri-se

Bem, não nos dispersemos, que mais hipóteses podemos fazer?

Que a Vida foi criada por um Deus?”, a Ana com ar muito desconfiado, de quem não está a perceber onde o Mário queria chegar.

Bem, Ana, e como é que esse Deus fez a Vida? Os átomos tiveram de se juntar para formar as células, não é? Ou então dizemos que a Vida apareceu porque Deus quis, sem mais explicações, e estamos novamente fora da metodologia científica. Nota, não afirmo que não tenha sido um Deus a criar a Vida, só digo que também não podemos aplicar a metodologia científica a essa hipótese.

Então, tu queres hipóteses às quais a metodologia científica possa ser aplicada, é isso?

Exactamente. Ou seja, hipóteses que possamos investigar, verificar.

Queres, portanto, uma hipótese em que a Vida tenha origem na Terra, sem intervenção exterior, e compatível com o facto de ela já não se criar actualmente... é isso?”, a Luísa com aquela pose direita que toma sempre que decide encarar um assunto com seriedade.

Isso!”

Estou a lembrar-me do que o Jorge já disse... as condições da Terra seriam diferentes no início; as de então seriam as adequadas ao aparecimento da Vida, e as actuais inadequadas...”

Isso mesmo. As condições iniciais da Terra eram muito diferentes, independentemente da teoria do Jorge, a composição da atmosfera seria diferente, a temperatura era algo mais alta”. Não temos vestígios que nos digam com era a atmosfera antes do aparecimento da Vida, mas o russo Alexandre Oparin fez, em 1924, a primeira análise consistente do assunto, concluindo que para ser possível a geração dos compostos elementares da vida a atmosfera deveria ser redutora, ou seja, sem Oxigénio. Ele analisou como poderiam esses compostos ser produzidos no ambiente inicial e como se poderiam juntar para formar uma célula. O seu trabalho é a base de todos os trabalhos posteriores.” Mário faz uma pausa, não sei se espera que comentemos algo. Luísa decide-se:

Mas não foi um tal Miller que fez uma experiência que produziu esses compostos?

Foi, ele verificou que nas condições previstas por Oparin efectivamente se geravam os compostos previstos. Na altura isso foi considerado a prova que a Vida se tinha assim gerado. Mas foi sol de pouca dura.”

O que é que queres dizer com isso? A experiência estava errada?

Nada disso. O que acontece é que depois verificou-se que isso é muito fácil de conseguir numa qualquer atmosfera que contenha os elementos necessários e se disponha de uma qualquer fonte de energia, como descargas eléctricas, radiações, até ondas sonoras. Até se descobriu esses compostos em meteoritos, sinal de que podem ser produzidos mesmo em condições extremas e não de que há vida noutros lados.

Portanto, não há nenhuma razão para pensar que a Vida possa ter surgido espontaneamente nos primórdios da Terra?”

Ahh, isso há! Toda a estrutura da Vida espelha isso. Reparem, quando algo é fabricado para uma função, são escolhidos os elementos mais adequados. Não se fazem os motores dos automóveis com barro, não resultaria, fazem-se com um metal porque é o material mais adequado. E também não se constroem com pecinhas como um Lego, os seus componentes são especificamente desenhados para a função e construídos com os materiais mais convenientes, não é verdade?”

Sim”, assentimos os três.

Mas com a Vida nada disso se passa. Por um lado, os elementos reactivos mais abundantes do Universo são também os mais abundantes na Vida, o que está de acordo com a possibilidade de a Vida se ter originado por organização espontânea; por outro lado, a Vida usa uma enorme variedade de estruturas mas construídas com um número reduzido de tipos de blocos, ou seja, de compostos elementares, a que se chama monómeros. Isto é o que seria de esperar num processo onde esses blocos fossem produzidos em grandes quantidades numa primeira fase e, numa segunda fase, se pudessem associar formando polímeros, num vasto número de combinações.

Pelo que disseste, a primeira fase não levanta problemas...”

Pois não, a segunda é que levanta. Diversas hipóteses têm sido analisadas, nomeadamente uma em que argilas fariam parte do processo de polimerização. Sidney Fox conseguiu obter alguns polímeros mas teve de recorrer a condições difíceis de ocorrer naturalmente, nomeadamente a temperaturas da ordem dos 200º C. Ainda ninguém conseguiu um modelo satisfatório da segunda fase.”

Mas afinal o que é que sabemos?”, a Luísa meio desiludida.

Perceber a Vida e a sua origem é um problema tremendamente complexo; temos de ter a humildade de perceber que não há resposta fácil. O que temos de fazer é investigar, ir percebendo como funciona a Vida e, à medida que o vamos fazendo, melhores hipóteses podemos ir construindo sobre como se originou. O facto de sabermos
1 - que se compõe maioritariamente de elementos abundantes no Universo,
2- que se organiza como um Lego e
3 - que já não se cria,
são já três importantes pistas. E temos várias hipóteses sobre como se poderiam ter formado diferentes estruturas da célula, nomeadamente as membranas. Se quiserem saber detalhes é só irem à Net. Mas não temos ainda nenhuma hipótese que eu considere satisfatória sobre como foi possível a formação das longas cadeias dos polímeros e muito menos um resultado experimental desta 2º fase do processo de construção da Vida
.

Jorge, e tu? Não disseste que tinhas coisas a dizer a este respeito?” Luísa parecia algo desiludida com a franqueza do Mário.

quarta-feira, novembro 28, 2007

Indimensão

No Sem Penas o António colocou um post onde conta duas pequenas histórias de um príncipe da humanidade que eu também tive o privilégio de conhecer.

Não é único Príncipe que tive a felicidade de conhecer, alguns são pessoas bem simples e com vidas bem difíceis; todos têm em comum uma coisa: inteligência e coração estão em todos os seus pequenos actos. Um coração sábio, que compreende o que está oculto.

Talvez seja o facto de eles nunca separarem uma coisa da outra que lhes permitiu ascender a uma sabedoria que nos avassala. Talvez seja uma questão de atitude perante a vida, cultivada desde a nascença. Talvez seja um dom.

Recomendo-vos a leitura. E aqui deixo também a minha homenagem ao eng.º Aleixo.

Alf

domingo, novembro 25, 2007

A procura eterna do Conhecimento

Diogenes, Jean-Léon Gérôme, 1860, Walters Art Museum, USA


Bem”, Mário pigarreia, percebo que está um pouco nervoso, “primeiro é preciso que entendam que todas as teorias que fazemos sobre o Universo têm erros, todas as teorias são temporárias, cedo ou tarde serão substituídas por outras”. Mário cala-se, percebo que espera uma reacção. Um pouco surpreendente esta declaração, vinda do Mário. Luísa fala: “Todas como? Não te estou a perceber... a teoria atómica não está certa?”


Mário não responde imediatamente. Olha para mim, parece-me que a pedir ajuda, o que me deixa confundido. “Imaginem que pegavam num índio da amazónia que nunca tivesse tido contacto com a nossa civilização e o colocavam numa estação espacial; acham que ele seria capaz, por si só, de entender onde estava, de perceber o que via pela vigia da estação espacial?”


Claro que não!”, Luísa responde rapidamente, rindo espantada.


Pois não! Claro que não! Mas a ignorância desse índio em relação à estação espacial é como a nossa em relação ao universo. Aparecemos neste universo, ninguém nos explicou o que é isto, e nós vamos tentando perceber, tentando construir modelos do que observamos, fazendo teorias; teorias sobre teorias, tal como o índio faria a bordo da estação espacial acerca da sua situação


Estás muito filosófico hoje”, atalha a Luísa, rindo-se. “Explica lá concretamente o que queres dizer: a teoria de Newton está errada? A Relatividade está errada?”


Claro que sim! Não sabes que a Teoria da Relatividade Geral é superior à de Newton? E quem pensa que a Relatividade Geral é a última palavra sobre o assunto está muito enganado; o próprio Einstein terá dito que no espaço de um século uma nova teoria a substituiria; isso ainda não aconteceu, o que só significa que estamos a ser mais burros do que o Einstein previu.


Aristóteles, Ptolomeu, Newton, Einstein, realmente estabelecem uma sequência de teorias...”, Ana como quem pensa em voz alta.


Exactamente! Repara que nenhuma é um disparate, o modelo de Ptolomeu é muito bom a descrever as posições aparentes dos astros, o de Newton é mais prático que a Relatividade Geral em muitas situações; mas a Relatividade Geral é o modelo mais exacto.


Mas onde é que queres chegar com isso? E o que é que isso tem a ver com a origem da Vida?” interrompe a Luísa. Mário continua calmamente: “Por isso, para a Ciência não há teorias “certas”, o que há é a melhor teoria do momento. A teoria atómica ou a do Big Bang são as melhores teorias que temos hoje nos respectivos domínios, mas não são teorias “certas”, longe disso. Por isso têm a classificação de “Modelo Standard” da respectiva área, que significa que é o melhor modelo, não que está certo.” Mário cala-se, está à espera da reacção. Vejo a cara espantada da Luísa e o olhar pensativo da Ana.


É a primeira vez que oiço isso e está a parecer-me que começas a fazer teorias como o Jorge”, Luísa faz uma pausa e larga um sorriso maroto na minha direcção, “O que eu vejo é que, tal como cada religião afirma que ela é a Verdade, a Ciência faz exactamente o mesmo; todos afirmam que estão «certos», não que são apenas a «melhor teoria»; a Ciência é tão cheia de certezas como a Religião; ainda não há muito ouvi cientistas dizerem que a Física estava acabada e que não seriam de esperar grandes novidades no futuro.


Não foi um cientista que disse isso, foi um jornalista científico, o que é completamente diferente; não sabes que segundo o Big Bang o Universo é constituído em 96% por matéria negra e energia negra, coisas cujas propriedades nem somos capazes de imaginar? Não te parece óbvio que temos um longo caminho pela frente? Mas evidentemente que a Ciência tem de passar a ideia de que as suas teorias são «certas», definitivas, e não que são apenas passos de uma longa caminhada, porque é isso que as pessoas comuns querem ouvir, porque elas buscam certezas em que acreditar.“


A Ana está com alguma ideia excitante, um brilho acende-se nos olhos e ilumina a carita. Fala com entusiasmo: “ A Bíblia também tem duas teorias religiosas. O Deus do Antigo Testamento é um Deus que intervém ou ameaça intervir constantemente no mundo material, enquanto o Deus do Novo Testamento actua praticamente apenas a nível espiritual ou mental, não é deste mundo nas próprias palavras de Jesus.


Isso é bem observado!”, o Mário esboça o seu primeiro sorriso da noite, “ realmente a Bíblia tem duas teorias sobre Deus, um pouco como a ciência tem sucessivas teorias sobre o cosmos...”.


Farto de estar calado, vejo as palavras saírem-me pela boca: “ Há muitas teorias religiosas, mas, tal como as teorias científicas, não há nenhuma que seja “certa”, todas as teorias humanas são procura, são caminhos, não são chegadas...”


Sim, mas o caso da Bíblia é particularmente interessante porque tem paralelo com o que se passa em ciência, pois pode-se usar a teoria do Antigo Testamento ou a do Novo Testamento conforme as conveniências, tal como usamos o modelo de Newton ou o de Einstein.


O Antigo Testamento.... estou a lembrar-me de uma coisa...” Ana tira um livro da prateleira atrás dela, reconheço a Bíblia, folheia, encontra, lê: “Isaías, 41, 18. Farei brotar águas nas alturas escalvadas e fontes no fundo dos vales; transformarei o deserto num reservatório e a terra árida em arroios de água. 19. Plantarei no deserto cedros e acácias, murtas e oliveiras; farei crescer o cipreste na solidão ao lado do olmeiro e do buxo”, levanta os olhos para nós, “isto é só um exemplo das definições de Deus que surgem no AT; o que tem de curioso para mim é que tem sido a Ciência que tem realizado as obras que o AT atribui ao seu Deus, logo nada satisfaz mais as provas do Deus do AT do que a própria Ciência...


Terás razão”, Mário entusiasmado, “daí talvez o conflito entre os religiosos fundamentalistas e a Ciência...Não há qualquer confusão possível entre Ciência e do Deus do NT, mas pode haver confusão entre Ciência e o Deus do AT!”


Do que disseste formou-se-me na cabeça a imagem duma árvore do Conhecimento, ou seja, que o Conhecimento evolui como a Vida, os novos conhecimentos somando-se aos anteriores e produzindo galhos cada vez mais altos”. Arrepia-me ouvir a Ana dizer isto.


Exactamente! A imagem da árvore é muito boa, embora a do edifício seja a mais usual para representar o crescimento do Conhecimento!” Não me contenho: “Isso é um enorme disparate!”


Arrependo-me imediatamente da agressividade com que isto me saiu, olham-me os três surpreendidos, procuro corrigir mansamente: “enquanto a Vida, ou uma árvore, ou um edifício, crescem por adição, o conhecimento não é assim. As nossas células têm os mesmos componentes das células mais primitivas, apenas fabricam com eles estruturas mais complexas, mas o Conhecimento é exactamente ao contrário, é um processo de descoberta, de escavação, não de construção.”


Como é que podes dizer uma coisa dessas?”, Mário genuinamente surpreendido, “Então o conhecimento não está sempre a crescer com o que todos os dias vamos descobrindo? Não é isto um processo de adição?”


A informação que vamos tendo do Universo é um processo aditivo, mas isso não é o Conhecimento. O Conhecimento são os modelos que vamos fazendo do Universo e estes dependem inteiramente dos conceitos base que definirmos. Um salto no Conhecimento consiste na construção de um novo modelo a partir de novos conceitos. É pela base que o conhecimento cresce, não pelas pontas. Copérnico mudou o conceito de Universo que existia então, não adicionou nada ao modelo de Ptolomeu. Mesmo na Religião, o que distingue as religiões é o conceito da divindade, o resto é consequência. Vocês disseram agora mesmo que o AT e o NT são duas teorias diferentes porque os seus conceitos de Deus têm diferenças”.

Ana e Luísa esperam a contestação do Mário. O Mário está pensativo. “Estou a lembrar-me de uma frase do Heisenberg, ele disse que por detrás de uma nova teoria está sempre um novo conceito de Universo...”. Sorri-me e eu sorrio aliviado, não estou nada interessado em entrar já em desacordo com o Mário, bem basta o que terei de dizer mais tarde.


E o que é que isso tem a ver com a origem da Vida?”, a Luísa é a primeira a retomar o rumo à conversa prometida...


Espera aí, já lá vou, impaciente e fogosa criatura!”, o sorriso de Mário alargando de orelha a orelha, os braços levantados em direcção à Luísa, esta introdução é porque eu não vos quero enganar, não venho para aqui dizer aquilo que a Ciência tem de dizer para o público em geral, até porque aqui o Jorge não mo permitiria...”, um sorriso largo na minha direcção, pergunto-me porque estará ele tão cordato comigo hoje, “... não vou dizer que a vida começou numa atmosfera de metano onde descargas eléctricas geraram por acaso os compostos da vida e evoluiu por erros de cópia e selecção natural. Essa é a conversa para o público porque a verdade é complexa demais. E qual é a verdade do conhecimento científico sobre este assunto?”


Ah, finalmente!”.

sexta-feira, novembro 23, 2007

Basta!

Eu, o Alf tenho a comunicar que estou um bocado farto de ser porta-voz do Jorge, do Tulito e respectivas pandilhas. Também tenho as minhas ideias, o que é que pensam? Mas o certo é que vejo o meu blogue ocupado pelas deles; para poder falar sobre as minhas ideias tenho andado a comentar nos blogues dos outros mas hoje acordei farto desta situação.

Basta!

De agora em diante também irei colocar aqui o que penso! Não sou nenhum idiota, também sei pensar, também tenho ideias engraçadas e profundas!

No princípio ainda dei um arzinho da minha graça, em posts com a etiqueta “sociedade”; mas depois aqueles ocuparam-me o blogue quase por completo. Isto não pode continuar! Eu sou o Administrador deste blogue e não um moço de recados dumas forças que ninguém sabe o que são. De agora em diante, também vou postar aqui, neste blogue! Esta é a minha casa, caramba!

(a que propósito me deu para escrever isto hoje? e será mesmo iniciativa minha ou dos "outros"? Apre, está a ficar difícil distinguir entre eles e eu...)

terça-feira, novembro 20, 2007

Arcas de Noé



No passado, as grutas do Monte Carmelo foram o abrigo dos que se viriam a considerar “escolhidos” por terem sobrevivido ao Evento.
No futuro, os que já se escolheram terão melhor abrigo.

Para quem esqueceu o que já foi escrito

domingo, novembro 18, 2007

A Vida é Mistério ou Milagre?



A reacção da Luísa à minha promessa de que iríamos finalmente falar da origem da Vida surpreendeu-me: levantou-se subitamente, com aquela ligeireza própria das mulheres nascidas nos primeiros dias de Abril, e saiu porta-fora. “Luísa, onde vais tu, ofendi-te?”. Luísa ri-se sem se voltar. Regressa passados uns instantes, ostentando orgulhosamente um livro na mão direita: “Vim preparada para esta discussão, trouxe a minha Bíblia!” esclarece. Pousa o livro na mesa. O Universo Inteligente, de Fred Hoyle. “Boa escolha”, digo, rindo-me. “Nada como ler as ideias das pessoas que realmente pensam, mesmo que discordemos delas”. “Discordar? Eu não discordo de nada do que ele diz”, afirma Luísa convicta.
Ai ai” geme o Mário, “não bastavam o Jorge e as suas ideias, agora também tu...”. E ri-se. E continua, divertido: “Então explica-nos lá como começou a Vida!”.

Onde começou? No Universo ora essa!

Eu disse «Como começou», não disse «Onde começou»!

Eu percebi-te muito bem, só que a tua pergunta «Como começou» pressupõe que começou na Terra. E na Terra é que ela não começou! Na tua cabeça a Terra ainda é o centro biológico do Universo, tal como antes de Copérnico a Terra era o centro físico do Universo”.

Luísa deixa cair o silêncio. Mário fica pensativo, obviamente não gostou mas obviamente não quer iniciar uma discussão com a Luísa. Se fosse comigo... A Ana e eu esperamos pela reacção do Mário, somos agora meros espectadores. Mário hesita, abre a boca para falar, suspende, finalmente diz:”Despeja aí a tua ideia toda que eu falo depois”.

Então lá vai. Fred Hoyle baseia-se em duas coisas para pôr em causa as ideias darwinistas elementares. Uma é que a evolução das espécies não pode resultar de erros ocasionais na cópia dos genes. A taxa de erros de cópia é demasiadamente baixa. O objectivo do processo de cópia é evitar os erros, seria um paradoxo que o sucesso da Vida dependesse de uma deficiência do processo. Ele dá um exemplo. Luísa folheia o livro. “Aqui está!” Luísa lê para dentro, percebo que prepara um resumo. Mais uns segundos e ela começa:

Suponhamos que temos uma pequena secção do DNA de apenas 10 ligações e que existe uma outra sequência destas 10 ligações que gera uma nova proteína funcionante. Quantas gerações de cópia serão necessárias até que estas 10 ligações surjam pela ordem correcta? A resposta é: numa população de 100 milhões de seres seria necessário um milhão de gerações para que um dos seus membros surgisse com o rearranjo apropriado! E se o número de ligações for 20, seria necessário mil milhões de gerações!”

Então o Fred Hoyle acha que não há evolução? pergunta a Ana, com ar admirado.

Não é bem isso! O que se passa é que o mecanismo de evolução tem de ser outro!”, Luísa satisfeita com a atenção que conseguiu.
Outro? Qual?”, a Ana ía de espanto em espanto.

Nós temos a ideia de que o código genético é específico de cada espécie, até de cada ser vivo, mas não é nada disso. Repara no seguinte: nós temos células muito diferentes, por exemplo a célula do cristalino do olho é muito diferente dum neurónio, ou duma célula hepática, ou óssea, etc; no entanto, todas estas células dispõem do mesmo código genético, o que as faz diferentes é que numas se executam umas instruções desse código, noutras, outras instruções”. “Sim, isso eu sei”, interrompeu Ana,

Pois sabes, mas o que não saberás é que, tal como as células de um organismo partilham a mesma base genética, também as diferentes espécies partilham um vasto património genético, do qual só executam uma pequena parte. Os seres humanos só utilizam 5% do DNA de que dispõem! Por exemplo, nos humanos há pseudogenes, que são esses genes que aparentemente não usamos, idênticos aos que nas borboletas produzem a coloração das asas! Nas plantas há pseudogenes que produzem sangue nos animais!”

Ena, que confusão! Como é isso possível?”

As bactérias transferem constantemente material genético entre elas e até para células eucariotas, ou seja, para células que têm núcleo, como as nossas, pois as bactérias pertencem a um grupo mais primitivo, sem núcleo. Em consequência, todas as bactérias existentes no mundo têm acesso a um fundo genético comum”.

Então são as bactérias que difundem os genes?

Não só.”

Não?? Agora é que me deixaste baralhada! Não foi o que acabaste de dizer??”

Há outro agente talvez ainda mais importante do que as bactérias

Ainda mais?”, a Ana não pára de se espantar, a biologia não é certamente o seu forte. Mas eu também estou a ficar espantado com a maneira como a Luísa está a conseguir expor as ideias do Fred Hoyle.

Os Vírus!” exclama a Luísa. “ Os vírus são basicamente pedaços de código genético que usam a maquinaria celular para se reproduzirem. Podem destruir a célula onde se multiplicam mas podem também não o fazer e podem ainda simplesmente acrescentar os seus genes ao da célula que o alberga, seja uma bactéria ou uma célula como as nossas. Se o fizerem em células sexuais, os descendentes do ser infectado terão os seus genes aumentados. Além disso, muitos vírus e bactérias têm uma outra característica importante: são extremamente resistentes a condições ambientais diversas. O Fred Hoyle refere vários exemplos e cita o caso de bactérias que foram encontradas numa câmara de televisão que foi posta na Lua em 1967 pela nave não tripulada Surveyor III e recuperada 2 anos e meio depois pelos astronautas da Apolo XII.”

Então Fred Hoyle acha que são as bactérias e os vírus os responsáveis pela evolução?” pergunta a Ana.

Espera aí, não te precipites, falta-me dizer duas coisas. Uma tem a ver com a origem da Vida. O Fred Hoyle faz contas à probabilidade de se obter por acaso a sequência correcta das 2000 enzimas indispensáveis à vida. As enzimas são comuns a todas as formas vivas e sem elas as reacções químicas da célula seriam tão lentas que a vida seria impossível. Reparem, ele nem se preocupou com as 200 000 proteínas, bastou-lhe calcular a probabilidade de obter as 2000 enzimas para chegar um número fantasticamente pequeno, 10 elevado a -40000, ou seja, uma vírgula seguida de quarenta mil zeros, cerca de 40 páginas de zeros!

Ele dá um exemplo: suponham que num ferro velho podem encontrar-se todas as peças de um Boeing 747 completamente desmontado e que um furacão passa pelo ferro-velho; qual a probabilidade de, após a passagem do furacão, aparecer o Boeing pronto a voar? É deste tipo de probabilidade que estamos a falar.

E qual é a outra coisa?”, percebo impaciência na voz do Mário.

A outra coisa importante é que muitos dos meteoritos contêm compostos orgânicos elementares, alguns deles exibindo estruturas regulares do tipo das apresentadas por alguns vírus...

“...Estou a ver... então para ele a vida veio de fora da Terra, trazido por vírus e bactérias a bordo de meteoritos... acho que já ouvi falar disso!”, interrompe a Ana, um sorriso de alívio por estar finalmente a entender onde a Luísa queria chegar.

Exactamente, para ele não há qualquer possibilidade de quer a geração quer a evolução da Vida ser produzida por fenómenos de acaso na Terra; logo, tem de vir de fora da Terra, e as bactérias e o vírus exibem as características próprias de um agente dessa função”.

E qual é a diferença entre considerar isso e considerar que foi Deus?”, interroga a Ana, recuperando o seu estilo provocador. Fico curioso de ouvir a resposta da Luísa.

Não tem nada a ver! O conceito de Deus não adianta nada à compreensão do Universo, não nos ajuda a compreender o fenómeno da Vida. Mas não podemos esperar encontrar num passo só a explicação, temos de ir percorrendo um caminho, dando muitos passinhos. O passinho do Fred Hoyle é este, o de que a vida e a sua evolução vêm através de bactérias e vírus vindos do espaço. Notem que eu fiz apenas o resumo essencial das ideias dele, ele detalha estas coisas que eu disse e vai mais longe, e coloca hipóteses interessantes, como a da inversão da seta do tempo...”

“...Ehh, não avances mais antes de eu falar!”, interrompe o Mário, “Acho que é altura de eu dizer umas coisas sobre esse assunto, nomeadamente como é que a Ciência ataca o problema da origem e evolução da Vida. Tu saberás muito das ideias do Fred Hoyle, mas talvez te falte o enquadramento da metodologia científica.”. Oláaa..., esta conversa está a ficar interessante... dá-me jeito que eles descasquem ideias sobre a Vida antes de eu avançar com as minhas. Aproveito para encorajar o Mário:

Isso Mário, explica-nos lá o que a Ciência tem a dizer sobre o assunto!”

terça-feira, novembro 13, 2007

A Vida é uma Legolândia

Modelo simples de uma proteína (enzima Hexoquinase). No canto, modelos de glucose e ATP. Fonte Wiki. A trabalhêra que deve ter dado aos cientistas descobrir isto...

Os elementos mais abundantes do Universo são o Hidrogénio (H), o Hélio, o Oxigénio (O), o Néon, o Azoto (N) e o Carbono (C), que perfazem 99,99% de todos os átomos. Destes, o Hélio e o Néon são extremamente estáveis e não reactivos, digamos, demasiadamente individualistas para aceitarem fazer parte das coisas vivas. Mas então concluímos que os 4 elementos reactivos mais abundantes do Universo, H, N, O e C, são também os mais abundantes na matéria viva, perfazendo 99% desta. Os restantes 32 elementos que a Vida utiliza existem apenas em quantidades vestigiais.

São quatro os elementos mais importantes e são também quatro os “tijolos” da Vida, isto é, os compostos básicos com os quais todas as estruturas mais ou menos complexas da célula, de todas as células, se constroem. Esses compostos são os aminoácidos, as bases, os açúcares e os lípidos.

Os aminoácidos têm 10 a 26 átomos e são em número de 20. Ligam-se em longas cadeias formando os péptidos. Estas cadeias podem ser pequenas, como as enzimas, ou longas, mais de 100 aminoácidos, a que se chama proteínas. A insulina é uma cadeia de 55 aminoácidos.

As pequenas “bases” são 5; com quatro delas se escreve o código genético. Estas bases associam-se a moléculas de açúcar e a um ião fosfato para construir o DNA, a famosa estrutura em hélice que contem os genes. E uma destas associações base-açucar-trifosfato é também a famosa ATP, a molécula da energia celular.

Os açúcares simples, como a glicose e a frutose, podem ligar-se em moléculas ligeiramente maiores, como a sacarose, e podem originar grandes moléculas, como um dos principais componentes do amido. Os açúcares simples e as macromoléculas que originam designam-se por hidratos de carbono.

Os lípidos associam-se para formar as membranas das células, desempenhando ainda outros papéis, como armazenamento de energia – são as chamadas “gorduras”.

Descrito assim, poderão pensar que uma célula é uma espécie de sopa química não muito complicada, como qualquer sopa. Nada mais errado! Vamos olhar rapidamente para as proteínas:

As cadeias de aminoácidos, em consequência dos campos eléctricos da sua estrutura, dobram-se sobre si mesmas, construindo complexas estruturas espaciais com formas definidas, embora não necessariamente estáticas, para cada proteína. As proteínas são peças mecânicas, ou electromecânicas, são os pilares, as vigas, as rodas dentadas, os pistões da complexa maquinaria celular. Podemos classifica-las a partir das suas diferentes funções como:
- enzimas, que catalisam as reacções químicas da vida;
- proteínas estruturais, que formam as armações que mantêm as células juntas num organismo, formam “andaimes” intracelulares, formam grande parte do tecido conjuntivo dos ossos, ligamentos, tendões;
- proteínas contrácteis, que nos permitem ter “músculos”;
- proteínas que “ligam” e “desligam” os genes, que permitem que as células se especializem (uma célula torna-se “muscular” ou “hepática” consoante os genes que escolhe activar);
- proteínas mensageiras, como as hormonas;
-proteínas de defesa, como os anticorpos e o interferão; e
-proteínas de transporte, como a hemoglobina.

Para terminar, uma rápida descrição do espantoso processo de construção de uma proteína. O DNA de um gene é copiado, formando um filamento a que se chama RNA. O RNA sai para fora do núcleo e liga-se a uma formidável maquinaria chamada Ribossoma. O Ribossoma contem cerca de 90 proteínas e percorre o RNA de uma ponta a outra. Enquanto o faz, a cada sequência de 3 bases do RNA, liga o aminoácido codificado nessa sequência à proteína em construção. Ou seja, o Ribossoma lê o RNA como se duma fita perfurada se tratasse e constrói a proteína, tac-tac-tac, associando os aminoácidos conforme codificado na “fita perfurada”. Uma verdadeira fábrica em funcionamento! Mas apenas uma das várias que existem numa célula!

Vemos pois que uma célula é uma espécie de cidade de Lego: com um número reduzido de elementos básicos, uma grande variedade de estruturas são construídas (com os 20 aminoácidos apenas, se constroem as 200000 proteínas diferentes usadas nas nossas células; algumas destas, por sua vez, são usadas para construir verdadeiras fábricas que funcionam dentro da célula!)

sexta-feira, novembro 09, 2007

Jorge é um peão

Jorge é um peão de forças que desconhece. As suas acções, as suas “entrada em cena” têm de ser sincronizadas com as coisas que têm de acontecer, para que tudo aconteça no tempo certo. Ele não sabe o que irá acontecer. Mas sabe que tem de esperar pelo momento de dar o passo seguinte. Jorge espera. E nós temos de esperar também.

quarta-feira, novembro 07, 2007

A Dúvida é boa companheira

Passou terça-feira na RTP2, mais uma vez, um documentário “científico” analisando as diferenças entre homens e mulheres.

Para além do erro básico de tentar explicar estas diferenças com a experiência de vida dos humanos primitivos, esquecendo que elas têm uma origem muito mais remota – a cadeia de instintos que nos condiciona começou a ser construída com os primeiros seres vivos – esse documentário sistematicamente concluía de acordo com as presunções ancestralmente estabelecidas acerca do assunto.

Um exemplo. Questão: capacidade dos cérebros masculino e feminino para interpretar os sinais dos estados afectivos. Metodologia: a um pequeno grupo de homens e mulheres eram mostradas imagens de caras expressando intensos estados emocionais enquanto um TAC ao cérebro media a actividade cerebral. Resultado: os cérebros masculinos mostravam uma actividade muito superior à dos femininos. Conclusão: as mulheres são muito mais eficientes que os homens na interpretação dos sinais faciais, carecendo de muito menos processamento para a fazer.

Parece evidente a conclusão, não é verdade? Incontestável? Pois isso é apenas o resultado de ela estar de acordo com a presunção que temos sobre o assunto. Vamos já ver como podemos concluir exactamente o oposto.

Um estado afectivo não se resume a ser de “tristeza” (por exemplo). Qual é a intensidade dessa tristeza? É tristeza ou frustração? É devida a uma perda, por exemplo, de um ente querido, ou a um arrependimento? É gerada por acontecimentos relacionados com a pessoa ou resulta da observação de um acontecimento exterior, sem relação com a pessoa? É um estado habitual dessa pessoa ou não? Qual a atitude da pessoa em relação a esse estado afectivo, procura reagir ou não? E como é a personalidade da pessoa? Como são os seus sentimentos? Etc, etc, etc, posso escrever dúzias de linhas com perguntas destas. Uma cara é um livro inteiro sobre a pessoa.

Se o cérebro feminino despachou tão complexa questão com um mínimo de processamento, isso quererá dizer que não analisou nada disso. Limitou-se a identificar a emoção básica aparente. Do livro, leu apenas o título!!!

Portanto, a conclusão será a de que o cérebro masculino é muito mais competente na leitura dos sinais faciais do que o feminino. O que até nem espanta pois sabemos como o instinto maternal tem uma importância crítica nos processos cerebrais femininos – para a fêmea, a interpretação rápida dos sinais básicos das crias é prioritário. Nas crias não há complexos estados de alma a perceber. Os machos, ao contrário, para desenvolverem os seus jogos de poder e de sedução, precisam de uma compreensão muto mais profunda do outro.

Vêm como as presunções nos conduzem facilmente a conclusões erradas? Estão agora convencidos de que a conclusão certa é a que eu apresentei?

Desenganem-se pois! O estabelecimento de duas interpretações diferentes dos factos é apenas o primeiro passo no caminho do conhecimento. Deus é subtil...

As pessoas do teste apenas viram imagens estáticas, fotografias. Pensar que isto é um bom modelo da realidade é mais uma presunção que precisa de ser testada. E se, em vez dos sinais estáticos duma fotografia, se usasse os sinais dinâmicos dum filme, muito mais ricos em informação? E se o cérebro feminino estiver preparado para interpretar os sinais dinâmicos e não os estáticos? Os resultados podem agora ser ao contrário!! Até podem ser iguais nos dois sexos, conduzindo a uma nova conclusão.

Isto concluiria o nosso estudo? Claro que não! Quem disse que um filme é um bom modelo da realidade? Há que pôr as pessoas em presença. Outros mecanismos podem então entrar em acção. Por exemplo, os Inconscientes das pessoas talvez tenham processos de comunicação que desconhecemos. Processos que permitam a uma pessoa saber muito mais acerca de outra do que a lenta interpretação dos sinais faciais.

Transmissão de pensamento? perguntarão, admirados! A Ciência já provou que isso não existe!! Pois provou – provou que as pessoas não parecem ser capazes de transmitir imagens ao nível do Consciente. Isso dava muito jeito aos espiões. Seria útil... Mas não investigou se o Inconsciente é ou não capaz de comunicar independentemente da vontade e do Consciente. Será, não será?

Se for, então talvez uma outra conclusão surja – a de que os cérebros femininos são mais capazes de obterem informação relativamente ao outro através de comunicação inconsciente, por isso não dependem tanto do processamento da informação visual. O cérebro masculino, ao contrário, tem de depender mais desta. Assim como um cego tem de depender do processamento auditivo porque lhe falta a vista.

Mas porque o inconsciente masculino haveria de ter esta capacidade menos desenvolvida que o feminino? Será que é mesmo assim? Ou será que nada disto tem a ver com capacidades mas com objectivos de momento, determinados pelo enquadramento social? Será que este enquadramento moldou os cérebros irreversivelmente na infância ou não? Ou é genético? Será que é alterável no espaço de duas gerações ou não?

Vêm onde nos conduziu termos começado a duvidar? Perdemos uma certeza muito cómoda mas provavelmente errada. Somos agora um mar de dúvidas. Mas entramos no caminho do conhecimento. Só por termos pensado um pouco sobre o assunto, temos uma compreensão muito maior. A Dúvida é boa companheira...

Olhando para o começo do texto perceberão agora como é simplória a conclusão que o tal documentário apresentou. E como é fácil sermos induzidos em erro através de processos simplórios que vão de encontro às nossas crenças, medos, instintos... e como é possível moldar os comportamentos sociais usando a “pseudo-ciência” como dantes se usava a religião... e como o Universo é desafiante, interessante, subtil...